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Com Você, Sem Você

Com Você, Sem Você

Eu com você
Baião com acordeão
Samba com bamba
Futebol com gol
Bahia com alegria
Arpoador com o pôr
Com você, meu amor
Que é a rima melhor pra mim

Eu sem você
Pelé sem pé
Pássaro sem asa
Orgasmo sem órgão
Kama Sutra sem cama
Pornô sem pôr
Sem você, meu amor
Que é a parte melhor de mim

Você, meu amor
É a parte melhor de mim!

Eu com você
Passarinho com ninho
Candomblé com axé
Jesus com luz
Sexo com nexo
Amor com humor
Com você, meu amor
Que é a rima melhor pra mim

Eu sem você
Caminhão sem caminho
Floresta sem flora
Cinema sem cena
Teatro sem ato
Arco-íris sem cor
Sem você, meu amor
Que é a parte melhor de mim

Você, meu amor
É a parte melhor de mim!

Eu com você
Arquiteto com projeto
Viagem com bagagem
Abraço com amasso
Nordeste com o Agreste
Salvador com o Pelô
Com você, meu amor
Que é a rima melhor pra mim

Você, meu amor
É a rima melhor pra mim!

Doce Loucura

Doce Loucura

Não quero cuca nem cocada,
Não quero trufa nem pudim nem strudel,
Não quero bomba nem bom-bom em celofane.

Quero ficar me lambuzando
Em longos beijos, lânguidas lambidas,
Entre seus lábios, suas pernas, baby-honey.

Doçura é o seu amor, amor:
Não há bom-bom tão bom, com tal sabor.
Eis o mel melhor, o mel dos méis:
Amor da cuca até os pés.

Não quero ácido nem álcool,
Não quero êxtase nem pó nem crack,
Não quero cânhamo (maconha), só um “beize”…

Quero pirar com seu sorriso
E por seu corpo perder o juízo,
Transando sexo com você; you drive me crazy.

Loucura é o seu amor, amor:
Nenhum barato pode ser maior.
Eis o coquetel dos coquetéis:
Amor do coco até os pés.

Não quero doce,
Não quero bala,
Não quero coca nem tampouco chocolate.

Loucura, eu quero seu amor – amor:
Nenhum barato pode ser maior.
Eis o coquetel dos coquetéis:
Eu fico louco,
Você, maluca,
Da cuca-coco até os pés.

Não quero cookie nem cocada,

Caterina

Caterina

Gata Catê, catita Cá, bonita Cate,
Colírio pra visão, perfume pra narina.
Feliz de quem te toque e pela mão te cate,
Em Nova York, Sampa ou Santa Catarina.
Tudo iluminas, tudo luz, quando tu vens, com cate-
Goria, num vestido lindo de vitrina.
Meu intelecto dança se de lá pra cá te
Vendo passando, leve como dançarina.

Meu coração amante manda que eu acate
A lei do teu desejo, minha csarina,
E pede que teu corpo em flor não se recate,
Nesse meu peito que pandeira e tamborina.
Teus seios vitaminam mais do que abacate.
Teus lábios deliciam mais que nectarina.
Não há quem mais cative, quem mais desacate,
Enquanto eu me encanto, e quanto, Caterina.

The Tragedy of Angelica

The Tragedy of Angelica

The Tragedy of Angelica

The tragedy of Angelica – Act One

Here is my canticle
Unsystematical
Which is so typical
When one is not physical
My epic poetry
Rhymed with absurdity
Done with rapidity
And with insanity

I loved Angelica
She was so colorless
Had no salubrity
Only timidity
She was malignant
And her rapacity
Made my esophagus
Laugh very heavily

In a cold evening
In the big theater
We heard the notable
Virtuoso pianist
Outside was Zephyrus
Spoiling the spectacle
Therefore Angelica
Became asthmatical

The tragedy of Angelica – Act Two

I took Angelica
To a good hospital
And found a specialist
With prices moderate
Upon examining
It was so terrible
She had the cholera
And also syphilis

I ran immedi´tely
To buy some medicine
And also strychnine
To help her agony
A stupid pharmacist
Was irresponsible
Confused the formula
Made it illegible

