Arquivo da categoria: Tetê Espíndola

Amor e Guavira


de “Pássaros na Garganta”, de Tetê Espíndola

1982_Tete_Espinola_Passaros_na_garganta_1024

No cerrado onde o mato é grosso e a coisa é fina
Entre um cacho e um trago um moço abraça uma menina
O namoro é debaixo de uma árvore da flora
Onde ambos lambuzamos nossa cara de amora

Nesse ambiente exuberante e fruto do amor
A guavira água vira em nossa boca, ai que sabor
Língua a língua se fala a linguagem de quem beija-flor
Flor da pele que me impele assim
Ao mais louco amor
Que se faz naturalmente enfim
Seja onde for

Melro (Blackbird)

Melro no escuro a cantarolar

Abra essas asas pra voar

Todo o tempo

Você aguardava esse momento pra subir

Melro no escuro a cantarolar

Abra esses olhos pra enxergar

Todo o tempo

Você aguardava esse momento pra se abrir

Melro… Voe!

Melro… Voe!

Dentro da luz no azul da noite

*

Brackbird

(John Lennon e Paul Mccartney)

Blackbird singing in the dead of night

Take these broken wings and learn to fly

All your life

You were only waiting for this moment to arise

Blackbird singing in the dead of night

Take these sunken eyes and learn to see

All your life

You were only waiting for this moment to be free

Blackbird, fly

Blackbird, fly

Into the light of the dark black night

Blackbird, fly

Blackbird, fly

Into the light of the dark black night

Blackbird singing in the dead of night

Take these broken wings and learn to fly

All your life

You were only waiting for this moment to arise

You were only waiting for this moment to arise

You were only waiting for this moment to arise

(Composta em 1968)

Pássaro Sobre O Cerrado

Pássaro sobre o cerrado

Sua vida suave sabe o canto

E o corte sem saber

Do veneno que pode com o vento

Minar seu alimento

Ser que voa pelo ar com sol

Acima de qualquer mal

Lembrando apenas

Viver vale a pena

Um pássaro encerrado eu sinto

Alça voo consigo

Pássaro sobre o cerrado

Sua desaparição não tem nada a ver

A não ser como agora

Para o sul na lonjura azul

Alça voo consigo

Pássaro sobre o cerrado

Sua desaparição não tem nada a ver

A não ser como agora

Para o sul na lonjura azul

Caucaia

Caucaia do Alto tomara

Sua cara reserva

Não caia por terra

E os aviões aportem

Noutro cais de asfalto

Caucaia do alto tomara

Sua cara reserva

Não caia por terra

E os aviões aportem

Noutro cais de asfalto

Cipós, pica-paus e serrapilheira

Represa, floresta, beleza nativa

É preciso ver que isso tudo

A duras penas dança, gira e gera vida

Apenas pura

Caucaia do alto tomara

Sua rara mancha derradeira

Na região não caia na mão

Das empreiteiras

Cipós, pica-paus e serrapilheira

Represa, floresta, beleza nativa

Pode parecer brincadeira

Mas isso tudo é tão bom

Como também é o avião

Na Catarata

Eu sou um bicho pequeno aqui na rocha

Eu tenho a terra e não penso em doma-la

A roça grande é um mundo de raiz

Gerando sangue, muito verde por aqui

Tudo de bom

Tá parado no musgo

Tá mexendo nas folhas

Volando com las maripossas ai, ai!

E no som da catarata

Laraiá laraiá laiá, laraiá laiá, laraiá laiá

Eu sou um bicho grudado aqui na rocha

De carrapicho de monte nas botas

Eu tenho o braço estendido para mata

Olhando as coisas sem saber de nada

Tudo de bom tá parado no musgo

Tá mexendo nas folhas

Volando com las mariposas ai, ai!

E no som da catarata

laraiá laraiá laiá, laraiá laiá, laraiá laiá