CR apresenta curso sobre Chico Buarque no CeU Maria Antonia

O curso TEMA, FORMA E ESTILO EM CHICO BUARQUE será ministrado no Centro Universitário Maria Antonia (São Paulo) nos próximos dias 28 de maio, 3 e 10 de junho 2014 – das 20h às 22h30. Mais informações podem ser obtidas em
http://www.mariantonia.prceu.usp.br/?q=encontros/chico-buarque-tema-forma-e-estilo ou pelos telefones (11) 3123-5213 / 5214.

Em foco, a poesia da música de um dos maiores autores de canção do mundo. A sua magistral combinação de palavras e sons; o status literário de suas letras; o rimário sofisticado e a exploração da sonoridade. As aliterações criativas; os originais jogos lingüísticos; os sistemas rímicos eruditos; o virtuosismo no manejo dos versos. A poesia social e libertária.

Sincronicidade

Se eu penso em você
Meu marrom-glacê
Logo você dá de
Me ligar sem ninguém saber por quê

Se você, meu bem
Pensa em mim também
Por casualidade
Logo eu apareço aí, vindo do além

Nossa sincronicidade é tão mágica
Que nos conecta sem nenhuma lógica
(Nossa) sincronicidade maluca, é
Tal como um beque tal como um néctar
Para mim e pra você

Se eu penso em ti
Oh meu açaí
Sem causalidade
Chega um torpedo teu logo por aqui

Sim, é sempre assim
Pra você e pra mim
E pra sempre há de
Ser assim para nós dois até o fim

Nossa sincronicidade é tão mágica
Que nos conecta sem nenhuma lógica
(Nossa) sincronicidade maluca, é
Tal como um beque tal como um néctar
Para mim e pra você

Nossa sincronicidade é tão mágica

Artigo do Professor Pasquale sobre “Ecos do ´Ão´”

“Ecos do ão”
ENQUANTO ECOA pelo país o “Pentacampeão!”, minha mente viaja e se lembra de uma bela letra da moderna canção brasileira, “Ecos do Ão”, de Lenine e Carlos Rennó: “Rebenta na Febem rebelião/ um vem com um refém e um facão/ a mãe aflita grita logo: não!/ e gruda as mãos na grade do portão/ aqui no caos total do cu do mundo cão/ tal a pobreza, tal a podridão/ que assim nosso destino e direção/ são um enigma, uma interrogação/ e, se nos cabe apenas decepção,/ colapso, lapso, rapto, corrupção?/ e mais desgraça, mais degradação?/ concentração, má distribuição?/ então a nossa contribuição não é senão canção, consolação?/ não haverá então mais solução?/ não, não, não, não, não…/ (…) mas, se nós temos planos, e eles são/ o fim da fome e da difamação/ por que não pô-los logo em ação?/ tal seja agora a inauguração/ da nova nossa civilização/ tão singular igual ao nosso ão/ e sejam belos, livres, luminosos os nossos sonhos de nação”.
Quanto ao conteúdo, a letra dispensa comentários. Como diria Belchior, “ao vivo, é muito pior”. Concentremo-nos, pois, num dos aspectos formais do texto. O leitor certamente notou que à triste e dura temática foi associado um dado linguístico importante: o “ão” (“tão singular igual ao nosso ão”). Eis um belo exemplo de como é possível unir forma e conteúdo. Em outras palavras, os autores pregam a idéia de que a solução de nossos problemas deve ter nossa marca.
Mas o “ão” nem sempre é solução. Guimarães Rosa já dizia que “pão ou pães, é questão de opiniães”. Em rigor, Guimarães tem razão, uma vez que são as “opiniães” dos usuários que estabelecem que o plural de “mão” seja “mãos”, que o de “cão” seja “cães” e que o de “coração” seja “corações”.
Mas a coisa nem sempre é tão simples assim. Atire a primeira pedra aquele que nunca se viu perdido diante do plural de alguma palavra terminada em “ão”! Genericamente, essas palavras fazem o plural em “ões” (portão/ portões, sabão/sabões etc.), mas não são poucas as que o fazem em “ães” (alemão/alemães, pão/ pães) ou “ãos” (grão/grãos, mão/ mãos). Na dúvida, a melhor saída é mesmo um dicionário.
Bem, sobre essa história do “ão”, parece conveniente pôr o dedo numa questão importante: se o “nosso” da letra de “Ecos do Ão” (“tão igual ao nosso ão”) se refere à língua dos brasileiros, refere-se à de todos os lusoparlantes. Posto isso, não resisto à tentação de lembrar que, em Portugal, terminam em “ão” (“protão”, “eletrão”, “neutrão”, oxítonas) algumas das palavras que no nosso português terminam em “on” (“próton”, “elétron”, “nêutron”). Como se vê, as “opiniães” vão mais longe do que supomos.
Para encerrar, duas palavras sobre “pentacampeão” etc. Mal terminou o jogo contra a Alemanha, o pessoal de rádio e televisão se pôs a falar do “hexa”. “Hexa”, que vem do grego e significa “seis”, está presente em vários termos técnicos (“hexápode”, “hexágono”, “hexagonal” etc.). O problema é a pronúncia: o “Aurélio”, o “Vocabulário Ortográfico” e o dicionário de Caldas Aulete recomendam que o “x” de todas essas palavras seja lido como “cs”; o “Houaiss” sugere que se leia esse “x” como “z”. É isso.

