Você pra mim foi o sol De uma noite sem fim Que acendeu o que sou, Pra renascer tudo em mim. Agora eu sei muito bem Que eu nasci só pra ser O seu parceiro, seu bem, (*) E só morrer de prazer.
Caso do acaso bem marcado em cartas de tarô, Meu amor, esse amor de cartas claras sobre a mesa É assim. Signo do destino, que surpresa ele nos preparou; Meu amor, nosso amor estava escrito nas estrelas, Tava, sim.
Você me deu atenção E tomou conta de mim. Por isso, minha intenção É prosseguir sempre assim. Pois sem você, meu tesão, Não sei o que eu vou ser; Agora preste atenção: Quero casar com você.
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Variante: (*) Sua parceira, seu bem,
Gravação lançada em 1996 no álbum “Canção Do Amor”, Tetê Espindola
No mar, no rio, na lagoa, a água clara;
No céu mais limpo, o pôr mais lindo, a imagem rara;
E um ar tão puro que ninguém imaginara.
Por um período breve apenas, anormal,
Na quarentena humana inédita, afinal,
Medrou na cena urbana a vida natural.
E enquanto um índio dono de um saber profundo
Propaga ideias pra adiar o fim do mundo,
Um cara-pálida fascista em potencial,
Negativista violento do real,
Tão virulento quão pandêmico-viral,
Acelera o Relógio do Juízo Final.
Quando é que vamos aprender a diferença
Entre quem quer que a Terra-Gaia lhe pertença
E quem pertence a ela, é dela de nascença?
Somos do mal, o mal da Terra, não o sal.
Matamos a metade do reino animal,
Tamos rapando o vegetal e o mineral.
Se um povo dito primitivo e vagabundo
Trabalha e dança pra adiar o fim do mundo,
A tal da civilização ocidental,
“Desenvolvida, evoluída, racional”,
Queima e arrasa a própria casa, com quintal,
E apressa o Relógio do Juízo Final.
Quando é que vamos nos guiar por uma lógica
Mais ecológica do que mercadológica
Ou econômica, por uma bio-lógica?
Ver que não somos uma espécie central
Na biodiversidade da Terra, da qual
Nós temos sido parasitas, na real.
Enquanto um quilombola de onde é oriundo
Batuca e samba pra adiar o fim do mundo,
O ruralista duma escola colonial,
O pecuarista numa escala industrial,
Monocultura e racismo ambiental,
Adiantam o Relógio do Juízo Final.
E como para o homem vai haver escape se
A emissão de gases atingiu um ápice,
E há previsão de que a Amazônia colapse?
E tá na gênese um “Apocalypse Now”,
Em que a temperatura média mundial
Aumenta igual ou mais que um e meio grau?
Enquanto um cientista de um labor fecundo
Emite alertas pra adiar o fim do mundo,
Negacionistas do aquecimento global,
Negociantes do petróleo, do pré-sal,
Fiéis à fé neoliberal do capital,
Aceleram o Relógio do Juízo Final.
Quando é que vamos acordar em quanto é vão
Um crescimento que produz destruição?
Que não há redenção sem distribuição,
Sem queda na desigualdade social
E na pegada de carbono atual,
E sem um “bem viver” em um “novo normal”?
Enquanto uma ativista foda, que vai fundo,
Protesta e luta pra adiar o fim do mundo,
A companhia múlti, pan, transnacional,
Qual o sinistro antiministro ambiental,
Qual o grileiro, o garimpeiro ilegal,
Acelera o Relógio do Juízo Final.
Pensando nisso tudo, em hora tão dramática,
Temendo nossa sina trágica e errática,
Me assombra a sombra de uma mutação climática
E duma guerra cibernética fatal,
Dum uso mau da inteligência artificial
E dum conflito nuclear final, total.
