Quando meus olhos adentro Em teus olhos, em seu centro, Por um momento profundo, O que eu desejo é que dentro Em pouco eu fique por dentro Do que desejas, no fundo.
No fundo qualquer que seja O desejo que lateja E que tu velas, intato, Revele-se de repente Não em palavras somente, Mas em toque, em tato, em ato.
No ato seria lindo Ver a flor, entreabrindo, De teus lábios e teus lábios Por bem se dando, cedendo, Se concedendo, fazendo A delícia de quem sabe-os.
Quem sabe o afago que acende o Teu fogo cause um incêndio, E eu me queime na luz Da chama da flor do sul, Sá, Do teu desejo que pulsa, Quando entro em teus olhos nus.
Quando em teus olhos adentro Os meus olhos, em seu centro, Como dentro de uma saia Indo por baixo, por entre, Tudo que eu quero é que eu entre Em ti e nunca mais saia.
Não canto mais Bebete nem Domingas Nem Xica nem Tereza, de Ben Jor; Nem Drão nem Flora, do baiano Gil; Nem Ana nem Luiza, do maior; Já não homenageio Januária, Joana, Ana, Bárbara, de Chico; Nem Yoko, a nipônica de Lennon; Nem a cabocla, de Tinoco e de Tonico;
Nem a tigresa, nem a vera gata, Nem a branquinha, de Caetano; Nem mesmo a linda flor de Luiz Gonzaga, Rosinha, do sertão pernambucano; Nem Risoflora, a flor de Chico Science – Nenhuma continua nos meus planos. Nem Kátia Flávia, de Fausto Fawcett; Nem Anna Júlia, dos Los Hermanos.
Só você, Hoje eu canto só você; Só você, Que eu quero porque quero por querer.
Não canto de Melô pérola negra; De Brown e Herbert, uma brasileira; De Ari, nem a baiana nem Maria, Nem a Iaiá também, nem a faceira; De Dorival, nem Dora nem Marina Nem a morena de Itapoã; De Vina, a garota de Ipanema; Nem Iracema, de Adoniran.
De Jackson do Pandeiro, nem Cremilda; De Michael Jackson, nem a Billie Jean; De Jimi Hendrix, nem a doce Angel; Nem Ângela nem Lígia, de Jobim; Nem Lia, Lily Braun nem Beatriz, Das doze deusas de Edu e Chico; Até das trinta Leilas de Donato E da Layla de Clapton eu abdico.
Só você, Canto e toco só você; Só você, Que nem você ninguém mais pode haver.
Nem a namoradinha de um amigo E nem a amada amante de Roberto; E nem Michelle-ma-belle, do beatle Paul; Nem Isabel – Bebel – de João Gilberto; E nem B.B., la femme de Serge Gainsbourg; Nem, de Totó, na malafemmena; Nem a Iaiá de Zeca Pagodinho; Nem a mulata mulatinha de Lalá;
E nem a carioca de Vinicius E nem a tropicana de Alceu E nem a escurinha de Geraldo E nem a pastorinha de Noel E nem a namorada de Carlinhos E nem a superstar do Tremendão E nem a malaguenha de Lecuona E nem a popozuda do Tigrão
Só você, Hoje elejo e elogio só você, Só você, Que nem você não há nem quem nem quê.
De Haroldo Lobo com Wilson Batista, De Mário Lago e Ataulfo Alves, Não canto nem Emília nem Amélia: Nenhuma tem meus vivas! e meus salves! E nem Angie do stone Mick Jagger E nem Roxanne, de Sting, do Police; E nem a mina do mamona Dinho E nem as mina – pá! – do mano Xis!
Loira de Hervê e loira do É O Tchan, Lôra de Gabriel, o Pensador; Laura de Mercer, Laura de Braguinha (L´aura de Daniel, o trovador?); Ana do Rei e Ana de Djavan, Ana do outro rei, o do baião: Nenhuma delas hoje cantarei: Só outra reina no meu coração.
Só você, Rainha aqui é só você, Só você, A musa dentre as musas de A a Z.
Se um dia me surgisse uma moça Dessas que, com seus dotes e seus dons, Inspiram parte dos compositores Na arte das palavras e dos sons, Tal como Madelleine, de Jacques Brel, Ou como Madalena, de Martinho, Ou Mabellene e a sixteen de Chuck Berry, Ou a manequim do tímido Paulinho;
Ou como, de Caymmi, a moça pRosa E a musa inspiradora Doralice; Se me surgisse uma moça dessas, Confesso que eu talvez não resistisse; Mas, veja bem, meu bem, minha querida: Isso seria só por uma vez, Uma vez só em toda a minha vida! Ou talvez duas… mas não mais que três…
Só você… Mais que tudo é só você; Só você… As coisas mais queridas você é:
Você pra mim é o sol da minha noite; É como a rosa, luz de Pixinguinha; É como a estrela pura aparecida, A estrela a refulgir, do Poetinha; Você, ó flor, é como a nuvem calma No céu da alma de Luiz Vieira; Você é como a luz do sol da vida De Stevie Wonder, ó minha parceira.
Você é para mim e o meu amor, Crescendo como mato em campos vastos, Mais que a gatinha para Erasmo Carlos; Mais que a cigana pra Ronaldo Bastos; Mais que a divina dama pra Cartola; Que a domna pra De Ventadorn, Bernart; Que a honey baby para Waly Salomão E a funny valentine pra Lorenz Hart.
Só você, Mais que tudo e todas, só você; Só você, Que é todas elas juntas num só ser.
(Faixa de um medley com as canções “Me Leva Pra Casa” e “Saudade”)
Você pra mim foi o sol De uma noite sem fim Que acendeu o que sou, Pra renascer tudo em mim. Agora eu sei muito bem Que eu nasci só pra ser O seu parceiro, seu bem, (*) E só morrer de prazer.
Caso do acaso bem marcado em cartas de tarô, Meu amor, esse amor de cartas claras sobre a mesa É assim. Signo do destino, que surpresa ele nos preparou; Meu amor, nosso amor estava escrito nas estrelas, Tava, sim.
