Arquivo da categoria: Felipe Cordeiro

Apaixonado Por Você

Suas mensagens no WhatsApp
E também lá no Instagram
Não tem nenhuma que me escape,
Releio todas de manhã.

Na sua mágica presença
Em fico em outra, alterado.
Mas nem por isso se convença
De que eu estou apaixonado
Por você.

Suas imagens lá no Insta
Eu olho quando tô on-line.
Meu fogo num instante insta
Que você logo o amaine.

Na sua falta tudo fica
Menos bonito e animado.
Isso, porém, não significa
Que eu estou apaixonado
Por você.

Quando nós dois nos encontramos,
Eu me demoro em nosso abraço.
Meu coração se diz “eu amo”, S-
em consciência e sem compasso.

Por dentro eu fico numa puta
Felicidade do seu lado,
Mas “nué” certeza absoluta
Que eu estou apaixonado
Por você.

Seu porte longo e meio magro
Na aula de yoga se destaca;
Você de longe eu só que flagro;
Tão concentrada, cê nem saca.

Mas quando eu vi o belo pomo
De suas coxas do meu lado,
Perdi o sono à noite, como
Se eu estivesse apaixonado
Por você.

Detesto olhar pro que cê fez,
Num de seus pés, no lado externo –
A tatuagem para um ex:
“Fulano, meu amor eterno”.

Agora um cara um tanto fraco
É que é seu novo namorado.
Mas ao seu lado ele é opaco –
E nem é tããão apaixonado
Por você.

Eu pra você sou um amigo,
Assim você tem me tratado.
Sou seu “querido”, mas não ligo
Se for querido e for amado.

Sua família é bem maneira,
Mas vou parar com esse agrado.
Agindo assim dessa maneira,
Podem me achar apaixonado
Por você.

Vieram me dizer que dizem
Que você é a minha musa,
Mas eu até fiquei feliz em
Saber que isso se deduza,

Porque não só esta canção
Eu em você fiz inspirado,
Porém não vá achando, não,
Que eu já estou apaixonado
Por você.

Você aspira o seu haxixe,
E eu é que quase enlouqueço
Com o seu rosto, meu fetiche,
Que eu tanto gosto e nunca esqueço.

Já não importa onde ou quando,
Tanto em você tenho pensado!
Mas é melhor não ir pensando
Que eu tô de fato apaixonado
Por você…

*

Hidrelétricas, Nunca Mais

Hidrelétricas, Nunca Mais

Querem encher nossa floresta de hidrelétrica.
Que coisa besta, minha mãe, que coisa tétrica!
A hidrelétrica despreza o que é poético,
E arrasa a natureza em ritmo frenético.
Degrada bichos e lugares arqueológicos,
Depreda nichos e altares ecológicos
E rios-mares de largura quilométrica.
Por isso nunca mais queremos hidrelétrica!

Quem ama mesmo a floresta amazônica,
Não quer ver nunca a natureza desarmônica.

A usina mata o amanhã; em tom patético,
Já toda a mata grita, num sinal profético.
A gente simples, ribeirinha, vai ser vítima
Da sua ação tão ilegal quanto ilegítima.
E como as putas hidrelétricas afligem-na!
E como vai viver o bravo povo indígena?
Se o peixe vai morrer com cada rio magnífico,
Para prover mineração e frigorífico.

Quem gosta mesmo da floresta amazônica
Quer energia, sim, mas não tão anacrônica.

Naturalmente há outras fontes energéticas
Que são mais limpas, mais modernas e mais éticas.
Pois a barragem traz poluição climática.
Pois é imposta, pois é antidemocrática.
E causa o mal que nada faz enfim que finde-se:
Prostituição e violência em alto índice.
Por fim envolve corrupção, envolve escândalo.
Quem a constrói destrói a flora como um vândalo.

E como o meu direito à luz pode ser válido,
Se ele degreda um povo digno que se vale do
Grande bem, do grande dom, o das florestas (e
Se elas levam minha vista humana ao êxtase)?
Então barremos a barragem tecnocrática,
Que barra a vida livre, pródiga e errática,
Que a usina alaga, cobre e apaga como um túmulo,
Que a usina é praga, a usina é chaga, a usina é o cúmulo!

Quem ama mesmo o bioma amazônico
Não quer sujar a Terra e o ar com gás carbônico.

A usina fere com um arsenal mortífero
O sapo, a fera, a cobra, o pássaro, o mamífero.
A usina afeta o lago, o lar paradisíaco
Com um projeto louco, megalomaníaco.
A água chora sem parar de dó por isso no
Xingu, Madeira e Teles Pires em uníssono!
Ó mãe senhora, nos livrai da sina tétrica
De mais tragédia, mãe, de mais uma hidrelétrica!

Quem ama mesmo o bioma amazônico
Não quer ver nunca o ambiente desarmônico.

