Late at night, here we are
Under the moon and the stars
And while we wonder, although so far
We search for signs of life on Mars
In a Martian dust storm, we´ll find a trace
A trace of life in distant, ancient days
Hoping to find hope in another place
Far away from here, in space
There in space life´s rare
Here there is life ev´rywhere
But we destroy it, don´t even care
As we go seek for life elsewhere
In a Martian dust storm, we´ll find a trace
A trace of life in distant, ancient days
Hoping to find hope in another place
Far away from here, in space
Black hole and dark matter:
Who´ll shed light on that matter?
Galaxies spreading more and more…
Universe in expansion
Is like a big big dance or
A question without answer:
What´s beyond and what was there
Before the Cosmos big-banged?
Did it need a god to plan it?
What if life came from the red planet?
We are the cosmic conscience
Of the world known.
Looking for life.
Got lots of water,
Methane, nitrogen, ozone.
We are nothing and we´re everything
Before the great unknown.
After we know what there is
In the Martian subsurface
There will be other mysteries
Newer and bigger than this
Will we see the world at its birth
As a time machine in reverse?
Are there other planets like the Earth
Or are we alone in the universe?
Por te querer de cara e coração
Preciso te fazer uma canção
Que seja bela, que se possa amar
Como um golaço, um passe de Neymar
Como um passo no ar do Grupo Corpo
O cello de Jaques Morelenbaum
A rima e o ritmo de Mano Brown
Em cada frase, estrofe e no refrão
Será que eu sou capaz de tal canção?
Que tenha algo em excesso ou algo excelso
Como uma peça, um ato de Zé Celso
Como um poema de Augusto de Campos
Como uma letra de Arnaldo Antunes
Como uma estampa de Alberto Pitta
A mim não falte empenho e arte, não
Será que eu sou capaz de tal canção?
Que valha o investimento de neurônios
Qual pensamento de Antonio Cicero
Qual um ensaio de Risério, Antonio,
Qual uma ideia de Rogério Duarte
Qual um cenário de Helio Eichbauer
De pau ereto (power) de tesão
Será que eu sou capaz de tal canção?
Que revele um requinte em mots et son
Como um desfile de Gisele Bundchen
Como uma foto de Bob Wolfenson
Como a visão de Eduardo Viveiros
E como a voz de Sonia Guajajara
Com rima rara e aliteração
Preciso te fazer essa canção
Que luza qual poema em raio laser
Como a ciência de Marcelo Gleiser
O axé de Mãe Carmen do Gantois
O fôlego e a yoga de Iyengar
E a palavra-chave de Kikuchi
Que um outro escute com muita atenção
Será que eu sou capaz de tal canção?
Que alegre e que comova no seu auge
Como o cinema de Pedro Almodóvar
Como o Tanztheater de Pina Bausch
Como a chegada da Estação Primeira
Como a saída do Ilê Aiyê
Que dê ideia da minha afeição
Será que eu sou capaz de tal canção?
Na qual não haja nada fosco ou tosco
Qual um artigo de Francisco Bosco
Qual uma tradução de Boris Schnaiderman
Qual realização de Yael Steiner
Qual um menu da chef Bela Gil
Por seres uma em mil se faz então
Preciso te fazer essa canção
Que seja foda, aguda, fina, chique
Qual livro de José Miguel Wisnik
E a moda na São Paulo Fashion Week
E fique no YouTube e se remixe
E no teu coração enfim se fixe
Te quero tanto, com tanta paixão
Que é capaz de eu ser capaz de tal canção
Nesse momento de gritante retrocesso
De um temerário e incompetente mau congresso
Em que poderes ainda mais podres que antes
Põem em liquidação direitos importantes
Eu quero diante desses homens tão obscenos
Poder gritar de coração e peito plenos
Não quero mais nenhum direito a menos
Nesse país em que se vende por ganância
Direito à vida, à juventude, e à infância
Direito à terra, ao aborto e à floresta
À liberdade, ao protesto, ao que nos resta
Eu grito: Fora! Esses homens tão pequenos
De interesses grandes como seus terrenos
Não quero mais nenhum direito a menos
Nessa nação onde se mata e trata mal
Mulher e pobre, preto e jovem, índio e tal
Onde nem lésbica, nem gay, nem bi, nem trans
São plenamente cidadãos e cidadãs
Não quero mais cantar meus versos mais amenos
A menos que antes seus direitos sejam plenos
Não quero mais nenhum direito a menos
Nesse Brasil da injustiça social
E de uma tal desigualdade sem igual
Queria ver os grandes lucros divididos
E os dividendos afinal distribuídos
Os bilionários concordando com tais planos
Se revelando seres realmente humanos
Não quero mais nenhum direito a menos
Nesse momento de tão pouca luz à vista
E tanto ataque ao que é direito e é conquista
Eu canto tanto desistência, o desencanto
Mas canto a luta, a rexistência, tanto quanto
E quanto àqueles que ainda pensam que detém-nos
Eu canto e grito a pulmões e peito plenos
Não quero mais nenhum direito a menos
Domênica, Magnólia, Jesualda,
Magnética Adelita do Bidu;
A anônima Adelita lá do México;
Iná de Lupe; de Lalá, Juju;
Lola de Ricky Martin; Lola de Ray Davies;
De Buddy Holly, a bela Peggy Sue;
Suzie e Malena de Roberto, e aquela
De Pagodinho com o nobre Dudu;
Sebastiana de Rosil e Jackson;
De Gil, Luluza, Sandra, Rita Lee;
Elise de Ludwig van Beethoven;
De Julio Iglesias, Manoela e Nathalie;
Dona de Sá e Guarabyra; Donna
De Ritchie Vallens; Candida de Dawn;
Dindi de Tom e Anna de Lenine;
Aline de Christophe; Julia de John.