Você me deu atenção E tomou conta de mim. Por isso, minha intenção É prosseguir sempre assim. Pois sem você, meu tesão, Não sei o que eu vou ser; Agora preste atenção: Quero casar com você.
Você pra mim foi o sol De uma noite sem fim Que acendeu o que sou, Pra renascer tudo em mim. Agora eu sei muito bem Que eu nasci só pra ser O seu parceiro, seu bem, (*) E só morrer de prazer.
Caso do acaso bem marcado em cartas de tarô, Meu amor, esse amor de cartas claras sobre a mesa É assim. Signo do destino, que surpresa ele nos preparou; Meu amor, nosso amor estava escrito nas estrelas, Tava, sim.
Você me deu atenção E tomou conta de mim. Por isso, minha intenção É prosseguir sempre assim. Pois sem você, meu tesão, Não sei o que eu vou ser; Agora preste atenção: Quero casar com você.
_____________________
Variante: (*) Sua parceira, seu bem,
Gravação lançada em 1996 no álbum “Canção Do Amor”, Tetê Espindola
“Sou a favor da ditadura”, disse ele,
“Do pau de arara e da tortura”, concluiu.
“Mas o regime, mais do que ter torturado,
Tinha que ter matado trinta mil”.
E em contradita ao que afirmou, na caradura
Disse: “Não houve ditadura no país”.
E no real o incrível, o inacreditável
Entrou que nem um pesadelo, infeliz,
Ao som raivoso de uma voz inconfiável
Que diz e mente e se desmente e se desdiz.
Disse que num quilombo “os afrodescendentes
Pesavam sete arrobas” – e daí pra mais:
Que “não serviam nem pra procriar”,
Como se fôssemos, nós negros, animais.
E ainda insiste que não é racista
E que racismo não existe no país.
Como é possível, como é aceitável
Que tal se diga e fique impune quem o diz?
Tamanha injúria não inocentável,
Quem a julgou, que júri, que juiz?
Disse que agora “o índio está evoluindo,
Cada vez mais é um ser humano igual a nós.
Mas isolado é como um bicho no zoológico”,
E decretou e declarou de viva voz:
“Nem um centímetro a mais de terra indígena!,
Que nela jaz muita riqueza pro país”.
Se pronuncia assim o impronunciável
Tal qual o nome que tal “hino” nunca diz,
Do inumano ser, o ser inominável,
Do qual emanam mil pronunciamentos vis.
Disse que se tivesse um filho homossexual,
Preferiria que o progênito “morresse”.
Pruma mulher disse que não a estupraria,
Porque “você é feia, não merece”.
E ainda disse que a mulher, “porque engravida”,
“Deve ganhar menos que o homem” no país.
Por tal conduta e atitude deplorável,
Sempre o comparam com alguns quadrúpedes.
Uma maldade, uma injustiça inaceitável!
Tais animais são mais afáveis e gentis.
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
Chamou o tema ambiental de “importante
Só pra vegano que só come vegetal”;
Chamou de “mentirosos” dados científicos
Do aumento do desmatamento florestal.
Disse que “a Amazônia segue intocada,
Praticamente preservada no país”.
E assim negou e renegou o inegável,
As evidências que a Ciência vê e diz,
Da derrubada e da queimada comprovável
Pelas imagens de satélites.
E proclamou : “Policial tem que matar,
Tem que matar, senão não é policial.
Matar com dez ou trinta tiros o bandido,
Pois criminoso é um ser humano anormal.
Matar uns quinze ou vinte e ser condecorado,
Não processado” e condenado no país.
Por essa fala inflexível, inflamável,
Que só a morte, a violência e o mal bendiz,
Por tal discurso de ódio, odiável,
O que resolve são canhões, revólveres.
“A minha especialidade é matar,
Sou capitão do exército”, assim grunhiu.
E induziu o brasileiro a se armar,
Que “todo mundo, pô, tem que comprar fuzil”,
Pois “povo armado não será escravizado”,
Numa cruzada pela morte no país
E num desprezo pela vida inolvidável,
Que nem quando lotavam UTIs
E o número de mortos era inumerável,
Disse “E daí? Não sou coveiro”. “E daí?”
“Os livros são hoje ‘um montão de amontoado’
De muita coisa escrita”, veio a declarar.
Tentou dizer “conclamo” e disse “eu canclomo”;
Não sabe conjugar o verbo “concl…amar”.
Clamou que “no Brasil tem professor demais”,
Tal qual um imbecil pra imbecis.
Vigora agora o que não é ignorável:
Os ignorantes ora imperam no país
(O que era antes, ó pensantes, impensável)…
Quem é essa gente que não sabe o que diz?
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
Chamou de “herói” um coronel torturador
E um capitão miliciano e assassino.
Chamou de “escória” bolivianos, haitianos…
De “paraíba” e “pau de arara” o nordestino.
E diz que “ser patrão aqui é uma desgraça”,
E diz que “fome ninguém passa no país”.
Tal qual num filme de terror, inenarrável,
Em que a verdade não importa nem se diz,
Desenrolou-se, incontível, incontável,
Um rol idiota de chacotas e pitis.
Disse que mera “fantasia” era o vírus
E “histeria” a reação à pandemia;
Que brasileiro “pula e nada no esgoto,
Não pega nada”, então também não pegaria
O que chamou de “gripezinha” e receitou (sim!),
Sim, cloroquina, e não vacina, pro país.
E assim sem ter que pôr à prova o improvável,
Um ditador tampouco põe pingo nos is,
E nem responde, falador irresponsável,
Por todo ato ou toda fala pros Brasis.
E repetiu o mote “Deus, pátria e família”
Do integralismo e da Itália do fascismo,
Colando ao lema uma suspeita “liberdade”…
Tal qual tinha parodiado do nazismo
O slogan “Alemanha acima de tudo”,
Pondo ao invés “Brasil” no nome do país.
