Tudo o que há no mundo, o universo, Té o que tá no fundo, no inverso – Toda a amplitude do oco do céu Cheio de objetos num véu – Tudo, contudo, contido no vão Do espaço do coração.
Mundo, que vasto mundo de tão grande Mundo, que afunda, afasta-se e expande, Como um balão de galáxias, aliás, Inflando, inflando de gás, Tanto e no entanto cabendo enfim Na alma que há em mim.
Como então, de repente, Coração, alma, mente São tão-só ocupados por um ser, Que toma todo o infinito Que no meu eu eu reflito E que não é ninguém mais que você… Você que faz, oh pequena, A minha vida tão plena, O meu amor e o meu mundo crescer?!
Céu azul, azul, azul;
Cor-de-rosa pôr-do-sol;
Véu da aurora boreal;
Mar de estrelas lá no céu;
Luz de fogos na amplidão;
Lua-prata qual CD;
Preto eclipse do esplendor;
Arco-íris multicor :
Tudo, tudo isso não
Chega perto de você,
De seus olhos, seu olhar,
Suas pernas, seu andar,
Sua cara, coração,
Sua boca e um não-sei-quê,
De sua pele, sua cor –
Do seu corpo, meu amor…
Verdes pampas lá do Sul;
Costa Branca igual lençol;
Na vazante, o Pantanal;
Barcelona, Parque Guell;
Monte Fuji no Japão;
Garopaba em SC;
Amazônia, selva em flor;
Mar azul de Salvador :
Tudo, tudo isso não
Chega perto de você,
Nem da graça nem da cor
Do seu corpo, meu amor…
Preto dá duro no Mississippi,
Duro pro branco poder brincar,
Puxando barco, não descansando,
Até o Juízo Final chegar.
Baixe o olhar,
Não diga não,
Não deixe puto
O seu patrão.
Curve o corpo,
É seu dever,
E puxe a corda
Até morrer.
Quero deixá longe o Mississippi,
Quero deixá meu sinhô pra lá,
E vê o rio que é velho e sábio,
Rio Jordão que inda vô cruzar.
Sábio rio,
O rio sábio,
Que sabe tudo
Mas fica mudo,
Só vai rolando,
Vai só rolando, ao léu.
Num planta nada,
Nem algodão,
Quem planta não é
Lembrado, não.
O sábio rio
Vai só rolando, ao léu.
Nós aqui
No suador,
Corpo já morto
De esforço e dor –
Puxe o barco!
Pegue o peso!
Beba um pouco mais
E você vai preso…
Já tô cheio,
Sofrer me frustra,
Viver me cansa,
Morrer me assusta;
Mas, sábio, o rio
Vai só rolando, ao léu.
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Colored folks work on de Mississippi, Colored folks work while de white folks play, Pullin´ dem boats from de dawn to sunset, Gittin´ no rest till de Judgement Day.
Don’ look up An´ don´ look down – You don´ dast make De white boss frown. Bend your knees An´ bow your head, An´ pull dat rope Until yo´ dead.
Let me go ´way from de Mississippi, Let me go ´way from de white man boss; Show me dat stream called de river Jordan, Dat´s de ol´ stream dat I long to cross.
Ol´ Man River, Dat Ol´ Man River, He mus´ know sumpin´ But don´ say nuthin´, He jes´ keeps rollin´, He keeps on rollin´ along.
He don´ plant taters, He don´ plant cotton, An´ dem dat plants´em Is soon forgotten, But Ol´ Man River, He jes´ keeps rollin´ along.
You an´ me, We sweat an´ strain, Body all achin´ An´ racked wid pain – Tote dat barge! Lif´ dat bale! Git a little drunk, An´ you land in jail…
Ah gits weary An´ sick of tryin´; Ah´m tired of livin´ An´ skeered of dyin’, But Ol´Man River, He jes´ keeps rollin´ along.
Música de Jerome Kern e letra de Oscar Hammerstein II, 1927
de “Não Vou Pro Céu Mas Já Não Vivo no Chão”, de João Bosco
Ela incendiou meus dias mornos e normais,
Muito embora às vezes meio tonta…
Mas qualquer mulher não faz as coisas que ela fez;
Mais prazer não dá do que me dava toda vez.
Negra, linda, leve, nova, vejam vocês,
Com nitidez:
Eis minha ex.
Diante do eclipse desse amor,
Ante seu anti-resplendor,
A noite vem reacender
Memórias do calor e do clarão
De cada instante de explosão
Irradiante de prazer.
Me tirando o sono e roubando a minha paz,
O desassossego toma conta.
Portanto o que me importa é pôr um ponto
Enfim nas contas desse amor,
Em cada contra, em cada pró,
E me dispor pro próximo e estar pronto
E ir ao encontro do que for:
O que já era já é pó.
Quero agora uma nova ela,
Pro meu dia irradiar
E meu coração sorrir;
Uma nova ela, nova estrela,
Pr’eu seguir e me guiar,
Me guiar e me seguir.
de “Não Vou Pro Céu Mas Já Não Vivo no Chão”, de João Bosco
Céu azul, azul, azul;
Cor-de-rosa pôr-do-sol;
Véu da aurora boreal;
Mar de estrelas lá no céu;
Luz de fogos na amplidão;
Lua-prata qual CD;
Preto eclipse do esplendor;
Arco-íris multicor:
Tudo, tudo isso não
Chega perto de você,
De seus olhos, seu olhar,
Suas pernas, seu andar,
Sua cara, coração,
Sua boca e um não-sei-quê,
De sua pele, sua cor –
Do seu corpo, meu amor…
Verdes pampas lá do Sul;
Costa Branca igual lençol;
Na vazante, o Pantanal;
Barcelona, Parque Guell;
Monte Fuji no Japão;
Garopaba em SC;
Amazônia, selva em flor;
Mar azul de Salvador:
Tudo, tudo isso não
Chega perto de você,
Nem da graça nem da cor
Do seu corpo, meu amor…