de “Despertador”, de Leo Cavalcanti
Tem um momento (que de todos é diverso)
Em que você se une ao todo, ao universo
O tempo então congela (feito lá no pólo)
Seu ego some, seu eu ergue-se do solo
E sai voando entre as estrelas na amplidão
Você se torna uma delas na explosão
Dentro de si você vê uma grande luz
Rompem-se todas as amarras e tabus
Você mergulha e chega à raiz da vida
Bebe na fonte do seu jorro sem medida
Enquanto escuta a doce música distante
Que toca fundo, ao fundo, infinda, nesse instante
A eternidade então num lapso encapsula
E a divisão entre você e o outro é nula
Esse estado não é nenhum sonho impossível
Algo irreal ou ideal, ou desse nível
Nem tá vedado à multidão de abandonados
E reservado só a alguns iluminados
Mas ao alcance de nós todos, qualquer um
De qualquer homem ou qualquer mulher comum
Você não chega lá por uma fé num deus
Cê chega lá porque então cê é um deus
Já cega por um raio de um clarão tremendo
A carne do seu ser põe-se a vibrar, tremendo
Esse é o momento, enfim, de sol e nebulosa
Em que você, meu caro, minha cara, …
– Go-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-za!… –
… goza