E qual num sonho horroroso, detestável,
A gente viu sem crer o que não quer nem quis:
Comemorarem o que não é memorável,
Como sinistras, tristes efemérides…
Já declarou: “Quem queira vir para o Brasil
Pra fazer sexo com mulher, fique à vontade.
Nós não podemos promover turismo gay,
Temos famílias”, disse com moralidade.
E já gritou um dia: “Toda minoria
Tem de curvar-se à maioria!” no país.
E assim o incrível, o inacreditável,
Se torna natural, quanto mais se rediz,
E a intolerância, essa sim intolerável,
Nessa figura dá chiliques mis.
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
Por vezes saem, caem, soam como fezes
Da sua boca cada som, cada sentença…
É um nonsense, é um caô, umas fake-news,
É um libelo leviano ou uma ofensa.
Porque mal pensa no que diz, porque mal pensa,
“Não falo mais com a imprensa”, um dia diz.
Mas de fanáticos a horda lamentável,
Que louva a volta à ditadura no país,
A turba cega-surda surta, insuportável,
E grita “mito!”, “eu autorizo!”, e pede “bis!”
E disse “merda, bosta, porra, putaria,
Filho da puta, puta que pariu, caguei!”
E a cada internação tratando do intestino
E a cada termo grosso e um “Talquei?”,
O cheiro podre da sua retórica
Escatológica se espalha no país.
“Sou imorrível, incomível e imbrochável”,
Já se gabou em sua tão caracterís-
Tica linguagem baixo nível, reprovável,
Esse boçal ignaro, rei de mimimis.
Mas nada disse de Moise Kabagambe,
O jovem congolês que foi aqui linchado.
Do caso Evaldo Rosa, preto, musicista,
Com a família no automóvel baleado,
Disse que a tropa “não matou ninguém”, somente
“Foi um incidente” oitenta tiros de fuzis…
“O exército é do povo e não foi responsável”,
Falou o homem da gravata de fuzis,
Que é bem provável ser-lhe a vida descartável,
Sendo de negro ou de imigrante no país.
Bradou que “o presidente já não cumprirá
Mais decisão” do magistrado do Supremo,
Ao qual se dirigiu xingando: “Seu canalha!”
Mas acuado recuou do tom extremo,
E em nota disse: “Nunca tive intenção
(Não!) De agredir quaisquer Poderes” do país.
Falhou o golpe mas safou-se o impeachável,
Machão cagão de atos pusilânimes,
O que talvez se ache algum herói da Marvel
Mas que tá mais pra algum bandido de gibis.
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
E sugeriu pra poluição ambiental:
“É só fazer cocô, dia sim, dia não”.
E pra quem sugeriu feijão e não fuzil:
“Querem comida? Então, dá tiro de feijão”.
É sem preparo, sem noção, sem compostura.
Sua postura com o posto não condiz.
No entanto “chega! […] vai agora [inominável]”,
Cravou o maior poeta vivo, no país,
E ecoou o coro “fora, [inominável]!”
E o panelaço das janelas nas metrópoles!
E numa live de golpista prometeu:
“Sem voto impresso não haverá eleição!”
E praguejou pra jornalistas: “Cala a boca!
Vocês são uma raça em extinção!”
E no seu tosco português ele não pára:
Dispara sempre um disparate o que maldiz.
Hoje um mal-dito dito dele é deletável
Pelo Insta, Face, YouTube e Twitter no país.
Mas para nós, mais do que um post, é enquadrável
O impostor que com o posto não condiz.
Disse que não aceitará o resultado
Se derrotado na eleição da nossa história,
E: “Eu tenho três alternativas pro futuro:
Ou estar preso, ou ser morto ou a vitória”,
Porque “somente Deus me tira da cadeira
De presidente” (Oh Deus proteja esse país!”).
Tivéssemos um parlamento confiável,
Sem x comparsas seus cupinchas, cúmplices,
E seu impeachment seria inescapável,
Com n inquéritos, pedidos, CPIs.
………………………………………………………………
Não há cortina de fumaça indevassÁvel
Que encubra o crime desses tempos inci-vis
E tampe o sol que vem com o dia inadiÁvel
E brilha agora qual farol na noite gris.
É a esperança que renasce onde HÁ véu,
De um horizonte menos cinza e mais feliz.
É a passagem muito além do instagramÁvel
Do pesadelo à utopia por um triz,
No instante crucial de liberdade instÁvel
Pros democráticos de fato, equânimes,
Com a missão difícil mas realizável
De erguer das cinzas como fênix o país.
E quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
*
*
*
Tradução literal legendada:
“I’m all in favor of dictatorship”, he said,
“Of pau-de-arara and torture”, he concluded.
“But the regime, besides having tortured
Should have killed some thirty thousand.”
And contradicting what he shamelessly had said
He went: “There was no dictatorship in the country.”
In our reality, the incredible and unbelievable
Stepped in like a miserable nightmare
To the angry sound of a mistrustful voice
That tells lies and then unsays and retreats.
He said that, in a settlement, “Afro-descendants
Weighed 200 pounds” — and then said more:
That “they’re not even fit to procreate”,
As if we, black people, were animals.
And he insists that he’s not a racist
And that there’s no racism in the country.
How is it possible, how is it acceptable
That things like these are said with such impunity?
Such injury, so unforgivable
Was tried by what judge, what jury?
He said that now “native Indians are evolving,
Becoming human like the rest of us.
But isolated they’re like beasts in a zoo,”
And decreed and declared in full voice:
“Not another inch of indigenous land!,
Since too many riches lie in there.”
Thus the unpronounceable pronounces himself
The one whose name this “hymn” never spells
The inhuman being, the unnamable
From whence a thousand vile statements are spewed.
He said that, if he had a homosexual son
He’d rather see that offspring “dead.”
To a woman, he said he wouldn’t rape her
Because “you’re ugly, don’t deserve it.”
And also said that women, “since they get pregnant,”
In this country “should earn less than men.”