Se tudo, entanto, pode estar por um segundo,
Eu canto cantos pra adiar o fim do mundo,
Pra me reconectar à mãe original,
Recontactar minha memória ancestral
E ter o júbilo de estar vivo afinal,
Atrasando o Relógio…
Atrasando o Relógio…
Atrasando o Relógio… do Juízo Final.
Já que depois de mais de cinco séculos
E de ene ciclos de etnogenocídio,
O índio vive, em meio a mil flagelos,
Já tendo sido morto e renascido,
Tal como o povo kadiwéu e o panará –
Demarcação já!
Demarcação já!
Já que diversos povos vêm sendo atacados,
Sem vir a ver a terra demarcada,
A começar pela primeira no Brasil
Que o branco invadiu já na chegada:
A do tupinambá –
Demarcação já!
Demarcação já!
Já que, tal qual as obras da Transamazônica,
Quando os milicos os chamavam de silvícolas,
Hoje um projeto de outras obras faraônicas,
Correndo junto da expansão agrícola,
Induz a um indicídio, vide o povo kaiowá,
Demarcação já!
Demarcação já!
Já que tem bem mais latifúndio em desmesura
Que terra indígena pelo país afora;
E já que o latifúndio é só monocultura,
Mas a T.I. é polifauna e pluriflora,
Ah!,
Demarcação já!
Demarcação já!
E um tratoriza, motosserra, transgeniza,
E o outro endeusa e diviniza a natureza:
O índio a ama por sagrada que ela é,
E o ruralista, pela grana que ela dá;
Hum… Bah!
Demarcação já!
Demarcação já!
Já que por retrospecto só o autóc-
Tone mantém compacta e muito intacta,
E não impacta, e não infecta, e se
Conecta e tem um pacto com a mata
–Sem a qual a água acabará –,
Demarcação já!
Demarcação já!
Pra que não deixem nem terras indígenas
Nem unidades de conservação
Abertas como chagas cancerígenas
Pelos efeitos da mineração
E de hidrelétricas no ventre da Amazônia, em Rondônia, no Pará…
Demarcação já!
Demarcação já!
Já que “tal qual o negro e o homossexual,
O índio é ´tudo que não presta´”, como quer
Quem quer tomar-lhe tudo que lhe resta,
Seu território, herança do ancestral,
E já que o que ele quer é o que é dele já,
Demarcação, “tá”?
Demarcação já!
Pro índio ter a aplicação do Estatuto
Que linde o seu rincão qual um reduto,
E blinde-o contra o branco mau e bruto
Que lhe roubou aquilo que era seu,
Tal como aconteceu, do pampa ao Amapá,
Demarcação lá!
Demarcação já!
Já que é assim que certos brancos agem:
Chamando-os de selvagens, se reagem,
E de não índios, se nem fingem reação
À violência e à violação
De seus direitos, de Humaitá ao Jaraguá;
Demarcação já!
Demarcação já!
Pois índio pode ter Ipad, freezer,
TV, caminhonete, “voadeira”,
Que nem por isso deixa de ser índio
Nem de querer e ter na sua aldeia
Cuia, canoa, cocar, arco, maracá.
Demarcação já!
Demarcação já!
Pra que o indígena não seja um indigente,
Um alcoólatra, um escravo ou exilado,
Ou acampado à beira duma estrada,
Ou confinado e no final um suicida,
Já velho ou jovem ou – pior – piá.
Demarcação já!
Demarcação já!
Por nós não vermos como natural
A sua morte sociocultural;
Em outros termos, por nos condoermos –
E termos como belo e absoluto
Seu contributo do tupi ao tucupi, do guarani ao guaraná.
Demarcação já!
Demarcação já!
Pois guaranis e makuxis e pataxós
Estão em nós, e somos nós, pois índio é nós;
É quem dentro de nós a gente traz, aliás,
De kaiapós e kaiowás somos xarás,
Xará.
Demarcação já!
Demarcação já!
Pra não perdermos com quem aprender
A comover-nos ao olhar e ver
As árvores, os pássaros e rios,
A chuva, a rocha, a noite, o sol, a arara
E a flor de maracujá,
Demarcação já!
