The Tragedy of Angelica

The Tragedy of Angelica

The Tragedy of Angelica

The tragedy of Angelica – Act One

Here is my canticle
Unsystematical
Which is so typical
When one is not physical
My epic poetry
Rhymed with absurdity
Done with rapidity
And with insanity

I loved Angelica
She was so colorless
Had no salubrity
Only timidity
She was malignant
And her rapacity
Made my esophagus
Laugh very heavily

In a cold evening
In the big theater
We heard the notable
Virtuoso pianist
Outside was Zephyrus
Spoiling the spectacle
Therefore Angelica
Became asthmatical

The tragedy of Angelica – Act Two

I took Angelica
To a good hospital
And found a specialist
With prices moderate
Upon examining
It was so terrible
She had the cholera
And also syphilis

I ran immedi´tely
To buy some medicine
And also strychnine
To help her agony
A stupid pharmacist
Was irresponsible
Confused the formula
Made it illegible

He wasn´t scrupulous
He was ridiculous
Changing the elements
In all recipients
I hurried back speedily
Thirteen kilometers
Riding my bicycle
Faster than lightening

The tragedy of Angelica – Act Three

In a hot afternoon
As she was shivering
I gave Angelica
That drug or medicine
Such an experiment
Brought her no merriment
She drank two chalices
And got paralysis

What a fatality
What a calamity
It was an overdose
To her esophagus
The thing I gave to ´er
Would bring a grave to ´er
She cri-ed terribly
And di-ed instantly

Her dad got serious
Found it mysterious
A man so curious
Became so furious
Got many manias
A miscellanea
Of neurasthenia
And schizophrenia

The tragedy of Angelica – Fourth and Last Act

So died Angelica
And in her tumulus
She was lugubrious
And quite inanimate
After the autopsy
The doctors diagnosed
That my Angelica´s
Ill was inveterate

But in her memory
Made a sarcophagus
Black like the ebony
Near the asparagus
In the green botany
She lives in harmony
In the monotony
Of immortality

And as an epitaph
Poetic dolorous
I wrote an epigraph
Pathetic amorous:
“Here lies Angelica
Who lived in palaces
A girl so glamorous
Died in paralysis”

*

O Drama de Angélica

O Drama de Angélica – Primeiro Ato

Ouve meu cântico
Quase sem ritmo
Que a voz de um tísico
Magro esquelético
Poesia épica
Em forma esdrúxula
Feita sem métrica
Com rima rápida

Amei Angélica
Mulher anêmica
De cores pálidas
E gestos tímidos
Era maligna
E tinha ímpetos
De fazer cócegas
No meu esôfago

Em noite frígida
Fomos ao lírico
Ouvir o músico
Pianista célebre
Soprava o zéfiro
Ventinho úmido
Então Angélica
Ficou asmática

O Drama de Angélica – Segundo Ato

Fomos ao médico
De muita clínica
Com muita prática
E preço módico
Depois do inquérito
Descobre o clínico
O mal atávico
Mal sifilítico

Mandou-me o célere
Comprar noz vômica
E ácido cítrico
Para o seu fígado
O farmacêutico
Mocinho estúpido
Errou na fórmula
Fez despropósito

Não tendo escrúpulo
Deu-me sem rótulo
Ácido fênico
E ácido prússico
Corri mui lépido
Mais de um quilômetro
Num bonde elétrico
De força múltipla

O Drama de Angélica – Terceiro Ato

O dia cálido
Deixou-me tépido
Achei Angélica
Já toda trêmula
A terapêutica
Dose alopática
Lhe dei em xícara
De ferro ágate

Tomou num fôlego
Triste e bucólica
Esta estrambólica
Droga fatídica
Caiu no esôfago
Deixou-a lívida
Dando-lhe cólica
E morte trágica

O pai de Angélica
Chefe do tráfego
Homem carnívoro
Ficou perplexo
Por ser estrábico
Usava óculos
Um vidro côncavo
Outro convexo

O Drama de Angélica – Quarto e Último Ato

Morreu Angélica
De um modo lúgubre
Moléstia crônica
Levou-a ao túmulo
Foi feita a autópsia
Todos os médicos
Foram unânimes
No diagnóstico

Fiz-lhe um sarcófago
Assaz artístico
Todo de mármore
Da cor do ébano
E sobre o túmulo
Uma estatística
Coisa metódica
Como “Os Lusíadas”

E numa lápide
Paralelepípedo
Pus esse dístico
Terno e simbólico:
“Cá jaz Angélica,
Moça hiperbólica,
Beleza helênica,
Morreu de cólica!”

Música e letra de Alvarenga e M.G. Barreto
1943