For such deplorable behavior and attitude
He’s often compared to some quadrupeds
Such unfair and unacceptable injustice!
Those beasts are far more friendly and affable.
But who will say that it’s no longer imaginable
To raise this country from its ruins once again?
He said the environment “only matters
To vegans, who eat nothing but vegetables;”
He called “deceitful” the scientific data
That warns about deforestation rates.
He said “the Amazon remains untouched,
Practically preserved in the country.”
And thus refuted and denied the undeniable
The evidences that all science ratifies
Of loggings and burnings verifiable
By satellite imagery.
And he proclaimed: “”A cop has to kill,
Has to kill, otherwise he’s not a cop.
Kill the bad guys with ten or thirty shots,
Since criminals are abnormal beings.
Kill fifteen or twenty and then get decorated,
Not sued” and prosecuted in the courts.
This inflexible, inflammable discourse
That death, violence and evil praise
This hateful discourse of hate
Sees solution only in canons and shotguns.
“My specialty is killing
I’m an army captain”, he grunted.
And induced Brazilians to get armed.
“Damn, everyone should buy a rifle”,
For “an armed people won’t be enslaved”,
In a crusade of death across the land.
And, in an unforgettable disregard for the casualties,
That kept piling up in ICUs,
With death tolls becoming countless
He said “So what? I’m not a gravedigger.”
“Books are today ‘a heaping pile’
Of many written things”, he came to declare.
Tried to say “conclamo” and said “canclomo”;
Can’t conjugate the verb “conclamar.”
Claimed that “Brazil has too many teachers”,
Like an imbecile addressing imbeciles.
What thrives now we can no longer ignore
We’re ruled by ignorance and nothing more
(Which was before, o, thinkers, unthinkable)…
Who are those people who don’t know what they say?
But who will say that it’s no longer imaginable
To raise this country from its ruins once again?
He called “hero” a coronel who tortured
And a militia captain who murdered.
He called Bolivians and Haitians “scum”…
And northeastern folk “”rednecks” and “hicks”
Said that “being a boss here is a drag”
And that “no one starves in the country.”
Just like an indescribable horror flick
Where truth seems not to matter anymore
Thus unfolded, uncontained and unaccountable
A long list of mindless mockeries.
He said the virus was mere “fantasy”
That the reaction to the pandemic was “hysteria”;
That Brazilians “jump into sewers and swim,
Never catching anything”, so they wouldn’t catch
What he called “a small cold”, and prescribed (yes!)
Chloroquine and not vaccine to the country.
And thus, without proving the unprovable
A dictator never crosses the t’s
Nor stands behind, irresponsible tattler,
His acts and speeches through Brazil.
And he repeated the motto “God, country, family”
From Integralismo and fascist Italy
Adding there only a suspicious “liberty”…
Like he did when he borrowed from the Nazis
The slogan “Germany above all”,
Substituting for that country’s name “Brazil”.
And, like a horrible, deplorable dream
We saw, incredulous, what we never wished for:
Commemorations of things not memorable,
As some sinister, sad ephemeris…
He declared: “Whoever wants to come to Brazil
To have sex with women, feel free.
We can’t promote gay tourism
We have families”, he said, morally.
And one day screamed: “Every minority
Has to bow to the majority!” in the country.
And so the incredible, the unbelievable
Is naturalized as it goes around
And intolerance, which is intolerable,
In this fiend finds a fertile ground.
But who will say that it’s no longer imaginable
To raise this country from its ruins once again?
Sometimes spewed, sounding like feces
Sentences and sounds are expelled from his mouth…
Slanders, fake news, nonsense,
Levities, libels or offences.
Because he barely thinks of what he’s gonna say
“I won’t talk to the press anymore”, decides one day.
But the regrettable fanatical hordes
That praise the return of the dictatorship
The unbearable deaf-blind mob goes insane
Yells “myth!”, “I authorize it!”, asks for more!
And he said “shit, crap, scum, fuckery,
Sonofabitch, motherfucker, I don’t give a shit!”
And, at every medical intestinal intervention,
With every curse, every “is that ok?”
The stinking stench of his rhetoric
Eschatologically spreads across the land.
“I never die, never get fucked, never go limp,”
He’s bragged in his characteristic,
Reproachable low-level lingo,
That ignorant dunce, the king of whines.
Yet he said nothing about Moise Kabagambe,
The youth from Congo that was lynched here
Or Evaldo Rosa, the black musician,
Shot dead in his car with his family,
He said the troops “didn’t kill anyone”, merely
“It was an incident”, eighty shotgun shots…
“The army belongs to the people and is not responsible”,
Said the man with the rifle-patterned tie
For him a life is very probably disposable,
If it’s a Black or immigrant that dies.
He blurted that “the president will no longer
Accept decisions” from a Supreme Court judge,
Whom he scolded and called: “Scoundrel!”
Then, cornered, changed his tone
Saying, in a note: “I never intended
(No!) To attack any Powers” in the country.
Coup averted, the impeachable slipped away
That macho chicken of pusillanimous behavior
Who may think of himself as a Marvel hero
But resembles more a villain of comic books.
But who will say that it’s no longer imaginable
To raise this country from its ruins once again?
For the environmental pollution, he suggested:
“One should just crap every other day.”
And to those who demanded beans, not guns:
“You guys want food? Then, fire beans.”
He’s unprepared, unaware, has no composure
Lacks the posture that his position demands.
However, “enough! […] leave now [unnamable]”,
Wrote, in the country, the greatest living poet,
And a choir of “get out [unnamable]!” echoed
To the sound of pots being banged in big cities!
In a threatening live feed, he promised:
“Without printed votes there won’t be any elections!”
And pounced on journalists: “Shut up!
You’re a race near extinction!”
In his crude Portuguese, he keeps on going:
Always spewing absurdities and imprecations.
All that’s misspoken is now easily deletable
On Instagram, Facebook, YouTube, Twitter
But for us those are no posts, they’re evidence
That the impostor doesn’t belong in his chair.