He wasn´t scrupulous
He was ridiculous
Changing the elements
In all recipients
I hurried back speedily
Thirteen kilometers
Riding my bicycle
Faster than lightening

The tragedy of Angelica – Act Three

In a hot afternoon
As she was shivering
I gave Angelica
That drug or medicine
Such an experiment
Brought her no merriment
She drank two chalices
And got paralysis

What a fatality
What a calamity
It was an overdose
To her esophagus
The thing I gave to ´er
Would bring a grave to ´er
She cri-ed terribly
And di-ed instantly

Her dad got serious
Found it mysterious
A man so curious
Became so furious
Got many manias
A miscellanea
Of neurasthenia
And schizophrenia

The tragedy of Angelica – Fourth and Last Act

So died Angelica
And in her tumulus
She was lugubrious
And quite inanimate
After the autopsy
The doctors diagnosed
That my Angelica´s
Ill was inveterate

But in her memory
Made a sarcophagus
Black like the ebony
Near the asparagus
In the green botany
She lives in harmony
In the monotony
Of immortality

And as an epitaph
Poetic dolorous
I wrote an epigraph
Pathetic amorous:
“Here lies Angelica
Who lived in palaces
A girl so glamorous
Died in paralysis”

*

O Drama de Angélica

O Drama de Angélica – Primeiro Ato

Ouve meu cântico
Quase sem ritmo
Que a voz de um tísico
Magro esquelético
Poesia épica
Em forma esdrúxula
Feita sem métrica
Com rima rápida

Amei Angélica
Mulher anêmica
De cores pálidas
E gestos tímidos
Era maligna
E tinha ímpetos
De fazer cócegas
No meu esôfago

Em noite frígida
Fomos ao lírico
Ouvir o músico
Pianista célebre
Soprava o zéfiro
Ventinho úmido
Então Angélica
Ficou asmática

O Drama de Angélica – Segundo Ato

Fomos ao médico
De muita clínica
Com muita prática
E preço módico
Depois do inquérito
Descobre o clínico
O mal atávico
Mal sifilítico

Mandou-me o célere
Comprar noz vômica
E ácido cítrico
Para o seu fígado
O farmacêutico
Mocinho estúpido
Errou na fórmula
Fez despropósito

Não tendo escrúpulo
Deu-me sem rótulo
Ácido fênico
E ácido prússico
Corri mui lépido
Mais de um quilômetro
Num bonde elétrico
De força múltipla

O Drama de Angélica – Terceiro Ato

O dia cálido
Deixou-me tépido
Achei Angélica
Já toda trêmula
A terapêutica
Dose alopática
Lhe dei em xícara
De ferro ágate

Tomou num fôlego
Triste e bucólica
Esta estrambólica
Droga fatídica
Caiu no esôfago
Deixou-a lívida
Dando-lhe cólica
E morte trágica

O pai de Angélica
Chefe do tráfego
Homem carnívoro
Ficou perplexo
Por ser estrábico
Usava óculos
Um vidro côncavo
Outro convexo

O Drama de Angélica – Quarto e Último Ato

Morreu Angélica
De um modo lúgubre
Moléstia crônica
Levou-a ao túmulo
Foi feita a autópsia
Todos os médicos
Foram unânimes
No diagnóstico

Fiz-lhe um sarcófago
Assaz artístico
Todo de mármore
Da cor do ébano
E sobre o túmulo
Uma estatística
Coisa metódica
Como “Os Lusíadas”

E numa lápide
Paralelepípedo
Pus esse dístico
Terno e simbólico:
“Cá jaz Angélica,
Moça hiperbólica,
Beleza helênica,
Morreu de cólica!”

Música e letra de Alvarenga e M.G. Barreto
1943

Star-Filled Night

Star-Filled Night

Late at night and stars all beaming;
Oh the stillness seems like dreaming
Of a flowing forest river
Like a pouring rain of silver
Splendid moonlight from above.

Though you’re sleeping, it is you who
I´m singing of,
While the moon in all its glory
Can’t but hear the tearful story
Of this love.