Só você,
Nenhuma dessas hoje eu canto, só você,
Só você
No meu playlist agora eu vou querer.
Silvia piranha, de Marcelo Nova;
Natasha, de Ouro Preto e Alvin Lee;
Zoraide e Marylou, de Roger Rocha;
Camila, do Nenhum de Nós – e eu nem aí…
“Beth-Morreu”, mais uma do Camisa;
Bete Balanço, do barão Cazuza;
E Beth Frígida, da Blitz de Evandro:
Nenhuma dessas hoje é minha musa.
Nem Mila de Netinho, nem Dalila
De Alan Tavares e o baiano Brown;
Mulher rendeira de Lampião e Zé do Norte;
Mulher elétrica de Mano Brown;
Pobre menina de Gileno e Lílian,
“´Nina” veneno de Vilhena e Ritchie;
De John Coltrane, nem Mary nem Naíma;
De Miles Davis, nem Fran nem Nefertiti.
Só você
É minha musa única, você,
Só você,
Você e mais nenhuma pode ser.
Nem a mulata, musa de Ataulfo;
Nem a caboca, musa de Barroso;
Nem a crioula, musa de Benjor;
Nem a branquinha, musa de Veloso;
Nem a dourada, musa de Nelsinho;
Nem a lourinha, musa de Braguinha;
Nem a morena, musa de Lalá;
E outra morena, mas de Gonzaguinha;
E nem a galopeira de Ocampo
E nem a violeteira de Montiel
E nem a lavadeira de Monsueto
E nem a estudante de Gardel
E nem a secretária de Amado
E nem a jardineira de Humberto
E nem a pomba-rola de Orestes
E nem a amapola de Roberto
Só você,
Que nem você há uma só: você,
Só você,
E sem você não tem mais nada a ver.
E eu digo adeus a Carol, de Sedaka,
E à Carolina Carol Bela, bem do Jorge Ben,
E à Carolina, bela do Seu Jorge,
E à de Buarque, eu digo adeus também;
Adeus à deusa Yara, mamãe d´água,
De Walter Franco, e adeus, adiós, adieu
À deusa do amor, do Olodum,
E à deusa do ébano, do Ilê Aiê;
Do cabaré, à dama de Noel,
E, do cassino, à dama de Caetano;
De Alcir Vermelho, à dama das camélias,
E à de vermelho, de Waldik Soriano;
À Maria Bethânia, de Capiba,
À Maria Bonita, de Augustín;
À Maria La Ô, a de Lecuona,
E à Maria Ninguém, de Carlos Lyra; assim…
Só você,
Dama e deusa aqui é só você;
Só você,
E com você eu quero e vou viver.
De Fábio, Estela; Stella de Caymmi,
Stella de Victor Young; de Victor Jara, Amanda;
Fada de Victor Chaves; de Vitor Martins,
Vitoriosa; Rosa e Rita de Hollanda;
Mariana do Sergião; Mariane do Marrone;
Suzanne e Marriane de Leonard Cohen;
Suzana de Bob Nelson; Suzy Q do Créédence:
Todas me põem louco, e como põem…
A “tarja preta” dos Cordeiros com Arnaldo;
Preta pretinha, de Galvão com o Moraes;
Nega neguinha, só de Bororó;
Neguinha, de Davi Moraes, e mais:
Nega maluca, de Fernando Lobo;
Doida demais, de Lindomar Castilho;
Totalmente demais, de Paes, Tavinho;
Todas eu verso mas só uma eu estribilho:
Só você,
No meu refrão rebrilha só você;
Pra você,
Minha canção de amor MPB.