He said he won’t accept if he loses
This pivotal election in our history
And: “I have three future alternatives:
Be jailed, be killed or victory”,
Since “only God can remove me
From the presidential chair” (God help this country!”)
If we had a reliable parliament
Without his accomplices, his partners and pals
His impeachment would be unescapable
With many inquiries, petitions, committees.
There’s no smoke screen thick enough
To cover up the crimes of these uncivil times
And cloak the sun brought by the urgent day
Shining like a beacon in the greyest night.
It’s hope reborn where there’s a veil
Of a horizon that’s buoyant and bright
It’s the passing, way beyond Instagrammable,
From nightmare to utopia, in the nick of time,
In the crucial instant of unstable freedom
For those true, equanimous democrats
With the grueling, yet accomplishable mission
Of raising this country, like a phoenix, from the ashes.
E sugeriu pra poluição ambiental:
“É só fazer cocô, dia sim, dia não”.
E pra quem sugeriu feijão e não fuzil:
“Querem comida? Então, dá tiro de feijão”.
É sem preparo, sem noção, sem compostura.
Sua postura com o posto não condiz.
No entanto “chega! […] vai agora [inominável]”,
Cravou o maior poeta vivo, no país,
E ecoou o coro “fora, [inominável]!”
E o panelaço das janelas nas metrópoles!
E numa live de golpista prometeu:
“Sem voto impresso não haverá eleição!”
E praguejou pra jornalistas: “Cala a boca!
Vocês são uma raça em extinção!”
E no seu tosco português ele não pára:
Dispara sempre um disparate o que maldiz.
Hoje um mal-dito dito dele é deletável
Pelo Insta, Face, YouTube e Twitter no país.
Mas para nós, mais do que um post, é enquadrável
O impostor que com o posto não condiz.
Disse que não aceitará o resultado
Se derrotado na eleição da nossa história,
E: “Eu tenho três alternativas pro futuro:
Ou estar preso, ou ser morto ou a vitória”,
Porque “somente Deus me tira da cadeira
De presidente” (Oh Deus proteja esse país!”).
Tivéssemos um parlamento confiável,
Sem x comparsas seus cupinchas, cúmplices,
E seu impeachment seria inescapável,
Com n inquéritos, pedidos, CPIs.
………………………………………………………………
Não há cortina de fumaça indevassÁvel
Que encubra o crime desses tempos inci-vis
E tampe o sol que vem com o dia inadiÁvel
E brilha agora qual farol na noite gris.
É a esperança que renasce onde HÁ véu,
De um horizonte menos cinza e mais feliz.
É a passagem muito além do instagramÁvel
Do pesadelo à utopia por um triz,
No instante crucial de liberdade instÁvel
Pros democráticos de fato, equânimes,
Com a missão difícil mas realizável
De erguer das cinzas como fênix o país.
E quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
Por vezes saem, caem, soam como fezes
Da sua boca cada som, cada sentença…
É um nonsense, é um caô, umas fake-news,
É um libelo leviano ou uma ofensa.
Porque mal pensa no que diz, porque mal pensa,
“Não falo mais com a imprensa”, um dia diz.
Mas de fanáticos a horda lamentável,
Que louva a volta à ditadura no país,
A turba cega-surda surta, insuportável,
E grita “mito!”, “eu autorizo!”, e pede “bis!”
E disse “merda, bosta, porra, putaria,
Filho da puta, puta que pariu, caguei!”
E a cada internação tratando do intestino
E a cada termo grosso e um “Talquei?”,
O cheiro podre da sua retórica
Escatológica se espalha no país.
“Sou imorrível, incomível e imbrochável”,
Já se gabou em sua tão caracterís-
Tica linguagem baixo nível, reprovável,
Esse boçal ignaro, rei de mimimis.
Mas nada disse de Moise Kabagambe,
O jovem congolês que foi aqui linchado.
Do caso Evaldo Rosa, preto, musicista,
Com a família no automóvel baleado,
Disse que a tropa “não matou ninguém”, somente
“Foi um incidente” oitenta tiros de fuzis…
“O exército é do povo e não foi responsável”,
Falou o homem da gravata de fuzis,
Que é bem provável ser-lhe a vida descartável,
Sendo de negro ou de imigrante no país.
Bradou que “o presidente já não cumprirá
Mais decisão” do magistrado do Supremo,
Ao qual se dirigiu xingando: “Seu canalha!”
Mas acuado recuou do tom extremo,
E em nota disse: “Nunca tive intenção
(Não!) De agredir quaisquer Poderes” do país.
Falhou o golpe mas safou-se o impeachável,
Machão cagão de atos pusilânimes,
O que talvez se ache algum herói da Marvel
Mas que tá mais pra algum bandido de gibis.
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
Chamou de “herói” um coronel torturador
E um capitão miliciano e assassino.
Chamou de “escória” bolivianos, haitianos…
De “paraíba” e “pau de arara” o nordestino.
E diz que “ser patrão aqui é uma desgraça”,
E diz que “fome ninguém passa no país”.
Tal qual num filme de terror, inenarrável,
Em que a verdade não importa nem se diz,
Desenrolou-se, incontível, incontável,
Um rol idiota de chacotas e pitis.
Disse que mera “fantasia” era o vírus
E “histeria” a reação à pandemia;
Que brasileiro “pula e nada no esgoto,
Não pega nada”, então também não pegaria
O que chamou de “gripezinha” e receitou (sim!),
Sim, cloroquina, e não vacina, pro país.
E assim sem ter que pôr à prova o improvável,
Um ditador tampouco põe pingo nos is,
E nem responde, falador irresponsável,
Por todo ato ou toda fala pros Brasis.
E repetiu o mote “Deus, pátria e família”
Do integralismo e da Itália do fascismo,
Colando ao lema uma suspeita “liberdade”…
Tal qual tinha parodiado do nazismo
O slogan “Alemanha acima de tudo”,
Pondo ao invés “Brasil” no nome do país.
