E affrontando,
Il traffico, del traffico equivoco;
Il tossico, del transito nocivo;
La droga e l’indigesto digestivo;
Il male che minaccia il corpo vivo,
La mente, il mal dell’ente collettivo;
Il sangue, il mal del sieropositivo;
E affrontando queste realtà,
Il vivo afferma, fermo, affermativo:
“Quel che vale davvero è restar vivo”.
Sospeso, non perfetto, non completo,
Non soddisfatto mai, ne mai contento,
Così incompiuto e non definitivo:
E apesar Do tráfico, do tráfego equívoco, Do tóxico do trânsito nocivo; Da droga do indigesto digestivo; De o câncer vir do cerne do ser vivo; Da mente, o mal do ente coletivo; Do sangue, o mal do soropositivo; E apesar dessas e outras, O vivo afirma, firme, afirmativo:
“O que mais vale a pena é estar vivo!”
Não feito, não perfeito, não completo, Não satisfeito nunca, não contente, Não acabado, não definitivo:
Quando o sol
Abaixou
Num dia tão monótono,
A paixão
Me deixou
Atônito.
Me tirou
Da rotina,
E num momento único,
Alterou
Meu destino
De súbito.
Aí,
Saí do vale do meu tormento,
E fui
Cair no lago do teu amor;
Ali,
Aliviei todo o meu sofrimento,
E ui,
Me vi gemendo de prazer que nem de dor.
Enfim, lancei de mim um grito;
E em ti, fui um com o infinito.
E no céu
Do meu eu,
No íntimo, no âmago,
Acendeu
Um límpido
Relâmpago.
No ápice,
Em átimos
Que pareceram séculos,
Eu me banhei
E me lavei
Em sexo e luz.
Então,
Além do monte, além do horizonte,
Ah sim,
Além do mundo, além da razão,
Oh não,
Bebi do poço sem fundo, da fonte
Sem fim,
O poço do desejo, a fonte da paixão.
Enfim, lancei de mim um grito;
E em ti, fui um com o infinito.
de “Que Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria”, de Roberta Sá
Não há abrigo contra o mal,
Nem sequer
A ilha idílica na qual
A mulher
E o homem vivam afinal
Qual
Se quer,
Tão-só de amor num canto qual-
Quer.
Erra
Quem sonha com a paz mas sem a guerra.
O céu existe, pois existe a terra.
Assim também, nessa vida real,
Não há o bem sem o mal,
Nem há
Amor sem que uma hora o ódio venha;
Bendito ódio, o ódio que mantém a
Intensidade do amor, seu ardor;
A densidade do amor, seu vigor;
E a outra face do amor vem à flor,
Na flor que nasce do amor.
Porém, há que saber fazer,
Sem opor,
O bem ao mal prevalecer,
E o amor
Ao ódio inserto em nosso ser
Se impor,
E à dor, que é certa, o prazer
Sobrepor,
E ao frio que nos faz sofrer,
O calor,
E à guerra enfim a paz vencer.
No sub-imundo mundo sub-humano
Aos montes, sob as pontes, sob o sol
Sem ar, sem horizonte, no infortúnio
Sem luz no fim do túnel, sem farol
Sem-terra se transformam em sem-teto
Pivetes logo se tornam pixotes
Meninas, mini-xotas, mini-putas, de pequeninas tetas nos decotes
Quem vai pagar a conta? Quem vai lavar a cruz?
O último a sair do breu, acende a luz
No topo da pirâmide, tirânica
Estúpida, tapada minoria
Cultiva viva como a uma flor
A vespa vesga da mesquinharia
Na civilização eis a barbárie
É a penúria que se pronuncia
Com sua boca oca, sua cárie
Ou sua raiva e sua revelia
Quem vai pagar a conta? Quem vai lavar a cruz?