Moonlight,
With your silver sheen above me,
Wake this woman oh so lovely.
Oh what longing, ardent yearning,
As my lips for hers keep burning.

Can’t you
Hear me singing as she’s sleeping?
She won’t hear my heart is leaping.
Oh can’t you see?
No, the moon is not sorry for me;
Just because on calling you I insist,
She hides behind the mystic mist.

Now the moon shines with disdain there,
And she´s so pensive and so vain there,
And the stars that seem so calm rise
Like a dizzy flood of fire-flies
O’er the glossy silver moon.

All the starry sky fell silent
To hear the tune,
With your name in the refrain
In complaints so full of pain
To the moon.

Late at night and stars all beaming;
Oh the stillness seems like dreaming
Of a flowing forest river
Like a pouring rain of silver
Splendid moonlight from above.

Though you’re sleeping, it is you who
I´m singing of,
While the moon in all its glory
Can’t but hear the tearful story
Of this love.

Moonlight,
With your silver sheen above me,
Wake this woman oh so lovely.
Oh what longing, ardent yearning,
As my lips for hers keep burning.

Can’t you
Hear me singing as she’s sleeping?
She won’t hear my heart is leaping.
Oh can’t you see?
No, the moon is not sorry for me;
Just because on calling you I insist,
She hides behind the mystic mist.

Now the moon shines with disdain there,
And she´s so pensive and so vain there,
And the stars that seem so calm rise
Like a dizzy flood of fire-flies
O’er the glossy silver moon.

All the starry sky fell silent
To hear the tune,
With your name in the refrain
In complaints so full of pain
To the moon.

Noite Cheia de Estrelas

Noite alta, céu risonho;
A quietude é quase um sonho.
O luar cai sobre a mata
Qual uma chuva de prata
De raríssimo esplendor.

Só tu dormes, não escutas
O teu cantor,
Revelando à lua airosa
A história dolorosa
Deste amor.

Lua,
Manda a tua luz prateada
Despertar a minha amada.
Quero matar os meus desejos,
Sufocá-la com meus beijos.

Canto,
E a mulher que eu amo tanto
Não me escuta, está dormindo.
Canto e por fim
Nem a lua tem pena de mim,
Pois ao ver que quem te chama sou eu
Entre a neblina se escondeu.

Lá no alto a lua esquiva
Está no céu tão pensativa.
As estrelas tão serenas
Qual dilúvio de falenas
Andam tontas ao luar.

Todo o astral ficou silente,
Para escutar
O teu nome entre as endechas,
Tuas dolorosas queixas
Ao luar.

Música e letra de Cândido das Neves (Índio)
1928

*

Quede Água, Quede?


do álbum “Miscelânea” de 2018

Quede Água, Quede?

Quede água, quede?
A gente pede água,
O tempo pede água, pede.
O que te impede, água?

Quede água, quede?
A terra pede água.
O homem pede água, pede.
Quem por nós intercede, água?

Quede água, quede?
A fome pede água,
A sede pede água, pede.
Quem nos concede água?

Água, por que te escafedes?
Por que tu cheiras e fedes,
Água?

Quede água, quede?
A seca pede água,
O rio pede água, pede.
Mata essa sede, água.

Quede água, quede?
O bicho pede água.
A planta pede água, pede
Uma queda, um pé de água.

Quede água, quede?
A vida pede água,
O mundo pede água, pede
Um igarapé de água.

Água, por que te escafedes?
Por que tu cheiras e fedes,
Água?

Para Onde Vamos?


Do álbum “Miscelânea” de 2018

Para Onde Vamos

Para onde vamos? Ah, onde vamos parar?
Nessa encruzilhada, que estrada vamos pegar?
Que perigo de mau tempo, temporal,
De temperatura em alta e de desastre existe pra todos nós afinal?

Que deslizamento de monte, que inundação
Nossos olhos tristes ainda inundarão?
Que geleira tem que ainda derreter,
Pra quebrar a pedra de gelo que tem no peito quem tem um podre e alto poder? (*)

Quanto tempo mais alguns vão fingir que não veem
O que eles veem porém fingir lhes convém?
Quantos homens, aos milhares, aos milhões,
Vão morrer de fome e de sede, vítimas de ações de outros homens de outras nações?