E qual num sonho horroroso, detestável,
A gente viu sem crer o que não quer nem quis:
Comemorarem o que não é memorável,
Como sinistras, tristes efemérides…
Já declarou: “Quem queira vir para o Brasil
Pra fazer sexo com mulher, fique à vontade.
Nós não podemos promover turismo gay,
Temos famílias”, disse com moralidade.
E já gritou um dia: “Toda minoria
Tem de curvar-se à maioria!” no país.
E assim o incrível, o inacreditável,
Se torna natural, quanto mais se rediz,
E a intolerância, essa sim intolerável,
Nessa figura dá chiliques mis.
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
Chamou o tema ambiental de “importante
Só pra vegano que só come vegetal”;
Chamou de “mentirosos” dados científicos
Do aumento do desmatamento florestal.
Disse que “a Amazônia segue intocada,
Praticamente preservada no país”.
E assim negou e renegou o inegável,
As evidências que a Ciência vê e diz,
Da derrubada e da queimada comprovável
Pelas imagens de satélites.
E proclamou : “Policial tem que matar,
Tem que matar, senão não é policial.
Matar com dez ou trinta tiros o bandido,
Pois criminoso é um ser humano anormal.
Matar uns quinze ou vinte e ser condecorado,
Não processado” e condenado no país.
Por essa fala inflexível, inflamável,
Que só a morte, a violência e o mal bendiz,
Por tal discurso de ódio, odiável,
O que resolve são canhões, revólveres.
“A minha especialidade é matar,
Sou capitão do exército”, assim grunhiu.
E induziu o brasileiro a se armar,
Que “todo mundo, pô, tem que comprar fuzil”,
Pois “povo armado não será escravizado”,
Numa cruzada pela morte no país
E num desprezo pela vida inolvidável,
Que nem quando lotavam UTIs
E o número de mortos era inumerável,
Disse “E daí? Não sou coveiro”. “E daí?”
“Os livros são hoje ‘um montão de amontoado’
De muita coisa escrita”, veio a declarar.
Tentou dizer “conclamo” e disse “eu canclomo”;
Não sabe conjugar o verbo “concl…amar”.
Clamou que “no Brasil tem professor demais”,
Tal qual um imbecil pra imbecis.
Vigora agora o que não é ignorável:
Os ignorantes ora imperam no país
(O que era antes, ó pensantes, impensável)…
Quem é essa gente que não sabe o que diz?
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
“Sou a favor da ditadura”, disse ele,
“Do pau de arara e da tortura”, concluiu.
“Mas o regime, mais do que ter torturado,
Tinha que ter matado trinta mil”.
E em contradita ao que afirmou, na caradura
Disse: “Não houve ditadura no país”.
E no real o incrível, o inacreditável
Entrou que nem um pesadelo, infeliz,
Ao som raivoso de uma voz inconfiável
Que diz e mente e se desmente e se desdiz.
Disse que num quilombo “os afrodescendentes
Pesavam sete arrobas” – e daí pra mais:
Que “não serviam nem pra procriar”,
Como se fôssemos, nós negros, animais.
E ainda insiste que não é racista
E que racismo não existe no país.
Como é possível, como é aceitável
Que tal se diga e fique impune quem o diz?
Tamanha injúria não inocentável,
Quem a julgou, que júri, que juiz?
Disse que agora “o índio está evoluindo,
Cada vez mais é um ser humano igual a nós.
Mas isolado é como um bicho no zoológico”,
E decretou e declarou de viva voz:
“Nem um centímetro a mais de terra indígena!,
Que nela jaz muita riqueza pro país”.
Se pronuncia assim o impronunciável
Tal qual o nome que tal “hino” nunca diz,
Do inumano ser, o ser inominável,
Do qual emanam mil pronunciamentos vis.
Disse que se tivesse um filho homossexual,
Preferiria que o progênito “morresse”.
Pruma mulher disse que não a estupraria,
Porque “você é feia, não merece”.
E ainda disse que a mulher, “porque engravida”,
“Deve ganhar menos que o homem” no país.
Por tal conduta e atitude deplorável,
Sempre o comparam com alguns quadrúpedes.
Uma maldade, uma injustiça inaceitável!
Tais animais são mais afáveis e gentis.
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
“Sou a favor da ditadura”, disse ele,
“Do pau de arara e da tortura”, concluiu.
“Mas o regime, mais do que ter torturado,
Tinha que ter matado trinta mil”.
E em contradita ao que afirmou, na caradura
Disse: “Não houve ditadura no país”.
E no real o incrível, o inacreditável
Entrou que nem um pesadelo, infeliz,
Ao som raivoso de uma voz inconfiável
Que diz e mente e se desmente e se desdiz.
Disse que num quilombo “os afrodescendentes
Pesavam sete arrobas” – e daí pra mais:
Que “não serviam nem pra procriar”,
Como se fôssemos, nós negros, animais.
E ainda insiste que não é racista
E que racismo não existe no país.
Como é possível, como é aceitável
Que tal se diga e fique impune quem o diz?
Tamanha injúria não inocentável,
Quem a julgou, que júri, que juiz?
Disse que agora “o índio está evoluindo,
Cada vez mais é um ser humano igual a nós.
Mas isolado é como um bicho no zoológico”,
E decretou e declarou de viva voz:
“Nem um centímetro a mais de terra indígena!,
Que nela jaz muita riqueza pro país”.
Se pronuncia assim o impronunciável
Tal qual o nome que tal “hino” nunca diz,
Do inumano ser, o ser inominável,
Do qual emanam mil pronunciamentos vis.
Disse que se tivesse um filho homossexual,
Preferiria que o progênito “morresse”.
Pruma mulher disse que não a estupraria,
Porque “você é feia, não merece”.
E ainda disse que a mulher, “porque engravida”,
“Deve ganhar menos que o homem” no país.
Por tal conduta e atitude deplorável,
Sempre o comparam com alguns quadrúpedes.
Uma maldade, uma injustiça inaceitável!
Tais animais são mais afáveis e gentis.