O último a sair do breu, acende a luz
O que prometeu não cumpriu
O fogo apagou, a luz extinguiu
Não canto mais Bebete nem Domingas
Nem Xica nem Tereza, de Ben Jor;
Nem Drão nem Flora, do baiano Gil;
Nem Ana nem Luiza, do maior;
Já não homenageio Januária,
Joana, Ana, Bárbara, de Chico;
Nem Yoko, a nipônica de Lennon;
Nem a cabocla, de Tinoco e de Tonico;
Nem a tigresa, nem a vera gata,
Nem a branquinha, de Caetano;
Nem mesmo a linda flor de Luiz Gonzaga,
Rosinha, do sertão pernambucano;
Nem Risoflora, a flor de Chico Science –
Nenhuma continua nos meus planos.
Nem Kátia Flávia, de Fausto Fawcett;
Nem Anna Júlia, dos Los Hermanos.
Só você,
Hoje eu canto só você;
Só você,
Que eu quero porque quero por querer.
Não canto de Melô pérola negra;
De Brown e Herbert, uma brasileira;
De Ari, nem a baiana nem Maria,
Nem a Iaiá também, nem a faceira;
De Dorival, nem Dora nem Marina
Nem a morena de Itapoã;
De Vina, a garota de Ipanema;
Nem Iracema, de Adoniran.
De Jackson do Pandeiro, nem Cremilda;
De Michael Jackson, nem a Billie Jean;
De Jimi Hendrix, nem a doce Angel;
Nem Ângela nem Lígia, de Jobim;
Nem Lia, Lily Braun nem Beatriz,
Das doze deusas de Edu e Chico;
Até das trinta Leilas de Donato
E da Layla de Clapton eu abdico.
Só você,
Canto e toco só você;
Só você,
Que nem você ninguém mais pode haver.
Nem a namoradinha de um amigo
E nem a amada amante de Roberto;
E nem Michelle-ma-belle, do beatle Paul;
Nem Isabel – Bebel – de João Gilberto;
E nem B.B., la femme de Serge Gainsbourg;
Nem, de Totó, na malafemmena;
Nem a Iaiá de Zeca Pagodinho;
Nem a mulata mulatinha de Lalá;
E nem a carioca de Vinicius
E nem a tropicana de Alceu
E nem a escurinha de Geraldo
E nem a pastorinha de Noel
E nem a namorada de Carlinhos
E nem a superstar do Tremendão
E nem a malaguenha de Lecuona
E nem a popozuda do Tigrão
Só você,
Hoje elejo e elogio só você,
Só você,
Que nem você não há nem quem nem quê.
De Haroldo Lobo com Wilson Batista,
De Mário Lago e Ataulfo Alves,
Não canto nem Emília nem Amélia:
Nenhuma tem meus vivas! e meus salves!
E nem Angie do stone Mick Jagger
E nem Roxanne, de Sting, do Police;
E nem a mina do mamona Dinho
E nem as mina – pá! – do mano Xis!
Loira de Hervê e loira do É O Tchan,
Lôra de Gabriel, o Pensador;
Laura de Mercer, Laura de Braguinha
(L´aura de Daniel, o trovador?);
Ana do Rei e Ana de Djavan,
Ana do outro rei, o do baião:
Nenhuma delas hoje cantarei:
Só outra reina no meu coração.
Só você,
Rainha aqui é só você,
Só você,
A musa dentre as musas de A a Z.
Se um dia me surgisse uma moça
Dessas que, com seus dotes e seus dons,
Inspiram parte dos compositores
Na arte das palavras e dos sons,
Tal como Madelleine, de Jacques Brel,
Ou como Madalena, de Martinho,
Ou Mabellene e a sixteen de Chuck Berry,
Ou a manequim do tímido Paulinho;
Ou como, de Caymmi, a moça pRosa
E a musa inspiradora Doralice;
Se me surgisse uma moça dessas,
Confesso que eu talvez não resistisse;
Mas, veja bem, meu bem, minha querida:
Isso seria só por uma vez,
Uma vez só em toda a minha vida!