Você pra mim é mais que as vagabundas,
Que as minas e que as mães dos Racionais;
É mais do que as mulheres de Martinho
Da Vila e de Toninho das Geraes;
É mais até do que pro Rappin´ Hood
São as rainhas e as mulheres pretas;
Do que o menino-Deus e o do Rio
E o leãozinho pro leão Caetas.
Você é para mim e o meu amor
Brilhante e duradouro qual diamante,
Mais que a romântica senhora tentação
Pra Silas de Oliveira, minha amante;
Mais que a Bonita para Tom Jobim
E a bonitona para Geraldo Pereira;
Mais que a moça bonita pra Pedro Luís
E que as moças do samba de Roque Ferreira.
Só você
É mais que todas outras, só você,
Só você
É mais que todas elas num só ser.
Não canto mais Bebete nem Domingas
Nem Xica nem Tereza, de Ben Jor;
Nem Drão nem Flora, do baiano Gil;
Nem Ana nem Luiza, do maior;
Já não homenageio Januária,
Joana, Ana, Bárbara, de Chico;
Nem Yoko, a nipônica de Lennon;
Nem a cabocla, de Tinoco e de Tonico;
Nem a tigresa, nem a vera gata,
Nem a camaleoa, de Caetano;
Nem mesmo a linda flor de Luiz Gonzaga,
Rosinha, do sertão pernambucano;
Nem Risoflora, a flor de Chico Science –
Nenhuma continua nos meus planos.
Nem Kátia Flávia, a flor de Fausto Fawcett;
Nem Anna Júlia, de Camelo, dos Hermanos.
Só você,
Hoje eu canto só você;
Só você,
Que eu quero porque quero por querer.
Não canto de Melô pérola negra;
De Brown e Herbert, uma brasileira;
De Ari, nem a baiana nem Maria,
Nem a Iaiá também, nem a faceira;
De Dorival, nem Dora nem Marina
Nem a morena de Itapoã;
De Vina, a garota de Ipanema;
Nem Iracema, de Adoniran.
De Jackson do Pandeiro, nem Cremilda;
De Michael Jackson, nem a Billie Jean;
De Jimi Hendrix, nem a doce Angel;
Nem Ângela nem Lígia, de Jobim;
Nem Lia, Lily Braun nem Beatriz,
Das doze deusas de Edu e Chico;
Até das trinta Leilas de Donato
E da Layla de Clapton eu abdico.
Só você,
Canto e toco só você;
Só você,
Que nem você ninguém mais pode haver.
Nem a namoradinha de um amigo
E nem a amada amante de Roberto;
E nem Michelle-ma-belle, do beatle Paul;
Nem Isabel – Bebel – de João Gilberto;
E nem B.B., la femme de Serge Gainsbourg;
Nem, de Totó, na malafemmena;
Nem a Iaiá de Zeca Pagodinho;
Nem a mulata mulatinha de Lalá;
E nem a carioca de Vinicius
E nem a tropicana de Vicente e Alceu
E nem a escurinha de Geraldo
E nem a pastorinha de Noel
E nem a namorada de Carlinhos
E nem a superstar do Tremendão
E nem a malaguenha de Lecuona
E nem a popozuda do Tigrão
Só você,
Hoje elejo e elogio só você,
Só você,
Que nem você não há nem quem nem quê.
De Haroldo Lobo com Wilson Batista,
De Mário Lago e Ataulfo Alves,
Não canto nem Emília nem Amélia:
Nenhuma tem meus vivas! nem meus salves!
Nem Polly do nirvana Kurt Cobain
E nem Roxanne, de Sting, do Police;
E nem a mina do mamona Dinho
E nem as mina – pá! – do mano Xis!
Loira de Hervê e loira do É O Tchan,
Lôra de Gabriel, o Pensador;
Laura de Mercer, Laura de Braguinha
(L´aura de Daniel, o trovador?);
Ana do Rei e Ana de Djavan,
Ana do outro rei, o do baião:
Nenhuma delas hoje cantarei:
Só outra reina no meu coração.
Só você,
Rainha aqui é só você,
Só você,
A musa dentre as musas de A a Z.
Se um dia me surgisse uma moça
Dessas que, com seus dotes e seus dons,
Inspiram parte dos compositores
Na arte das palavras e dos sons,
Tal como Madelleine, de Jacques Brel,
Ou como Madalena, de Martinho,
Ou como Madalena, de Ivan Lins,
E a manequim do tímido Paulinho;
Ou como, de Caymmi, a moça pRosa
E a musa inspiradora Doralice;
Se me surgisse uma moça dessas,
Confesso que eu talvez não resistisse;
Mas, veja bem, meu bem, minha querida:
Isso seria só por uma vez,
Uma vez só em toda a minha vida!