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
Chamou o tema ambiental de “importante
Só pra vegano que só come vegetal”;
Chamou de “mentirosos” dados científicos
Do aumento do desmatamento florestal.
Disse que “a Amazônia segue intocada,
Praticamente preservada no país”.
E assim negou e renegou o inegável,
As evidências que a Ciência vê e diz,
Da derrubada e da queimada comprovável
Pelas imagens de satélites.
E proclamou : “Policial tem que matar,
Tem que matar, senão não é policial.
Matar com dez ou trinta tiros o bandido,
Pois criminoso é um ser humano anormal.
Matar uns quinze ou vinte e ser condecorado,
Não processado” e condenado no país.
Por essa fala inflexível, inflamável,
Que só a morte, a violência e o mal bendiz,
Por tal discurso de ódio, odiável,
O que resolve são canhões, revólveres.
“A minha especialidade é matar,
Sou capitão do exército”, assim grunhiu.
E induziu o brasileiro a se armar,
Que “todo mundo, pô, tem que comprar fuzil”,
Pois “povo armado não será escravizado”,
Numa cruzada pela morte no país
E num desprezo pela vida inolvidável,
Que nem quando lotavam UTIs
E o número de mortos era inumerável,
Disse “E daí? Não sou coveiro”. “E daí?”
“Os livros são hoje ‘um montão de amontoado’
De muita coisa escrita”, veio a declarar.
Tentou dizer “conclamo” e disse “eu canclomo”;
Não sabe conjugar o verbo “concl…amar”.
Clamou que “no Brasil tem professor demais”,
Tal qual um imbecil pra imbecis.
Vigora agora o que não é ignorável:
Os ignorantes ora imperam no país
(O que era antes, ó pensantes, impensável)…
Quem é essa gente que não sabe o que diz?
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
Chamou de “herói” um coronel torturador
E um capitão miliciano e assassino.
Chamou de “escória” bolivianos, haitianos…
De “paraíba” e “pau de arara” o nordestino.
E diz que “ser patrão aqui é uma desgraça”,
E diz que “fome ninguém passa no país”.
Tal qual num filme de terror, inenarrável,
Em que a verdade não importa nem se diz,
Desenrolou-se, incontível, incontável,
Um rol idiota de chacotas e pitis.
Disse que mera “fantasia” era o vírus
E “histeria” a reação à pandemia;
Que brasileiro “pula e nada no esgoto,
Não pega nada”, então também não pegaria
O que chamou de “gripezinha” e receitou (sim!),
Sim, cloroquina, e não vacina, pro país.
E assim sem ter que pôr à prova o improvável,
Um ditador tampouco põe pingo nos is,
E nem responde, falador irresponsável,
Por todo ato ou toda fala pros Brasis.
E repetiu o mote “Deus, pátria e família”
Do integralismo e da Itália do fascismo,
Colando ao lema uma suspeita “liberdade”…
Tal qual tinha parodiado do nazismo
O slogan “Alemanha acima de tudo”,
Pondo ao invés “Brasil” no nome do país.
E qual num sonho horroroso, detestável,
A gente viu sem crer o que não quer nem quis:
Comemorarem o que não é memorável,
Como sinistras, tristes efemérides…
Já declarou: “Quem queira vir para o Brasil
Pra fazer sexo com mulher, fique à vontade.
Nós não podemos promover turismo gay,
Temos famílias”, disse com moralidade.
E já gritou um dia: “Toda minoria
Tem de curvar-se à maioria!” no país.
E assim o incrível, o inacreditável,
Se torna natural, quanto mais se rediz,
E a intolerância, essa sim intolerável,
Nessa figura dá chiliques mis.
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
Por vezes saem, caem, soam como fezes
Da sua boca cada som, cada sentença…
É um nonsense, é um caô, umas fake-news,
É um libelo leviano ou uma ofensa.
Porque mal pensa no que diz, porque mal pensa,
“Não falo mais com a imprensa”, um dia diz.
Mas de fanáticos a horda lamentável,
Que louva a volta à ditadura no país,
A turba cega-surda surta, insuportável,
E grita “mito!”, “eu autorizo!”, e pede “bis!”
E disse “merda, bosta, porra, putaria,
Filho da puta, puta que pariu, caguei!”
E a cada internação tratando do intestino
E a cada termo grosso e um “Talquei?”,
O cheiro podre da sua retórica
Escatológica se espalha no país.
“Sou imorrível, incomível e imbrochável”,
Já se gabou em sua tão caracterís-
Tica linguagem baixo nível, reprovável,
Esse boçal ignaro, rei de mimimis.
Mas nada disse de Moise Kabagambe,
O jovem congolês que foi aqui linchado.
Do caso Evaldo Rosa, preto, musicista,
Com a família no automóvel baleado,
Disse que a tropa “não matou ninguém”, somente
“Foi um incidente” oitenta tiros de fuzis…
“O exército é do povo e não foi responsável”,
Falou o homem da gravata de fuzis,
Que é bem provável ser-lhe a vida descartável,
Sendo de negro ou de imigrante no país.
Bradou que “o presidente já não cumprirá
Mais decisão” do magistrado do Supremo,
Ao qual se dirigiu xingando: “Seu canalha!”
Mas acuado recuou do tom extremo,
E em nota disse: “Nunca tive intenção
(Não!) De agredir quaisquer Poderes” do país.
Falhou o golpe mas safou-se o impeachável,
Machão cagão de atos pusilânimes,
O que talvez se ache algum herói da Marvel
Mas que tá mais pra algum bandido de gibis.
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
E sugeriu pra poluição ambiental:
“É só fazer cocô, dia sim, dia não”.
E pra quem sugeriu feijão e não fuzil:
“Querem comida? Então, dá tiro de feijão”.
É sem preparo, sem noção, sem compostura.
Sua postura com o posto não condiz.
No entanto “chega! […] vai agora [inominável]”,
Cravou o maior poeta vivo, no país,
E ecoou o coro “fora, [inominável]!”