Pasquale Cipro Neto

(Publicado no jornal “Folha de São Paulo”, em 4 de Julho de 2002)

Crisálida-Borboleta

teteasasdoetereocapacd

(composição de 1984)

De palavra a palavreta
Crisalita a brisoleta
De lagarta a borboletra
A crisálida

Desencasula a crisálida
Aquarela alada, crisálita
Em lazulita, crisólita
Quem deslinda uma linguagem insólita?

Criso-briso-bribo-boiboleta ao pleniléu
Asalegre bela pelepétala de papel
Libralisa a brisa lindesliza a lisabrir
Butterflyingflower deflowerer fleeting like a flee

Borboleta
Extravagante e travessa
Vagabunda transmutante qual um travesti

Soneto de Glauco Mattoso dedicado a Carlos Rennó

#1199 SONETO DO AQUECIMENTO GLOBAL (para Carlos Rennó) [abril/2007]

Fallar de “aquecimento” ja não faz
apenas referencia ao jogador
de bola ou ao commercio: o divisor
das aguas é o que existe por detraz.

Agora de “emissão”, de “estufa” e “gaz”
se falla. Antigamente, o defensor
da Terra, em vez de guerra, fez amor,
foi “hippie” e “ecologista”… Hoje, é mordaz:

– Bem feito! Não fallei? Vocês diziam
que estavamos no mundo mais lunar!
Tardou, mas disso se penitenciam!

Si esperam do planeta algum logar
de vida e não de morte, não me riam
do rotulo: “Lar, agua doce lar”!

(Publicado no livro “Mil e uma línguas”, de 2008)

TEMA, FORMA E ESTILO EM CHICO BUARQUE

Em foco, fatores importantes no processo de criação de Chico, particularmente a sua poesia, como a correspondência entre seus versos e melodias e o status literário, paralelamente aos temas abordados (de implicações políticas, sociais, o lírico-amoroso, o “feminino”), de suas letras; o rimário sofisticado e a exploração da sonoridade. Aí se incluem tópicos como as aliterações criativas; os originais jogos lingüísticos; as relações de som e sentido, significado e significante; os sistemas rímicos eruditos, como os polifônicos; o virtuosismo no manejo dos versos. O compositor-letrista é situado, ao lado de Caetano Veloso, Cole Porter e Bob Dylan, entre os maiores compositores-letristas dos últimos cem anos. Partindo da abordagem das inventivas e magistrais combinações de palavras e sons que ele promove em suas canções, o curso destaca análises, entre outras, das seguintes canções: “Construção”, “O Futebol”, “Bancarrota Blues”, “Iracema Voou”, “A História de Lily Braun”, “O Que Será (À Flor da Pele)”, “Atrás da Porta”, “Bárbara”, “A Rosa”, “Paratodos” e “Flor da Idade”.

Carreira

– Carlos Rennó é letrista de música popular, produtor artístico e jornalista.

