Tiro minha cartola, reverente
Pro galhardo bahiano assaz valente
Babo pelos batutas, pelo dom
De dongaroto e do menino bom
Gamo pela magnífica divina
E notável pequena linda flor
Devoto de Gonzaga e do divino
Eu rendo graças ao nosso sinhô
Bebo na fonte de cascata e cascatinha
De ribeiro e riachão
Num ban-kéti no matão
Colho do fruto benedito de oliveiras
De pereira, de moreiras
De carvalho e jamelão
Devoro jararaca e ratinho
Bebo araca e mordo a carmen
De peixoto e de martins
Degluto batatinha e gordurinha
Como muita clementina
E chupo muito amorim
Tomo cachaça e fumo charutinho
Baixa em mim um caboclinho
Danço ao jack-som do pandeiro
Além do bandolim, do cavaquinho
De viola e vassourinha
E por fim de um seresteiro
Então qual um joão-de-barro, um ás
De um bando de tangarás
Ou que nem um rouxinol
Canto que nem sabiá:
Lalá, lalá, lalá, lalá, lalá!
A aurora humbertei-cheira a noel-rosa
Orl-ando por um la-marçal barroso
Por vales e por lagos encantados
Por mários nunca dantas navegados
Num vale d’ouro (dourival) caí-mmi
Lau-rindo ao wil-som e ao luar tão cândido
De lobos e de lupes a ulular
Seu cântico mansueto pelo ar
In-ciro-me de orestes em diante
Na linhagem de beleza
De poder e realeza
De generais, sargentos, almirantes
De custódios, comandantes
De reis, rainhas, príncipes, princesas
E vamos nelson todos nesse bando
De namorados da lua
Tomando banho de lua
A estrela dalva lá no ab-ismael
Do blecaute da amplidão
Nos en-candeia no chão
Entre os anjos do inferno e os diabos do céu
Vivo e morro dos prazeres
E dolores da paixão
Re-cito Lamartine pra de-déo
Enfim sou um Catulo da canção!