Ou talvez duas… mas não mais que três…
Só você…
Tô brincando com você;
Só você…
As coisas mais queridas você é:
Você pra mim é o sol da minha noite;
É como a rosa, luz de Pixinguinha;
É como a estrela pura aparecida,
A estrela a refulgir, do Poetinha;
Você, ó flor, é como a nuvem calma
No céu da alma de Luiz Vieira;
Você é como a luz do sol da vida
De Stevie Wonder, ó minha parceira.
Você é para mim e o meu amor,
Crescendo como mato em campos vastos,
Mais que a gatinha para Erasmo Carlos;
Mais que a cigana pra Ronaldo Bastos;
Mais que a divina dama pra Cartola;
Que a domna pra De Ventadorn, Bernart;
Que a honey baby para Waly Salomão
E a funny valentine pra Lorenz Hart.
Só você,
Mais que tudo e todas, só você;
Só você,
Que é todas elas juntas num só ser.
no dia em que o levei a declarar-se
primeiro eu dei a ele um bocadinho
do doce de pecã da minha boca
ah nada como um beijo longo e quente
que deixa a gente quase sem ação
meu deus depois daquele longo beijo
por pouco eu fico sem respiração
eu vi que ele sabia ou sentia
o que é uma mulher
e eu tive cá pra mim que eu poderia
fazer pra sempre dele o que eu quisesse
e eu lhe dei todo prazer que eu pude
pra que pedisse que eu dissesse sim
mas eu não quis dizer assim de cara
fiquei tão-só olhando para o mar
e para o céu pensando em tantas coisas
aí só com os olhos lhe pedi
que me pedisse novamente sim
e ele me pediu
que se eu quisesse sim dissesse sim
eu enlacei os braços nele sim
e o puxei pra baixo para mim
pra que pudesse
sentir meus seios perfumados sim
seu coração batia como louco
e sim eu disse sim eu quero Sim
Luciano Queiroga, Carlos Rennó, Lula Queiroga e Ivan Santos (bloco Quanta Ladeira)
Carlos Rennó e Ana Carolina
Carlos Rennó e Jaques Morelenbaum
Com Moreno Veloso e Max de Castro
com José Walter Lima
Com Lenine
Com Yael Steiner, Washington Olivetto, Jorge Drexler e amigos.
Com Péricles Cavalcanti e amigos
Com Jarbas Mariz, Zé Miguel Wisnik e Tom Zé
Com Pedro Luis e Roberta Sá
Tomio Kikuchi, Moreno Veloso e Carlos Rennó
Dominguinhos, Ná Ozzetti, Zélia Duncan, Paula Morelenbaum, Gal Costa (atrás, entre outras três mulheres); Carlos Rennó, Yael Steiner, Jaques Morelenbaum, Moreno Veloso e Wilson Simoninha (na frente)
com Carlos Giannazi (foto Eduardo Olimpio)
Rita Lee e Carlos Rennó
Lenine e Carlos Rennó
com João Bosco e Mario Valladão
Com Iara Rennó
Roy Cicala, Jaques Morelenbaum, Paula Morelenbaum, Roberto Carlos e Carlos Rennó
Carlos Rennó
Beto Villares e Carlos Rennó
Carlos Rennó e Bráulio Tavares
Erasmo Carlos e Carlos Rennó
lendo texto no show do Jorge Mautner
Alzira E, Carlos Rennó e Iara Rennó
com Hermelino Neder
Jaques Morelenbaum, Carlos Rennó e Zélia Duncan
Com Gal Costa e Zé Miguel Wisnik
com Lenine.2014.4
Carlos Rennó (foto de Paula Marina)
Com Arnaldo Antunes
Carlos Gianazzi e Carlos Rennó
Carlos Rennó e Jorge Mautner
Com Paulo Borges e Vitor Ramil
Durante Palestra
Carlos Rennó e Glaucia Nasser
Carlos Rennó, Jorge Mautner e Zé Miguel Wisnik
no show do Jorge Mautner
com Bela Gil e Tomio Kikuchi
Com Filipe Catto
com ArrigoB, LTatit e LíviaN
Com Marcelo Jeneci
Com Paulinho Moska
Carlos Rennó, Roberta Sá, Filipe Catto e Ricky Scaff
com João Bosco
Eu noite, cidade ao fundo
Com Paula Morelenbaum
Zélia Duncan e Carlos Rennó
João Gilberto e Walter Santos (Valter Souza) em Juazeiro, nos anos 50
Com Maria Rita
com Arrigo Barnabé
Magda Santa Sé, Yael Steiner, Carlos Rennó, Jaques Morelenbaum e Seu Jorge
Com Péricles Cavalcanti