Que será do mundo que vemos, que mundo nós
Deixaremos às gerações que virão após?
Que futuro desenhamos, que manhã?
Nosso tino ou desatino hoje define nosso destino aqui amanhã.

(*) Variante

Que desmate tem que ainda ocorrer,
Pra quebrar a pedra que tem no peito de quem depreda do alto e podre poder? (*)

Eu Vou Escrever Um Livro


Do álbum “Miscelânea”

Eu Vou Escrever Um Livro

Eu vou escrever
Um livro sobre você,
Para descrever
A lindeza e a delícia que é você.

O seu nome como título
Vai estar na capa, é claro,
E cada capítulo
Eu vou dedicar a tudo que me é caro:

Dos seus olhos, do seu rosto,
Ao seu modo de sorrir;
Do seu corpo, do seu gosto,
Ao seu modo de pensar e de sentir.

Umas vinte e tantas páginas
Vão tratar do assunto dos assuntos:
Dessa mágica que age nas
Horas que passamos juntos.

E entre outras coisas ternas,
Como seu riso e seu choro,
Vou explorar suas pernas,
Que é um tema que eu adoro.

Com tanta beleza,
Como diz Cássia Eller,
“Você pode ter certeza”:
Vai ser um best-seller.

Dói…Dói…


Do álbum “Miscelânea” de 2018

Dói… Dói…

Ela não deu retorno ao meu torpedo,
Nem ao email meio emocional.
Eu penso em meu destino e sinto medo,
Sozinho em minha cama de casal.

Ai, ai, o nó que dá meu peito mói.
Que mágoa má, que fim de noite mau.
Dói… dói…

Eu vi casais de namorados lá no parque,
Sarrando e sorrindo, aos beijos e amassos.
Ouvi gemidos de amantes a trepar, que
Cruzaram as paredes e os espaços.

No breu do quarto a solidão agora rói
Meu coração partido em dois pedaços.
Dói… dói…

O que eu projeto é algo que ela almeja.
Eu quero achar minh´alma gêmea, e ela, idem.
Eu a desejo mais do que ela me deseja.
Como é que às vezes os desejos não coincidem…

Sem colo nem calor, calado como um boi,
Tesão e rejeição em mim colidem.
Dói… dói…

Eu sempre estou com ela no meu pensamento.
Ao mesmo tempo nunca estive tão sozinho.
Mais do que nunca hoje aqui nesse momento
Carece de carícia o meu coraçãozinho.

Não tendo a quem me dê e a quem me doe,
Não há verão porque só eu é que andorinho.
Dói… dói…

Mulher, vem ver-me, vai, não me magoe,
Ou sai da minha mente já ruim;
E a solidão, qual verme que corrói,
Que morra ou dê enfim um fim em mim;

Me mate de repente como a um motoboy,
Não lenta e longamente assim, que assim
Dói… dói…

Eu Pra Você, Você Pra Mim


Do álbum “Miscelânea” de 2018

Eu pra Você, Você pra Mim

Chama da minha cama,
Ouro do meu tesouro,
Jasmim do meu jardim:
Assim é você pra mim.

Axé do meu candomblé,
Iemanjá do meu mar,
Cascata da minha mata,
Pirilampo do meu campo;

Paisagem da minha viagem,
Imagem da minha miragem,
Estrela da minha tela,
Carícia da minha delícia;

Enfim, o que me derrete:
Boquete no meu cacete!

Assim, assim, assim…
Assim é você pra mim.

E eu o que vou ser,
O que eu vou ser pra você?

Plateia pra sua estreia,
Monte no seu horizonte.

Vou ser sua passarela,
E você, minha Portela;
Vou ser, enfim, seu cliente,
E você, minha gerente;

Vou ser o seu operário,
E você, o meu salário;
Vou ser seu cabra-da-peste,
E você, o meu Nordeste;

Vou ser o que te completa:
Caceta em sua boceta!

É isso o que vou ser,
O que vou ser pra você.

Você, o que me derrete:
Boquete no meu cacete.