Demarcação já!
Pelo respeito e pelo direito
À diferença e à diversidade
De cada etnia, cada minoria,
De cada espécie da comunidade
De seres vivos que na Terra ainda há,
Demarcação já!
Demarcação já!
Por um mundo melhor ou, pelo menos,
Algum mundo por vir; por um futuro
Melhor ou, oxalá, algum futuro;
Por eles e por nós, por todo mundo,
Que nessa barca junto todo mundo “tá”,
Demarcação já!
Demarcação já!
Já que depois que o enxame de Ibirapueras
E de Maracanãs de mata for pro chão,
Os yanomami morrerão deveras,
Mas seus xamãs seu povo vingarão,
E sobre a humanidade o céu cairá,
Demarcação já!
Demarcação já!
Já que, por isso, o plano do krenak encerra
Cantar, dançar, pra suspender o céu;
E indígena sem terra é todos sem a Terra,
É toda a civilização ao léu
Ao deus-dará.
Demarcação já!
Demarcação já!
Sem mais embromação na mesa do Palácio,
Nem mais embaço na gaveta da Justiça,
Nem mais demora nem delonga no processo,
Nem retrocesso nem pendenga no Congresso,
Nem lengalenga, nenhenhém nem blablablá!
Demarcação já!
Demarcação já!
Pra que nas terras finalmente demarcadas,
Ou autodemarcadas pelos índios,
Nem madeireiros, garimpeiros, fazendeiros,
Mandantes nem capangas nem jagunços,
Milícias nem polícias os afrontem.
Vrá!
Demarcação ontem!
Demarcação já!
E deixa o índio, deixa o índio, deixa os índios lá.
E aí, ele disse pra mim
Como vai?
E aí, eu me disse taí
Minha chance
Respondi
Tudo bem e você onde vai?
Foi daí
Que saímos dali prum romance
E de repente na nossa história
De amor e de glória
Ele vem e me agarra,
eu me amarro
ele ajoelha e reza
E então me confessa
Que tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim
E assim, o que ele me faz
Pode ser
Pode sim, pode até parecer uma cena
Mas pra mim, é uma cena real
Radical!
Tão real, que parece igual no cinema
E nesse filme de amor e ventura
Verdade e mentira
um pornô com ternura
Ele vem e se atira,
eu morro
E depois me comovo
quando me diz de novo
Que tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim
E assim, o que ele me faz
Pode ser
Pode sim, pode até parecer uma cena
Mas pra mim, é uma cena real
Radical!
Tão real, que parece igual no cinema
E de repente na nossa história
De amor e de glória
Ele vem e me agarra,
eu me amarro
ele ajoelha e reza
E então me confessa
Que tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim
Tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim
Tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim
De palavra a palavreta
Crisalita a brisoleta
De lagarta a borboletra
A crisálida
Desencasula a crisálida
Aquarela alada, crisálita
Em lazulita, crisólita
Quem deslinda uma linguagem insólita?
Criso-briso-bribo-boiboleta ao pleniléu
Asalegre bela pelepétala de papel
Libralisa a brisa lindesliza a lisabrir
Butterflyingflower deflowerer fleeting like a flee
Borboleta
Extravagante e travessa
Vagabunda transmutante qual um travesti
Você pra mim foi o sol De uma noite sem fim Que acendeu o que sou, Pra renascer tudo em mim. Agora eu sei muito bem Que eu nasci só pra ser O seu parceiro, seu bem, (*) E só morrer de prazer.
Caso do acaso bem marcado em cartas de tarô, Meu amor, esse amor de cartas claras sobre a mesa É assim. Signo do destino, que surpresa ele nos preparou; Meu amor, nosso amor estava escrito nas estrelas, Tava, sim.
Você me deu atenção E tomou conta de mim. Por isso, minha intenção É prosseguir sempre assim. Pois sem você, meu tesão, Não sei o que eu vou ser; Agora preste atenção: Quero casar com você.