Ou talvez duas… mas não mais que três…
Só você…
Mais que tudo é só você;
Só você…
As coisas mais queridas você é:
Você pra mim é o sol da minha noite;
É como a rosa, luz de Pixinguinha;
É como a estrela pura aparecida,
A estrela a refulgir, do Poetinha;
Você, ó flor, é como a nuvem calma
No céu da alma de Luiz Vieira;
Você é como a luz do sol da vida
De Stevie Wonder, ó minha parceira.
Você é para mim e o meu amor,
Crescendo como mato em campos vastos,
Mais que a gatinha para Erasmo Carlos;
Mais que a cigana pra Ronaldo Bastos;
Mais que a divina dama pra Cartola;
Que a domna pra De Ventadorn, Bernart;
Que a honey baby para Waly Salomão
E a funny valentine pra Lorenz Hart.
Só você,
Mais que tudo e todas, só você;
Só você,
Que é todas elas juntas num só ser.
E apesar
Do tráfico, do tráfego equívoco,
Do tóxico do trânsito nocivo;
Da droga do indigesto digestivo;
De o câncer vir do cerne do ser vivo;
Da mente, o mal do ente coletivo;
Do sangue, o mal do soropositivo;
E apesar dessas e outras,
O vivo afirma, firme, afirmativo:
“O que mais vale a pena é estar vivo!”
Não feito, não perfeito, não completo,
Não satisfeito nunca, não contente,
Não acabado, não definitivo:
Que virá do sonho?
Toda bruta.
Que virá do sem som do sonho?
Pedra toda bruta.
Que se verá vir do sem som com cor do sonho?
Pedra preta toda bruta.
E quererá entrar na realidade?
Pedra preta transmudada toda bruta,
Pra fecundar a realidade
E reviver a metade de nada?
Pedra preta azul-luz-transmudada toda bruta.
Que trará então nesse dia
O grande grão da alegria?
Pedra pretablue toda bruta.
Eu não imaginara, Nara, Nara,
Que eu me apaixonara, Nara, Nara, Nara, por você;
Como eu jamais imaginara, Nara,
Meu coração dispara, pára, pára, pára por você.
Nara, o tempo não espera por nós dois,
E o tempo da paixão é já, jamais depois.
Eu já me condenara, Nara, Nara,
Quando eu me vi, de cara, cara a cara, cara, com você;
Aí então já me danara, Nara,
Como eu jamais imaginara, Nara, Nara, com você…
Nara, o tempo não espera por nós dois,
E o tempo da paixão é já, jamais depois.
Eu não imaginara, Nara, Nara:
O amor me revolucionara, Nara, Nara, por você.
Também me aprisionara, Nara, Nara,
E não me libertara a tara, a tara, a tara por você.
Nara, o tempo não espera por nós dois,
E o tempo da paixão é já, não é jamais depois.
A fêmea, o gêmeo, o gérmen, o sêmen,
O homem, o hímen, o ímã, o clímax,
A fênix, o pênis, a Vênus, o Adônis,
O ânus, o tônus, o músculo, o másculo,
A carne, o nácar, o néctar, o esfíncter,
A púbis, a cútis, o látex, o ápice,
Os lábios, os hábeis, as línguas, os langues,
A relva, a selva, a vulva, o alvo,
A dupla, a cópula, o pólen, a pétala,
A pelve, a pele, o plexo, o amplexo,
A perna, o esperma, o pasmo, o espasmo,
Os órgãos, a gosma, o orgasmo, o cosmo
de “Luar – Canções de Arrigo Barnabé”, de Tuca Fernandes
Que eco e em que século?
Qual onda de som, qual sonda?
E que sinal de sim afinal
Fará chegar a mensagem do homem ao Cosmos
De não querer
Ser só um ser
A sós?
Daqui desse grande grão de
Areia azul, mirante,
Poeira do estouro estelar,
Veja agora aquilo que era a milhares
De anos-luz
E Vênus-luz
Brilhar. (*)