Como negar esse mal,
Essa mácula,
Essa marca trágica,
A bruta chaga
Tão real,
Tão áspera,
Da brutal diáspora.
Sendo já um mal implícito,
Alguns alegam que não há.
Porém negar o ilícito
Ao negro é negar
O seu direito de viver
E de ser
Livre, sem temor,
Sem ser
Preso pela sua cor
Um terror!
Como apagar esse borrão
Dessa página
Duma tal abolição
Sem uma paga?
Já outra lágrima
Cai por mais um negro irmão.
Eis aí mais uma vítima
Da desumanização.
Por isso tão legítima
É a reparação
E seu direito de viver
E de ser
Livre, sem temor,
Sem ser
Morto pela sua cor.
Um terror!
Para negar esse mal,
Essa mácula,
Essa marca estrutural
Que tudo estraga,
Só sendo um crápula,
Um sinhô ou um boçal,
Uma praga.
Já um chamado à prática
Convida o branco a se alinhar
Na luta democrática
E ao negro se aliar
Por seu direito de viver
E de ser
Livre, sem temor,
Sem ser
Suspeito pela sua cor.
Como apagar esse mal,
Essa mácula!