Do álbum “Miscelânea” de 2018
Dói… Dói…
Ela não deu retorno ao meu torpedo,
Nem ao email meio emocional.
Eu penso em meu destino e sinto medo,
Sozinho em minha cama de casal.
Ai, ai, o nó que dá meu peito mói.
Que mágoa má, que fim de noite mau.
Dói… dói…
Eu vi casais de namorados lá no parque,
Sarrando e sorrindo, aos beijos e amassos.
Ouvi gemidos de amantes a trepar, que
Cruzaram as paredes e os espaços.
No breu do quarto a solidão agora rói
Meu coração partido em dois pedaços.
Dói… dói…
O que eu projeto é algo que ela almeja.
Eu quero achar minh´alma gêmea, e ela, idem.
Eu a desejo mais do que ela me deseja.
Como é que às vezes os desejos não coincidem…
Sem colo nem calor, calado como um boi,
Tesão e rejeição em mim colidem.
Dói… dói…
Eu sempre estou com ela no meu pensamento.
Ao mesmo tempo nunca estive tão sozinho.
Mais do que nunca hoje aqui nesse momento
Carece de carícia o meu coraçãozinho.
Não tendo a quem me dê e a quem me doe,
Não há verão porque só eu é que andorinho.
Dói… dói…
Mulher, vem ver-me, vai, não me magoe,
Ou sai da minha mente já ruim;
E a solidão, qual verme que corrói,
Que morra ou dê enfim um fim em mim;
Me mate de repente como a um motoboy,
Não lenta e longamente assim, que assim
Dói… dói…