– Entre outras canções com letras suas, destacam-se: “Todas Elas Juntas Num Só Ser” (composta com e gravada por Lenine no CD “In Cittè” e por Ana Carolina em “Ensaio de Cores”); “Escrito nas Estrelas” (composta com Arnaldo Black e gravada por Tetê Espíndola); “Façamos” (versão de “Let’s Do It”, de Cole Porter, gravada por Chico Buarque e Elza Soares no CD “Cole Porter e George Gershwin – Canções, Versões” e tema de abertura da novela “Desejos de Mulher”, da Rede Globo); “To Be Tupi” (composta com e gravada por Lenine no CD “Na Pressão” e música-tema do filme “Caramuru”); “Mar e Sol” e “Sexo e Luz” (com Lokua Kanza, por Gal Costa, no CD “Hoje”); “Fogo e Gasolina” (com Pedro Luís, gravada por Roberta Sá e Lenine, no CD “Que Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria”); “Átimo de Pó” (com e por Gilberto Gil, no CD “Quanta”); e “Bem-Bom” (com Arrigo Barnabé e Eduardo Gudim, gravada por Gal Costa no disco “Bem-Bom”).

– Seus principais parceiros até hoje são Tetê Espíndola, Arrigo Barnabé, Lenine, Pedro Luís, Lokua Kanza, Chico César, Paulinho Moska e Arnaldo Black. O autor também já fez músicas com Gilberto Gil, João Bosco, Rita Lee, Tom Zé, Vicente Barreto, Marcelo Jeneci, Roberta Sá, Moreno Veloso, Ana Carolina, Gustavo Ruiz, Leo Cavalcanti, Zé Miguel Wisnik, Hermelino Neder, Eduardo Gudim, Walter Santos e Wilson Simoninha (mais parceiros, mais abaixo).

– Os cantores que mais gravaram canções com letras suas até hoje são Tetê Espíndola, Gal Costa, Roberta Sá, Lenine e Arrigo Barnabé. Vêm a seguir: Chico César e João Bosco; Ana Carolina, Carlinhos Brown, Elba Ramalho, Eliete Negreiros, Elza Soares, Flávio Henrique, Gilberto Gil, Ná Ozzetti, Ney Matogrosso, Paula Lima, Paula Morelenbaum, Sandra de Sá, Vania Bastos, Wilson Simoninha e Zélia Duncan.

– Outros intérpretes: Beto Lee, Caetano Veloso, Carlos Fernando, Cássia Eller, Chico Buarque, Dominguinhos, Ed Motta, Emilio Santiago, Erasmo Carlos, Fiorella Manoia, Jane Ducob, Jussara Silveira, Lô Borges, Luciana Souza, Maria Bethânia, Mariana Aydar, Maria Rita, Monica Salmaso, Moreno Veloso, MPB-4, Negra Li, Olivia Hime, Patricia Marx, Paula Toller, Paulinho da Viola, Sarajane, Sérgio Britto, Seu Jorge, Suzana Salles e Tom Zé.

– Em 1985, Carlos Rennó venceu o Festival dos Festivais, da Rede Globo, como co-autor de “Escrito nas Estrelas” (parceria com Arnaldo Blak), defendida por Tetê Espíndola.

– Em 2000, lançou, como produtor artístico e versionista, o CD “Cole Porter e George Gershwin – Canções, Versões” (Geléia Geral, 2000), com versões de sua autoria cantadas por nomes da MPB (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Elza Soares, Rita Lee, Tom Zé, Cássia Eller, Zélia Duncan, Sandra de Sá, Paula Toller, Ed Motta, Carlos Fernando, Jane Duboc, Jussara Silveira e Mônica Salmaso) e produção musical de Rodolfo Stroeter.

– Em 2005, recebeu, com seu parceiro Lenine, o prêmio Tim de “Canção do Ano”, pela composição “Todas Elas Juntas Num Só Ser”.

– Em 2009, lançou, como versionista e produtor artístico, o CD “Nego” com versões para o português de standards norte-americanos dos anos 20 a 40 do século passado, produção musical e arranjos de Jaques Morelenbaum e participação de Gal Costa, Erasmo Carlos, João Bosco, Elba Ramalho, Dominguinhos, João Donato, Maria Rita, Seu Jorge, Moreno Veloso, Carlinhos Brown, Gabriel o Pensador, Zélia Duncan, Paula Morelenbaum, Ná Ozzetti, Simoninha, Emilio Santiago e Olivia Hime; pela gravadora Biscoito Fino.

– Três canções e, por nove vezes, versões suas já integraram trilhas de novelas, a maioria da Rede Globo.

– Carlos Rennó é autor do livro “Cole Porter – Canções, Versões” (Paulicéia, 1991), com participações de Augusto de Campos, Caetano Veloso e Cláudio Leal Ferreira, e organizador de “Gilberto Gil – Todas as Letras” (Companhia das Letras, 1996; edição atualizada e ampliada, 2003).