Todas Elas Juntas Num Só Ser – Número 3

Domênica, Magnólia, Jesualda,
Magnética Adelita do Bidu;
A anônima Adelita lá do México;
Iná de Lupe; de Lalá, Juju;
Lola de Ricky Martin; Lola de Ray Davies;
De Buddy Holly, a bela Peggy Sue;
Suzie e Malena de Roberto, e aquela
De Pagodinho com o nobre Dudu;

Sebastiana de Rosil e Jackson;
De Gil, Luluza, Sandra, Rita Lee;
Elise de Ludwig van Beethoven;
De Julio Iglesias, Manoela e Nathalie;
Dona de Sá e Guarabyra; Donna
De Ritchie Vallens; Candida de Dawn;
Dindi de Tom e Anna de Lenine;
Aline de Christophe; Julia de John.

Só você,
Nenhuma dessas hoje eu canto, só você,
Só você
No meu playlist agora eu vou querer.

Silvia piranha, de Marcelo Nova;
Natasha, de Ouro Preto e Alvin Lee;
Zoraide e Marylou, de Roger Rocha;
Camila, do Nenhum de Nós – e eu nem aí…
“Beth-Morreu”, mais uma do Camisa;
Bete Balanço, do barão Cazuza;
E Beth Frígida, da Blitz de Evandro:
Nenhuma dessas hoje é minha musa.

Nem Mila de Netinho, nem Dalila
De Alan Tavares e o baiano Brown;
Mulher rendeira de Lampião e Zé do Norte;
Mulher elétrica de Mano Brown;
Pobre menina de Gileno e Lílian,
“´Nina” veneno de Vilhena e Ritchie;
De John Coltrane, nem Mary nem Naíma;
De Miles Davis, nem Fran nem Nefertiti.

Só você
É minha musa única, você,
Só você,
Você e mais nenhuma pode ser.

Nem a mulata, musa de Ataulfo;
Nem a caboca, musa de Barroso;
Nem a crioula, musa de Benjor;
Nem a branquinha, musa de Veloso;
Nem a dourada, musa de Nelsinho;
Nem a lourinha, musa de Braguinha;
Nem a morena, musa de Lalá;
E outra morena, mas de Gonzaguinha;

E nem a galopeira de Ocampo
E nem a violeteira de Montiel
E nem a lavadeira de Monsueto
E nem a estudante de Gardel
E nem a secretária de Amado
E nem a jardineira de Humberto
E nem a pomba-rola de Orestes
E nem a amapola de Roberto

Só você,
Que nem você há uma só: você,
Só você,
E sem você não tem mais nada a ver.

E eu digo adeus a Carol, de Sedaka,
E à Carolina Carol Bela, bem do Jorge Ben,
E à Carolina, bela do Seu Jorge,
E à de Buarque, eu digo adeus também;
Adeus à deusa Yara, mamãe d´água,
De Walter Franco, e adeus, adiós, adieu
À deusa do amor, do Olodum,
E à deusa do ébano, do Ilê Aiê;

Do cabaré, à dama de Noel,
E, do cassino, à dama de Caetano;
De Alcir Vermelho, à dama das camélias,
E à de vermelho, de Waldik Soriano;
À Maria Bethânia, de Capiba,
À Maria Bonita, de Augustín;
À Maria La Ô, a de Lecuona,
E à Maria Ninguém, de Carlos Lyra; assim…

Só você,
Dama e deusa aqui é só você;
Só você,
E com você eu quero e vou viver.

De Fábio, Estela; Stella de Caymmi,
Stella de Victor Young; de Victor Jara, Amanda;
Fada de Victor Chaves; de Vitor Martins,
Vitoriosa; Rosa e Rita de Hollanda;
Mariana do Sergião; Mariane do Marrone;
Suzanne e Marriane de Leonard Cohen;
Suzana de Bob Nelson; Suzy Q do Créédence:
Todas me põem louco, e como põem…

A “tarja preta” dos Cordeiros com Arnaldo;
Preta pretinha, de Galvão com o Moraes;
Nega neguinha, só de Bororó;
Neguinha, de Davi Moraes, e mais:
Nega maluca, de Fernando Lobo;
Doida demais, de Lindomar Castilho;
Totalmente demais, de Paes, Tavinho;
Todas eu verso mas só uma eu estribilho:

Só você,
No meu refrão rebrilha só você;
Pra você,
Minha canção de amor MPB.

Você pra mim é mais que as vagabundas,
Que as minas e que as mães dos Racionais;
É mais do que as mulheres de Martinho
Da Vila e de Toninho das Geraes;
É mais até do que pro Rappin´ Hood
São as rainhas e as mulheres pretas;
Do que o menino-Deus e o do Rio
E o leãozinho pro leão Caetas.

Você é para mim e o meu amor
Brilhante e duradouro qual diamante,
Mais que a romântica senhora tentação
Pra Silas de Oliveira, minha amante;
Mais que a Bonita para Tom Jobim
E a bonitona para Geraldo Pereira;
Mais que a moça bonita pra Pedro Luís
E que as moças do samba de Roque Ferreira.

Só você
É mais que todas outras, só você,
Só você
É mais que todas elas num só ser.