com Carlos Giannazi (Eduardo Olimpio)
com Lenine.2014.2
Com Duncan Lindsay
com Ian Rennó
Carlos Rennó, Yael Steiner e Jaques Morelenbaum (foto de Bob Wolfenson)
Jaques Morelenbaum, Roberto Carlos e Carlos Rennó
Carlos Rennó e Seu Jorge (foto da Folha de São Paulo) Foto: Julio Bittencourt
Carlos Rennó, Jaques Morelenbaum e Moreno Veloso
com Ian Rennó
Edu Krieger, Glaucia Nasser e Carlos Rennó
Jaques Morelenbaum, Toninho Horta, Erasmo Carlos e Carlos Rennó
Carlos Rennó e Jaques Morelenbaum (foto de Bob Wolfenson)
com ArrigoB, LTatit, LíviaN e GutoRuocco
Iara Rennó, Carlos Rennó e Ian Drummond Rennó
Beto Villares e Carlos Rennó
Dani Black, Iara Rennó, Aruana, Ney Matogrosso, Alzira E, Luz Marina e Carlos Rennó
Não quero um anjo
Prefiro um diabo
Com um diabo eu me arranjo
E com o anjo eu me acabo
Que sejas às vezes anjo, tudo bem
Mas que não exagere, que eu enjoo
Eu com um anjo não vou muito além
Nas asas de um diabo eu alço voo
Não quero um anjo
Prefiro um diabo
Com um diabo eu me arranjo
E com o anjo eu me acabo
Um com o tempo logo vira irmão
Mas com o outro é oito ou oitenta
É de amante, é quente a relação
Por isso mesmo é que o diabo tenta
Não quero um anjo
Prefiro um diabo
Com um diabo eu me arranjo
E com o anjo eu me acabo
Um lance com um anjo não dá jogo
E nem dá liga, anjo é meio Michael Jackson
Com o diabo o que não falta é fogo
Além do mais, dizem que os anjos não têm sexo
Não quero um anjo
Prefiro um diabo
Com um diabo eu me arranjo
E com o anjo eu me acabo
Não canto mais Bebete nem Domingas
Nem Xica nem Tereza, de Ben Jor;
Nem Drão nem Flora, do baiano Gil;
Nem Ana nem Luiza, do maior;
Já não homenageio Januária,
Joana, Ana, Bárbara, de Chico;
Nem Yoko, a nipônica de Lennon;
Nem a cabocla, de Tinoco e de Tonico;
Nem a tigresa, nem a vera gata,
Nem a branquinha, de Caetano;
Nem mesmo a linda flor de Luiz Gonzaga,
Rosinha, do sertão pernambucano;
Nem Risoflora, a flor de Chico Science –
Nenhuma continua nos meus planos.
Nem Kátia Flávia, a flor de Fausto Fawcett;
Nem Anna Júlia, de Camelo, dos Hermanos.
Só você,
Hoje eu canto só você;
Só você,
Que eu quero porque quero, por querer.
Não canto de Melô pérola negra;
De Brown e Herbert, uma brasileira;
De Ari, nem a baiana nem Maria,
Nem a Iaiá também, nem a faceira;
De Dorival, nem Dora nem Marina
Nem a morena de Itapoã;
De Vina, a garota de Ipanema;
Nem Iracema, de Adoniran.
De Jackson do Pandeiro, nem Cremilda;
De Michael Jackson, nem a Billie Jean;
De Jimi Hendrix, nem a doce Angel;
Nem Ângela nem Lígia, de Jobim;
Nem Lia, Lily Braun nem Beatriz,
Das doze deusas de Edu e Chico;
Até das trinta Leilas de Donato
E da Layla de Clapton eu abdico.
Só você,
Canto e toco só você;
Só você,
Que nem você ninguém mais pode haver.
Nem a namoradinha de um amigo
E nem a amada amante de Roberto;
E nem Michelle-ma-belle, do beatle Paul;
Nem Isabel – Bebel – de João Gilberto;
E nem B.B., la femme de Serge Gainsbourg;
Nem, de Totó, na malafemmena;
Nem a Iaiá de Zeca Pagodinho;
Nem a mulata mulatinha de Lalá;
E nem a carioca de Vinicius
E nem a tropicana de Alceu
E nem a escurinha de Geraldo
E nem a pastorinha de Noel
E nem a namorada de Carlinhos
E nem a superstar do Tremendão
E nem a malaguenha de Lecuona
E nem a popozuda do Tigrão
Só você,
Elejo e elogio só você,
Só você,
Que nem você não há nem quem nem quê.
De Haroldo Lobo com Wilson Batista,
De Mário Lago e Ataulfo Alves,
Não canto nem Emília nem Amélia:
Nenhuma tem meus vivas! e meus salves!