– Tem textos publicados em livros de autoria coletiva como “Música Popular Brasileira Hoje” (da coleção “Folha Explica”; Publifolha, 2002; com um artigo sobre Caetano Veloso) e “Literatura e Música” (Senac São Paulo e Itaú Cultural; com o ensaio “Poesia literária e poesia de música: convergências”).

– Tem dezenas de artigos sobre música popular publicados em jornais (principalmente “Folha de S.Paulo”) e revistas (como “Bravo”), ao longo dos últimos trinta anos. Em 2001/2, escreveu os textos dos vinte sites (cada um sobre um compositor ou cantor da primeira metade do século vinte) da série “Os Inventores da Música Brasileira”, para o portal UOL.

– Entre 1994 e 1995, concebeu e produziu, no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, duas séries de espetáculos. “Sempre-Novas” – 14 espetáculos sobre compositores brasileiros do passado, com Luiz Melodia (em show cantando Geraldo Pereira), Jorge Mautner (Wilson Batista), Itamar Assumpção (Ataulfo Alves) e Carlos Fernando (Ary Barroso), entre outros. E “Encontros com o Século XX” – de espetáculos sobre compositores eruditos de vanguarda, com músicos como Clara Sverner, John Boudler, Martha Herr, Luís Eugênio Afonso e Paulo Álvares.

– Em 1998, concebeu e produziu o CD “Canções do Divino Mestre”, encartado no livro “Canção do Divino Mestre” (Companhia das Letras, 1998), do poeta Rogério Duarte, com as participações de Arnaldo Antunes, Arrigo Barnabé, Belchior, Cássia Eller, Chico César, Elba Ramalho, Gal Costa, Geraldo Azevedo, Gilberto Gil, Jussara Silveira, Lenine, Moreno Veloso, Siba e Tom Zé.

– Em 2004, no MIS-SP, foi curador e produtor da série “Estudos”, misto de palestra e show, sobre cantores e compositores do passado da música brasileira. Participaram, entre outros, Zélia Duncan (em apresentação sobre Aracy de Almeida), Tom Zé (João Gilberto), Max de Castro (Ataulfo Alves), Moreno Veloso (Assis Valente), Ná Ozzetti (Carmen Miranda) e Luiz Tatit (Dorival Caymmi).

– Em 2005, se responsabilizou pela pesquisa e pelo levantamento do repertório do disco de Gal Costa “Hoje”.

– Em 2006, apresentou (e roteirizou) o programa “Uma Vez, Uma Canção”, da TV Cultura, de São Paulo.

– No mesmo ano, concebeu e foi o diretor artístico do projeto “Pais e Filhos”, série de shows por unidades do Sesc de São Paulo em 2006-7 (com apresentações de Caetano e Moreno Veloso, Moraes Moreira e Davi Moraes, Edu e Bena Lobo, Ivan e Claúdio Lins, Beto, Gabriel e Ian Guedes, entre outros).

– Carlos Rennó já ministrou cursos, oficinas e palestras sobre canção popular em São Paulo e outras cidades (do interior de São Paulo e de outros estados, como Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Paraíba). De 2001 para cá, vem dando cursos, oficinas e workshops em eventos e locais como: Festival Brasil NoAr, na Universidade de Barcelona, Espanha; Jornada Literária de Passo Fundo-RS; Festival de Inverno de Bonito-MS; Conjunto Cultural da Caixa, em Brasília e em São Paulo; unidades do Sesc de Vila Mariana, da Pompeia, de Pinheiros e da Consolação, em São Paulo, e de Santos, São Carlos, Santo André, Araraquara, Piracicaba e Taubaté-SP; Instituto Cultural Itaú, Universidade Livre de Música, Museu da Imagem e do Som, Casa Guilherme de Almeida, Instituto Tomie Ohtake, Centro Universitário Maria Antonia (USP), USP (Faculdade de Letras), Fasm (Faculdade Santa Marcelina de Música) e O Beco, em São Paulo. Os temas têm variado, indo das convergências entre poesia literária e poesia de canção, tradução de poesia literária e versão de canção, às relações e ao casamento entre letras e músicas; de canções de Chico Buarque e Caetano Veloso a canções de Lupicínio Rodrigues.