E aí, ele disse pra mim
Como vai?
E aí, eu me disse taí
Minha chance
Respondi
Tudo bem e você onde vai?
Foi daí
Que saímos dali prum romance
E de repente na nossa história
De amor e de glória
Ele vem e me agarra,
eu me amarro
ele ajoelha e reza
E então me confessa
Que tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim
E assim, o que ele me faz
Pode ser
Pode sim, pode até parecer uma cena
Mas pra mim, é uma cena real
Radical!
Tão real, que parece igual no cinema
E nesse filme de amor e ventura
Verdade e mentira
um pornô com ternura
Ele vem e se atira,
eu morro
E depois me comovo
quando me diz de novo
Que tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim
E assim, o que ele me faz
Pode ser
Pode sim, pode até parecer uma cena
Mas pra mim, é uma cena real
Radical!
Tão real, que parece igual no cinema
E de repente na nossa história
De amor e de glória
Ele vem e me agarra,
eu me amarro
ele ajoelha e reza
E então me confessa
Que tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim
Tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim
Tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim
Sozinhos e juntos
Na dor e no prazer,
Nas fases difíceis
E nas fáceis de viver,
Tivemos, dia a dia,
Tristezas e alegrias,
Belezas, fantasias
E tantas outras coisas em comum.
Em busca dos sonhos
De felicidade e dois,
Por vezes estranhos
À realidade a dois,
Nós temos, mais que um dia,
Momentos de poesia
Tão claros e tão raros,
Que neles nós vivemos algo incomum.
Neles tudo mais para;
Nada mais se compara
Ao par, ao casal
Que somos nós dois,
Sem par, sem igual,
Nossos momentos não têm antes nem depois.
Sozinhos e juntos
Na dor e no prazer,
Nas fases difíceis
E nas fáceis de viver,
Tenhamos outras vezes
Momentos como esses,
Instantes transcendentes,
Instantes em que somos como dois em um.
Eu ouço folhas em farfalhos
Trinados, trilos
Onde voa a cotovia
E o pintassilgo silva sem parar
Eu ouço coros de chocalhos
Cri-cri de grilos
Onde a aranha se arranha
E o sanhaço se assanha com seu par
E eu ouço a vibração da brisa
Na flora feliz
Colibris colibrisam em flores de liz
Há música no ar, minha mente voa
Onde a serenata soa
Na madrugada gris
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(George Gershwin e Ira Gershwin)
I hear the rustle of the trees
From the nearby thicket
Where the oriole is calling
And the bobolink is falling
For his mate
I hear the sighing of the breeze
And the chirping cricket
Where the whippoorwill is wooing
And the katydid is cooing
To his Kate
And I can hear a cowbell chorus
That’s now being played
Hummingbirds humming for us
From deep in the shade
There’s music in my heart
As my thoughts go winging
Where the spring is ever singing
That meadow serenade
Na noite alta Na noite alta os ratos rondam, E no asfalto E no asfalto os carros roncam.
Bares e clubes luzem. Bares e clubes luzem. Sinais. Gangues de punks lúmpens Gangues de punks lúmpens demais. E prostitutas passam E prostitutas passam ao léu. E viaturas surgem E viaturas surgem no breu.
Quando nas casas Quando nas casas os justos dormem, Quando não matam, Quando não matam, os brutos morrem.
Os seus olhos Os seus olhos filtram letras, Luminosos, Luminosos, faroletes Luminosos, faroletes e holofotes; Nos seus olhos Nos seus olhos se reflete Todo o lume Todo o lume do negrume Todo o lume do negrume dessa noite.
Cena de bangue-bangue. Cena de bangue-bangue. Faróis. Tiras, bandidos, anti- Tiras, bandidos, anti- -heróis. Tiros e gritos: cante Tiros e gritos: cante mortal. Cena de sangue, lance Cena de sangue, lance normal.