Nem Polly do nirvana Kurt Cobain
E nem Roxanne, de Sting, do Police;
E nem a mina do mamona Dinho
E nem as mina – pá! – do mano Xis!
Loira de Hervê e loira do É O Tchan,
Lôra de Gabriel, o Pensador;
Laura de Mercer, Laura de Braguinha
(L´aura de Arnaut Daniel, o trovador?);
Ana do Rei e Ana de Djavan,
Ana do outro rei, o do baião:
Nenhuma delas hoje cantarei:
Só outra reina no meu coração.
Só você,
Rainha aqui é só você,
Só você,
A musa dentre as musas de A a Z.
Se um dia me surgisse uma moça
Dessas que, com seus dotes e seus dons,
Inspiram parte dos compositores
Na arte das palavras e dos sons,
Tal como Madelleine, de Jacques Brel,
Ou como Madalena, de Martinho,
Ou Mabellene e a sixteen de Chuck Berry,
E a manequim do tímido Paulinho;
Ou como, de Caymmi, a moça pRosa
E a musa inspiradora Doralice;
Se me surgisse uma moça dessas,
Confesso que eu talvez não resistisse;
Mas, veja bem, meu bem, minha querida:
Isso seria só por uma vez,
Uma vez só em toda a minha vida!
Ou talvez duas… mas não mais que três…
Só você…
Mais que tudo é só você;
Só você…
As coisas mais queridas você é:
Você pra mim é o sol da minha noite;
É como a rosa, luz de Pixinguinha;
É como a estrela pura aparecida,
A estrela a refulgir, do Poetinha;
Você, ó flor, é como a nuvem calma
No céu da alma de Luiz Vieira;
Você é como a luz do sol da vida
De Stevie Wonder, ó minha parceira.
Você é para mim e o meu amor,
Crescendo como mato em campos vastos,
Mais que a gatinha para Erasmo Carlos;
Mais que a cigana pra Ronaldo Bastos;
Mais que a divina dama pra Cartola;
Que a domna pra De Ventadorn, Bernart;
Que a honey baby para Waly Salomão
E a funny valentine pra Lorenz Hart.
Só você,
Mais que tudo e todas, só você;
Só você,
Que é todas elas juntas num só ser.
Já que depois de mais de cinco séculos
E de ene ciclos de etnogenocídio,
O índio vive, em meio a mil flagelos,
Já tendo sido morto e renascido,
Tal como o povo kadiwéu e o panará –
Demarcação já!
Demarcação já!
Já que diversos povos vêm sendo atacados,
Sem vir a ver a terra demarcada,
A começar pela primeira no Brasil
Que o branco invadiu já na chegada:
A do tupinambá –
Demarcação já!
Demarcação já!
Já que, tal qual as obras da Transamazônica,
Quando os milicos os chamavam de silvícolas,
Hoje um projeto de outras obras faraônicas,
Correndo junto da expansão agrícola,
Induz a um indicídio, vide o povo kaiowá,
Demarcação já!
Demarcação já!
Já que tem bem mais latifúndio em desmesura
Que terra indígena pelo país afora;
E já que o latifúndio é só monocultura,
Mas a T.I. é polifauna e pluriflora,
Ah!,
Demarcação já!
Demarcação já!
E um tratoriza, motosserra, transgeniza,
E o outro endeusa e diviniza a natureza:
O índio a ama por sagrada que ela é,
E o ruralista, pela grana que ela dá;
Hum… Bah!
Demarcação já!
Demarcação já!
Já que por retrospecto só o autóc-
Tone mantém compacta e muito intacta,
E não impacta, e não infecta, e se
Conecta e tem um pacto com a mata
–Sem a qual a água acabará –,
Demarcação já!
Demarcação já!
Pra que não deixem nem terras indígenas
Nem unidades de conservação
Abertas como chagas cancerígenas
Pelos efeitos da mineração
E de hidrelétricas no ventre da Amazônia, em Rondônia, no Pará…
Demarcação já!
Demarcação já!
Já que “tal qual o negro e o homossexual,
O índio é ´tudo que não presta´”, como quer
Quem quer tomar-lhe tudo que lhe resta,
Seu território, herança do ancestral,
E já que o que ele quer é o que é dele já,
Demarcação, “tá”?
Demarcação já!
Pro índio ter a aplicação do Estatuto
Que linde o seu rincão qual um reduto,
E blinde-o contra o branco mau e bruto
Que lhe roubou aquilo que era seu,
Tal como aconteceu, do pampa ao Amapá,
Demarcação lá!
Demarcação já!