E eu, o que te completa:
Chupeta em sua boceta.

Átimo de Pó

Átimo de Pó

Entre a célula e o céu
O DNA e Deus
O quark e a Via-Láctea
A bactéria e a galáxia

Entre agora e o eon
O íon e Órion
A lua e o magnéton
Entre a estrela e o elétron
Entre o glóbulo e o globo blue

Eu
Um cosmos em mim só
Um átimo de pó
Assim: do yang ao yin

Eu
E o nada, nada não
O vasto, vasto vão
Do espaço até o spin

Do sem-fim além de mim
Ao sem-fim aquém de mim
Den´ de mim

Hidrelétricas, Nunca Mais

Hidrelétricas, Nunca Mais

Querem encher nossa floresta de hidrelétrica.
Que coisa besta, minha mãe, que coisa tétrica!
A hidrelétrica despreza o que é poético,
E arrasa a natureza em ritmo frenético.
Degrada bichos e lugares arqueológicos,
Depreda nichos e altares ecológicos
E rios-mares de largura quilométrica.
Por isso nunca mais queremos hidrelétrica!

Quem ama mesmo a floresta amazônica,
Não quer ver nunca a natureza desarmônica.

A usina mata o amanhã; em tom patético,
Já toda a mata grita, num sinal profético.
A gente simples, ribeirinha, vai ser vítima
Da sua ação tão ilegal quanto ilegítima.
E como as putas hidrelétricas afligem-na!
E como vai viver o bravo povo indígena?
Se o peixe vai morrer com cada rio magnífico,
Para prover mineração e frigorífico.

Quem gosta mesmo da floresta amazônica
Quer energia, sim, mas não tão anacrônica.

Naturalmente há outras fontes energéticas
Que são mais limpas, mais modernas e mais éticas.
Pois a barragem traz poluição climática.
Pois é imposta, pois é antidemocrática.
E causa o mal que nada faz enfim que finde-se:
Prostituição e violência em alto índice.
Por fim envolve corrupção, envolve escândalo.
Quem a constrói destrói a flora como um vândalo.

E como o meu direito à luz pode ser válido,
Se ele degreda um povo digno que se vale do
Grande bem, do grande dom, o das florestas (e
Se elas levam minha vista humana ao êxtase)?
Então barremos a barragem tecnocrática,
Que barra a vida livre, pródiga e errática,
Que a usina alaga, cobre e apaga como um túmulo,
Que a usina é praga, a usina é chaga, a usina é o cúmulo!

Quem ama mesmo o bioma amazônico
Não quer sujar a Terra e o ar com gás carbônico.

A usina fere com um arsenal mortífero
O sapo, a fera, a cobra, o pássaro, o mamífero.
A usina afeta o lago, o lar paradisíaco
Com um projeto louco, megalomaníaco.
A água chora sem parar de dó por isso no
Xingu, Madeira e Teles Pires em uníssono!
Ó mãe senhora, nos livrai da sina tétrica
De mais tragédia, mãe, de mais uma hidrelétrica!

Quem ama mesmo o bioma amazônico
Não quer ver nunca o ambiente desarmônico.

Suaí

Suaí

“Poesia, essa permanente hesitação entre som e sentido.”
(Paul Valéry)

Suaí

A ninfo a info a net o site
O doc o blog o face o fone
A foto a moto o auto a van
O flex o fax o sax o cello
A tele o bêlo a benga a racha
A buça a fuça o naso o názi
O skin o rasta o emo o mano
A mina a píri a síri a xota

A sinhá a sá a sci-fi
O abecê ocê o mê
O remix a mix a máxi
O metrô o táxi a Volks
A macrô o japa o vegan
O taichi o china o teuto
O piti o script o pop
O jabá a rádio a químio

A rapeize o beize a blitz
A vagaba o cafa a confa
O batera a guita o pife
O forró o bebo a bifa

Suaí
Suaí

Sumemo

O homo o bi o tri o hexa
O ecs a herô o háxi a présa
A briza a coca a cerva o churras
O Mac o Mac a web a vibe
O hype a hi o grã-fo o zé
O mé a mulha a múlti a/o micro
O e-mail o game o daime o/a demo
O clipe a lipo a pólio o apê