E o panelaço das janelas nas metrópoles!
E numa live de golpista prometeu:
“Sem voto impresso não haverá eleição!”
E praguejou pra jornalistas: “Cala a boca!
Vocês são uma raça em extinção!”
E no seu tosco português ele não pára:
Dispara sempre um disparate o que maldiz.
Hoje um mal-dito dito dele é deletável
Pelo Insta, Face, YouTube e Twitter no país.
Mas para nós, mais do que um post, é enquadrável
O impostor que com o posto não condiz.
Disse que não aceitará o resultado
Se derrotado na eleição da nossa história,
E: “Eu tenho três alternativas pro futuro:
Ou estar preso, ou ser morto ou a vitória”,
Porque “somente Deus me tira da cadeira
De presidente” (Oh Deus proteja esse país!”).
Tivéssemos um parlamento confiável,
Sem x comparsas seus cupinchas, cúmplices,
E seu impeachment seria inescapável,
Com n inquéritos, pedidos, CPIs.
………………………………………………………………
Não há cortina de fumaça indevassÁvel
Que encubra o crime desses tempos inci-vis
E tampe o sol que vem com o dia inadiÁvel
E brilha agora qual farol na noite gris.
É a esperança que renasce onde HÁ véu,
De um horizonte menos cinza e mais feliz.
É a passagem muito além do instagramÁvel
Do pesadelo à utopia por um triz,
No instante crucial de liberdade instÁvel
Pros democráticos de fato, equânimes,
Com a missão difícil mas realizável
De erguer das cinzas como fênix o país.
E quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?
O preto, o pardo, o indígena, no final das contas,
O pobre, o excluído, foi levado em conta,
E o colorido das escolas tomou conta,
Num não à colonização e numa afronta
À escravidão e à exclusão escrotas,
Com as cotas.
E de orgulho renovou-se a nossa cota,
E de alegria que revive e não se esgota
E que resgata o sonho, a esperança morta.
E campi renovaram-se com outras
Visões e perspectivas, percepções e óticas,
Com as cotas.
As cotas abrem portas e comportas
Duma represa de potências que brotam,
E mudam mundos, mudam vidas que importam
E que já não hão de passar incógnitas,
E na nação hão de brilhar indômitas,
Com as cotas.
As cotas
Abrem portas…
Pra corrigirmos nosso rumo, nossa rota,
E interrompermos um rosário de derrotas,
E sermos hexa, sermos hepta, sermos octa,
E afirmarmos uma força apoteótica,
E escrevermos uma história de quem opta
Pelas cotas.
As cotas
Abrem portas.
O empenho do cotista dá na vista, isto se nota,
E o desempenho é igual ao que é geral em média e nota.
E é isto que revela cada estudo, cada amostra.
Nas salas, corredores e no campus, tudo mostra
As cores do país do povo de que a gente gosta;
As caras do Brasil que a gente aprova e no que aposta.
E a prova da aprovação das cotas, a resposta
De tal questão, nas universidades tá exposta:
Que racial e socialmente mesmo só se dota
De um corpo discente justo justo se se adotam
As cotas,
As cotas.
As cotas
Abrem portas.
E já que a vil desigualdade nos revolta,
E já se viu que há de vir reviravolta,
E a biodiversidade humana nos exorta,
E um plano de oportunidades mil aporta
E deixa a casa-grande e a branquitude atônitas,
Com as cotas…
E um mero rato de um meritocrata arrota
Seu ideário ideal de ideias rotas,
O deputado que é de fato e que denota
Que é democrático, que não é um hipócrita,
Um bosta, um lambe-botas, não se obsta
E não boicota e não sabota, e vota
Pelas cotas.
As cotas
Abrem portas.
O filho do pedreiro, a filhota
Da faxineira vão ter cota,
E já que nossas cotas são anticaóticas
E antirracistas, dignas de nota,
E antidistópicas porém não são exóticas,
Já que são tópicas e utópicas, são ótimas
Nossas cotas.
no dia em que o levei a declarar-se primeiro eu dei a ele um bocadinho do doce de pecã da minha boca
ah nada como um beijo longo e quente que deixa a gente quase sem ação meu deus depois daquele longo beijo por pouco eu fico sem respiração
eu vi que ele sabia ou sentia o que é uma mulher e eu tive cá pra mim que eu poderia fazer pra sempre dele o que eu quisesse
e eu lhe dei todo prazer que eu pude pra que pedisse que eu dissesse sim mas eu não quis dizer assim de cara fiquei tão-só olhando para o mar e para o céu pensando em tantas coisas
aí só com os olhos lhe pedi que me pedisse novamente sim e ele me pediu que se eu quisesse sim dissesse sim
eu enlacei os braços nele sim e o puxei pra baixo para mim pra que pudesse sentir meus seios perfumados sim seu coração batia como louco e sim eu disse sim eu quero Sim
Não havia Masp nem seu vão,
Nem Fiesp, nem arranha-céu, nem casarão,
Nem Conjunto Nacional com seu relógio à vista.
Não havia bancos,
Não havia bancas,
Nem ciclovia, nem pista da Paulista.
Antes da torre global,
Do Itaú Cultural,
Do metrô
E da metrópole,
Da parada gay
E do réveillon,
Era ele, o velho, belo e bom
Jequitibá do Trianon.
Antes da Gazeta,
Das passeatas, atos, manifestações,
Antes da corrida São Silvestre;
Antes das antenas,
Centers e cinemas,
Das profusões…
De automóveis, bicicletas e pedestres,
Já ´tava ele lá
E ainda hoje ´tá:
O jequitibá!
It is one, it is two, it is three, it is four, it is jazz
What I have, what you have, what we have, what she has, what he has
It has never gone, is never done, has never passed
It will forever live, forever give, forever last
It is cool, it is hot, it is free, it is more, it is jazz
What a joy, what a jam, what a gem, what a cream, what a class
It is a real gift, a real gig, a real gas
It is one, it is two, it is three, it is four, it is jazz