Já que é assim que certos brancos agem:
Chamando-os de selvagens, se reagem,
E de não índios, se nem fingem reação
À violência e à violação
De seus direitos, de Humaitá ao Jaraguá;
Demarcação já!
Demarcação já!
Pois índio pode ter Ipad, freezer,
TV, caminhonete, “voadeira”,
Que nem por isso deixa de ser índio
Nem de querer e ter na sua aldeia
Cuia, canoa, cocar, arco, maracá.
Demarcação já!
Demarcação já!
Pra que o indígena não seja um indigente,
Um alcoólatra, um escravo ou exilado,
Ou acampado à beira duma estrada,
Ou confinado e no final um suicida,
Já velho ou jovem ou – pior – piá.
Demarcação já!
Demarcação já!
Por nós não vermos como natural
A sua morte sociocultural;
Em outros termos, por nos condoermos –
E termos como belo e absoluto
Seu contributo do tupi ao tucupi, do guarani ao guaraná.
Demarcação já!
Demarcação já!
Pois guaranis e makuxis e pataxós
Estão em nós, e somos nós, pois índio é nós;
É quem dentro de nós a gente traz, aliás,
De kaiapós e kaiowás somos xarás,
Xará.
Demarcação já!
Demarcação já!
Pra não perdermos com quem aprender
A comover-nos ao olhar e ver
As árvores, os pássaros e rios,
A chuva, a rocha, a noite, o sol, a arara
E a flor de maracujá,
Demarcação já!
Demarcação já!
Pelo respeito e pelo direito
À diferença e à diversidade
De cada etnia, cada minoria,
De cada espécie da comunidade
De seres vivos que na Terra ainda há,
Demarcação já!
Demarcação já!
Por um mundo melhor ou, pelo menos,
Algum mundo por vir; por um futuro
Melhor ou, oxalá, algum futuro;
Por eles e por nós, por todo mundo,
Que nessa barca junto todo mundo “tá”,
Demarcação já!
Demarcação já!
Já que depois que o enxame de Ibirapueras
E de Maracanãs de mata for pro chão,
Os yanomami morrerão deveras,
Mas seus xamãs seu povo vingarão,
E sobre a humanidade o céu cairá,
Demarcação já!
Demarcação já!
Já que, por isso, o plano do krenak encerra
Cantar, dançar, pra suspender o céu;
E indígena sem terra é todos sem a Terra,
É toda a civilização ao léu
Ao deus-dará.
Demarcação já!
Demarcação já!
Sem mais embromação na mesa do Palácio,
Nem mais embaço na gaveta da Justiça,
Nem mais demora nem delonga no processo,
Nem retrocesso nem pendenga no Congresso,
Nem lengalenga, nenhenhém nem blablablá!
Demarcação já!
Demarcação já!
Pra que nas terras finalmente demarcadas,
Ou autodemarcadas pelos índios,
Nem madeireiros, garimpeiros, fazendeiros,
Mandantes nem capangas nem jagunços,
Milícias nem polícias os afrontem.
Vrá!
Demarcação ontem!
Demarcação já!
E deixa o índio, deixa o índio, deixa os índios lá.
Baby, me beije
E não me deixe
Eu não quero te perder
Eu sinto medo
Do seu segredo
Não precisa nem dizer
Onde você passou a noite
Nem com quem nem o local
Onde você passou a noite?
Eu também já fiz igual…
Baby, me abrace
Que tudo passe
Eu não posso dispensar
O seu cuidado
Você ao meu lado
E eu não quero nem pensar
Onde você passou a noite
Nem com quem nem o local
Onde você passou a noite?
Eu também já fiz igual…
E o que me sobra é o sabor de mel e fel
E de saber que o seu amor ainda é meu
Dormir nos braços de quem me foi infiel
E perceber que o meu amor ainda é seu
De tudo que se vê e que se toca
Nada me toca tanto como tu
Da flor da pele até o céu da boca
Do sul ao norte do teu corpo nu
E eu te vejo e devoro, viajo e demoro
Nas formas e no conteúdo
E te adoro, e te adoro, e te adoro
Mais que tudo que existe, que tudo, que tudo
Transando assim contigo é que eu transcendo
É quando eu vou além do que sou eu
Trançando no teu corpo num crescendo
Sinto meu eu continuar no teu
E eu adentro teu centro, que eu vero venero
Me prendo e dali não desgrudo
E te quero, e te quero, e te quero
Mais que tudo que existe, que tudo, que tudo
Além da tua voz e o do teu gozo
Só tem um som que tanto bem me faz
O do teu nome que é tão luminoso
E é a palavra que me agrada mais
E eu murmuro esse nome, e te chamo, e te chamo
Com o corpo tomado, tesudo
E te amo, e te amo, e te amo (e te amo)
Mais que tudo que existe, que tudo, que tudo
Ó donos do agrobiz, ó reis do agronegócio,
Ó produtores de alimento com veneno,
Vocês que aumentam todo ano sua posse,
E que poluem cada palmo de terreno,
E que possuem cada qual um latifúndio,
E que destratam e destroem o ambiente,
De cada mente de vocês olhei no fundo
E vi o quanto cada um, no fundo, mente.