A produça o profissa
A concepa a sapata
O trafica o traíra
O traveco a madruga
O brasuca o portuga
A padoca o sanduba
O basquete o futiba
O Maraca o Morumba

A sugesta a tempesta
A cesárea a responsa
A perifa o refri
O comuna o cinema

Suaí
Suaí

Sumemo

O tusta a sista o bró a mã
O fã o psico o songa o leso
A lusa o Barça a Juve a/o Inter
A intro a infra o finde o frila
O cine a expo o zoo a dica
O dino a nóia a neura o níver
A vó a vamp a lampa o langue
O log o logo o flagra o Fla-

-Flu Grenal Bavi Sansão
Futevôlei hortifrúti
Copa Sé Pelô Belzonte
Patropi Floripa Sampa
Legas paca duca mara
Oxe vixe putz nó
Tô de brinca mô na funça
Só na sôci sô à vonts

Bora té belê de fina
Porfa péra tá de prima?
Quede sífu bafo sussa
Sacumé né pô mó su

Tendeu? Tendeu?
Centendeu?

Suaí
Suaí

Sumemo

Exaltação dos Inventores

Exaltação dos Inventores

Tiro minha cartola, reverente,
Pro galhardo bahiano assaz valente.
Babo pelos batutas, pelo dom
De dongaroto e do menino bom.
Gamo pela magnífica divina
E notável pequena linda flor.
Devoto de Gonzaga e do divino,
Eu rendo graças ao nosso Sinhô.

Bebo na fonte de cascata e cascatinha,
De ribeiro e riachão,
Num ban-kéti no matão.
Colho do fruto benedito de oliveiras,
De pereira, de moreiras,
De carvalho e jamelão.
Devoro jararaca e ratinho,
Bebo araca e mordo a carmen
De peixoto e de martins.
Degluto batatinha e gordurinha,
Como muita clementina
E chupo muito amorim.

Tomo cachaça e fumo charutinho,
Baixa em mim um caboclinho,
Danço ao jack-som do pandeiro,
Além do bandolim, do cavaquinho,
De viola e vassourinha
E por fim de um seresteiro.
Então qual um joão-de-barro, um ás
De um bando de tangarás
Ou que nem um rouxinol,
Canto que nem sabiá:
Lalá, lalá, lalá, lalá, lalá, lalá!

A aurora humbertei-cheira a noel-rosa.
Orl-ando por um la-marçal barroso,
Por vales e por lagos encantados,
Por mários nunca dantas navegados.
Num vale d’ouro (dourival) caí-mmi,
Lau-rindo ao wil-som e ao luar tão cândido
De lobos e de lupes a ulular
Seu cântico mansueto pelo ar.

In-ciro-me de orestes em diante
Na linhagem de beleza,
De poder e realeza
De generais, sargentos, almirantes,
De custódios, comandantes,
Reis, rainhas, príncipes e princesas.

E vamos nelson todos nesse bando
De namorados da lua,
Tomando banho de lua.
A estrela dalva lá no ab-ismael
Do blecaute da amplidão
Nos en-candeia no chão.
Entre os anjos do inferno e os diabos do céu,
Vivo e morro dos prazeres
E dolores da paixão.
Re-cito Lamartine pra de-déo;
Enfim sou um Catulo da canção!

Seta de Fogo (Canção de Teresa)

Seta de Fogo (A Canção de Teresa)

Como uma seta de fogo
Ou seja lá o que for;
Como um raio que atravessa,
Ele atirou-me uma flecha
Envenenada de amor.

Como quando o mundo acaba,
Não vi mais nada no escuro tremor.
Os céus se misturaram com a terra,
E eu morri de amor.

Já no gozo da ferida,
Que mais posso desejar,
A não ser amar e amar?
E em minha ânsia de vida,
De novo morrer de amar?

Eu sou para o meu amado,
E ele pra mim.
Ó meu Deus sem fim,
Feliz o coração enamorado
Como o meu assim.