E pelas ruas, E pelas ruas, peruas rugem; Se abrem alas Se abrem alas e as balas zunem.
De repente De repente você treme, E a sirene E a sirene passa entre E a sirene passa entre automóveis; Em suspense Em suspense você pensa: O que pode O que pode com o ódio O que pode com o ódio desses homens?
Foi uma noite apenas Mas como resistir Você entrou em cena Deu pra eu sentir Que só valia a pena Te conquistar eu quis Naquela noite plena Você me fez feliz
Doce magia nos ares Você dançava tão bem E me lançava olhares A gente ia além E nesse jogo foi Luz, sedução Fogo e gozo, foi Pura paixão
Ainda sinto sim A sua pele em mim A minha febre traz E pede mais Mais uma noite apenas Mais uma noite a sós Mais uma noite ao menos Mais uma só pra nós.
Você pra mim foi o sol
De uma noite sem fim
Que acendeu o que sou,
Pra renascer tudo em mim.
Agora eu sei muito bem
Que eu nasci só pra ser
O seu parceiro, seu bem, (*)
E só morrer de prazer.
Caso do acaso bem marcado em cartas de tarô,
Meu amor, esse amor de cartas claras sobre a mesa
É assim.
Signo do destino, que surpresa ele nos preparou;
Meu amor, nosso amor estava escrito nas estrelas,
Tava, sim.
Você me deu atenção
E tomou conta de mim.
Por isso, minha intenção
É prosseguir sempre assim.
Pois sem você, meu tesão,
Não sei o que eu vou ser;
Agora preste atenção:
Quero casar com você.
Foi a bordo da lendária barca Vostok 1,
Em 61.
Yuri Gagarin,
Do alto a vagar,
Como só um poeta viu a Terra azul ao léu,
Com sua auréola,
E sobre ela constelações de leões e de cães.
Agora,
Quando em torno ao seu corpo gravitam satélites
E estações orbitais,
E ampliam-se os limites
Da guerra e da paz,
Ela segue o eterno vôo certo que descreve
Em pleno nada,
Planeta-nave, nave das naves e das naves-mães.
Quem dera
Ver ainda a cena que um dia será comum,
Como em “2001”:
A Terra em realce
No espaço real –
E no fundo o profundo abismo negro, negro, negro,
Que dá medo;
No céu de vidro brilhos na noite dos txucarramães.
No céu da minha garganta
Eu tenho ao cantar
Pássaros que quando cantam
Não posso conter
Solto o que se levanta
Do meu ser
E vou ao sol no vôo
Enquanto sôo
Mas quando num céu tão cinza
Não vejo passar
Os pássaros que extinguem
Da terra e do ar
Passo o que existe em mim
A doer
Me dou tão só ao som
Com dó e dom
E o que sinto vai contra
Quem varre as matas e arremata a terra-mãe
E me indigna a onda
De insanos atos de insensatos que não amaina
Ânsia de que a vida seja mais cheia de vida
Pelas alamedas, pelas avenidas
Em aroma cor e som –
Árvores e ares, pássaros e parques
Para todos e por todos
Preservados em cada coração
Mas quando num grito raro
Se apossa de mim
O espírito desses pássaros
Que não tem fim
Espalho pelo espaço
O que não há
Com amor e com arte
Garganta e ar
Que imprevistos pontos de luz eram aqueles,
Que lembravam estrelas
No abismo infindo e sem fundo,
E que deslumbraram
Já no vislumbre
Meu olhar profundo?
Não, eu não estava na estrada do oeste desta vez,
Vendo o terrestre astral da cidade,
Na eletricidade em seus inúmeros lumes.
Na madrugada eu estava no Pantanal.
Sim, por que não?
Eu tava lá na beira-vazante;
Aqui nos movimentos-voôs nômades da mente.
Lá na fantasmal nitidez dos muitos
Pontos brilhantes.
No espelho d água de aguapés
Eram olhos de jacarés.