Vocês desterram povaréus ao léu que erram,
E não empregam tanta gente como pregam.
Vocês não matam nem a fome que há na Terra,
Nem alimentam tanto a gente como alegam.
É o pequeno produtor que nos provê e os
Seus deputados não protegem, como dizem:
Outra mentira de vocês, Pinóquios véios.
Vocês já viram como tá o seu nariz, hem?
Vocês me dizem que o Brasil não desenvolve
Sem o agrebiz feroz, desenvolvimentista.
Mas até hoje na verdade nunca houve
Um desenvolvimento tão destrutivista.
É o que diz aquele que vocês não ouvem,
O cientista, essa voz, a da ciência.
Tampouco a voz da consciência os comove.
Vocês só ouvem algo por conveniência.
Para vocês, que emitem montes de dióxido,
Para vocês, que têm um gênio neurastênico,
Pobre tem mais é que comer com agrotóxico,
Povo tem mais é que comer, se tem transgênico.
É o que acha, é o que disse um certo dia
Miss Motosserrainha do Desmatamento.
Já o que acho é que vocês é que deviam
Diariamente só comer seu “alimento”.
Vocês se elegem e legislam, feito cínicos,
Em causa própria ou de empresa coligada:
O frigo, a múlti de transgene e agentes químicos,
Que bancam cada deputado da bancada.
Té comunista cai no lobby antiecológico
Do ruralista cujo clã é um grande clube.
Inclui até quem é racista e homofóbico.
Vocês abafam mas tá tudo no YouTube.
Vocês que enxotam o que luta por justiça;
Vocês que oprimem quem produz e que preserva;
Vocês que pilham, assediam e cobiçam
A terra indígena, o quilombo e a reserva;
Vocês que podam e que fodem e que ferram
Quem represente pela frente uma barreira,
Seja o posseiro, o seringueiro ou o sem-terra,
O extrativista, o ambientalista ou a freira;
Vocês que criam, matam cruelmente bois,
Cujas carcaças formam um enorme lixo;
Vocês que exterminam peixes, caracóis,
Sapos e pássaros e abelhas do seu nicho;
E que rebaixam planta, bicho e outros entes,
E acham pobre, preto e índio “tudo” chucro:
Por que dispensam tal desprezo a um vivente?
Por que só prezam e só pensam no seu lucro?
Eu vejo a liberdade dada aos que se põem
Além da lei, na lista do trabalho escravo,
E a anistia concedida aos que destroem
O verde, a vida, sem morrer com um centavo.
Com dor eu vejo cenas de horror tão fortes,
Tal como eu vejo com amor a fonte linda –
E além do monte o pôr-do-sol porque por sorte
Vocês não destruíram o horizonte… Ainda.
Seu avião derrama a chuva de veneno
Na plantação e causa a náusea violenta
E a intoxicação “ne” adultos e pequenos –
Na mãe que contamina o filho que amamenta.
Provoca aborto e suicídio o inseticida,
Mas na mansão o fato não sensibiliza.
Vocês já não ´tão nem aí co´aquelas vidas.
Vejam como é que o Ogrobiz desumaniza…:
Desmata Minas, a Amazônia, Mato Grosso…;
Infecta solo, rio, ar, lençol freático;
Consome, mais do que qualquer outro negócio,
Um quatrilhão de litros d´água, o que é dramático.
Por tanto mal, do qual vocês não se redimem;
Por tal excesso que só leva à escassez –
Por essa seca, essa crise, esse crime,
Não há maiores responsáveis que vocês.
Eu vejo o campo de vocês ficar infértil,
Num tempo um tanto longe ainda, mas não muito;
E eu vejo a terra de vocês restar estéril,
Num tempo cada vez mais perto, e lhes pergunto:
O que será que os seus filhos acharão de
Vocês diante de um legado tão nefasto,
Vocês que fazem das fazendas hoje um grande
Deserto verde só de soja, cana ou pasto?
Pelos milhares que ontem foram e amanhã ser-
Ão mortos pelo grão-negócio de vocês;
Pelos milhares dessas vítimas de câncer,
De fome e sede, e fogo e bala, e de AVCs;
Saibam vocês, que ganham com um negócio desse
Muitos milhões, enquanto perdem sua alma,
Que eu me alegraria se afinal morresse
Esse sistema que nos causa tanto trauma.