Fonte do meu gozo,
Fonte do meu céu,
Ó meu doce esposo,
Ah, meu Deus!

Eis-me aqui, meu doce amor;
Meu doce amor, eis-me aqui.
Eis aqui na tua palma
Minha vida, corpo e alma,
Pois a ti me ofereci .

Eu sou para o meu amado,
E ele pra mim.
Ó meu Deus sem fim,
Feliz o coração enamorado
Como o meu assim.

Ó meu desejado,
Ó meu grande bem,
Ouve o meu chamado:
Vem, vem, vem!

E me leva ao gozo,
E me leva aos céus ,
Ó meu carinhoso,
Ó meu Deus!

Pô tem dó
Vem pra cá
Tô tão só
Ah vem já

E traz o céu
O sol o sal
E mais o mel
Qu´eu tô mó mal

Eu tô sem bem
Sem chão sem fio
Com frio sem par
Nó!
Vem pra não ser mais eu só
E sermos nós

Vem a cem
Não diz não
Eu tô sem
Só na mão

E tô a fim
De dois em um
De ti em mim (*)
E tu nem tchum

E eu sem pai
Nem mãe nem vó
Tão-só ao deus-
Ao léu a sós

Meu
Vem pra não ser mais só eu
E sermos nós

Variante:
(*) De ti pra mim

Minha Preta

Preta, minha preta,
Trepa comigo, trepa.

Chupa a minha tocha,
E eu lambo a tua chota.

A violeta flora,
E eu sugo a flor.

Preta, minha preta,
Trepa comigo, trepa.

Entra na minha rota.
Senta na minha tora.

Sente a minha tara.
Quero te atar;

Quero te amar.
Eis a minha arma:

Pega no meu taco,
E eu te cato

De quatro,
No quarto.

Te domo
De todo modo.

Me doma
À tua moda;

Me ataca,
Me acata,

Que eu vou na tua onda,
Minha dona,

Minha diva,
Minha vida.

Em suma,
A musa;

A dama
Amada;

O tema,
A meta

Dessa letra.
Me dá trela.

Me dá, preta.
Trepa comigo, trepa.

Quero ser seu preto.
Quero ocê por perto.

Nova Trova

Nova Trova

Vá, meu canto, voe;
Encante, meu vocal;
Vá por algum meio
Até quem me intui
Uma nova trova:
Minha Lua-Sol,
Dama a quem eu amo sem domar:
Não pode haver
Mulher melhor.

Vá, meu verso, ecoe,
Inverso, virtual;
Vá por um email
A quem a luz distribui;
Quem tudo renova:
Gema clara Sol,
Alma à qual almejo me algemar;
Poder saber
O seu sabor.

Aí eu vou cobrir seu corpo,
Que é lindo como o quê,
De tantos beijos quantas flores há em cada ipê
Que lá em Sampa dá.
Depois enfim de abrir seu corpo,
De remirá-lo hei;
E ainda rindo, admirá-lo-ei,
À luz da lâmpada.

Vá, canção, ressoe,
No áudio, no dial
De quem num meneio,
Formosa, me possui
E faz que o Sol chova,
Gira-gera-sol:
Dona que eu sem dano hei de adonar;
Seu dono ser,
Ter seu amor.

Pintura

Céu azul, azul, azul;
Cor-de-rosa pôr-do-sol;
Véu da aurora boreal;
Mar de estrelas lá no céu;
Luz de fogos na amplidão;
Lua-prata qual CD;
Preto eclipse do esplendor;
Arco-íris multicor :

Tudo, tudo isso não
Chega perto de você,
De seus olhos, seu olhar,
Suas pernas, seu andar,
Sua cara, coração,
Sua boca e um não-sei-quê,
De sua pele, sua cor –
Do seu corpo, meu amor…

Verdes pampas lá do Sul;
Costa Branca igual lençol;
Na vazante, o Pantanal;
Barcelona, Parque Guell;
Monte Fuji no Japão;
Garopaba em SC;
Amazônia, selva em flor;
Mar azul de Salvador :
Tudo, tudo isso não
Chega perto de você,
Nem da graça nem da cor
Do seu corpo, meu amor…