– Outros parceiros de Carlos Rennó: Aldo Brizzi, Alzira Espíndola, Antonio Pinto, Arnaldo Antunes, Beto Lee, Beto Villares, Bozo Barretti, Celito Espíndola, Cid Campos, Geraldo Espíndola, Glauco Mattoso, Iara Rennó, João Cavalcanti, Jota Veloso, Kiko Dinucci, Luiz Tatit, Lula Queiroga, Mário Adnet, Mário Sève, Moraes Moreira, Nelson Ascher, Paçoca, Paulo Tatit, Peninha, Roberto de Carvalho, Rogério Duarte, Sandra de Sá, Sérgio Britto, Skowa, Vitor Ramil, Wagner Argolo, Zé Renato e Zeca Baleiro.

– Outros intérpretes: Alzira Espíndola, Camilo Frade, Drê, Elisa Paraíso, Lírio Selvagem, Patricia Talem, Regina Machado, Roberto de Carvalho, Tito Lys e Tuca Fernandes.

– Carlos Rennó nasceu em 1956, em São José dos Campos, estado de São Paulo. Nos anos 70 morou em Campinas e Campo Grande. Vive em São Paulo desde 1978. Formou-se jornalista pela Faculdade Cásper Líbero, de São Paulo, em 1985.

TEMA, FORMA E ESTILO EM GILBERTO GIL

A análise dos versos de Gil sob o aspecto sonoro, pondo em foco a criatividade de seu rimário – no qual sobressaem rimas de som e de sentido, raras e leoninas – e o alto nível de suas aliterações, ressaltando nestas as relações especiais entre signos e significados. São focalizadas, também, as relações de equivalência entre certas palavras cantadas e as notas correspondentes na melodia (isomorfismo verbomusical), além de jogos de palavras e ideias entre os versos. Enfim, uma série de procedimentos que colaboram para fazer de Gil um mestre da melopeia, a espécie de poesia impregnada de musicalidade, de nossos tempos. No repertório, canções como “Domingo no Parque”, “A Novidade”, “Palco”, “Metáfora”, “Punk da Periferia”, “Pessoa Nefasta”, “Se Eu Quiser Falar com Deus” e “A Linha e o Linho”, entre outras.

TEMA, FORMA E ESTILO EM CAETANO VELOSO

Em relevo, os elementos que colaboram para a riqueza formal e estilística na poética da obra de Caetano. Aspectos de suas letras como: a sonoridade, com destaque para o seu rimário rico, inventivo e sofisticado; para o emprego de aliterações e anagramas; de medidas poéticas clássicas e de formas de natureza vanguardista; as composições de palavras de inspiração joyceana; as citações poéticas cultas; as musicalizações de poemas concretistas; as relações de equivalência entre palavras e notas musicais. Enfim, uma série de procedimentos que concorrem para fazer de Caetano um grande mestre da melopeia, a espécie de poesia impregnada de musicalidade, de nossos tempos. Um artista que, atuando no âmbito da canção pop, rompe com os limites entre alta e baixa cultura, cultura popular e erudita, poesia e letra de música. Em pauta, canções como “Alegria, Alegria”, “A Tua Presença”, “Oração ao Tempo”, “London London”, “Sampa”, “Escândalo”, “Vaca Profana” e “Rapte-me, Camaleoa”, entre várias outras.

“Instantáneas / Instantâneos” (Mesósticos para Haroldo)

Publicado na exposição “Ocupação Haroldo de Campos – H Láxia”, no Instituto Itaú Cultural e na Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, em São Paulo, de fevereiro a abril de 2011

a partir do poema “Instantáneas”, de Octavio Paz,
e sua tradução, “Instantâneos”, de Nelson Ascher


            Horas
           yA
        maduRas
       pájarOs
          deL 
            Del 
            Otoño
            
            De
       corriEnte
            
         eléCtrica
     sorpresA
            Memoria
          coPa
         alcOba
         paíSes
            
            Hueso
         melAncolia
         tueRca
            Oxidada
          veLa
            Dormido
           pOlea
            
       párpaDos
           dEl
            
            Convalesciente
       lluviA
            Mesa
            Pensamiento
     pasadizO
         ecoS
            
            Húmeda
         enjAmbre
            Reflejos
           sObre
            La
      confunDidos
           lO
            
      enlazaDo
            Entrevisto
            
       invenCiones
           lA
            Memoria
         desPedidas
            Ojo
encarnacioneS
            
            Horas
           mAduras
       pássaRos
           cOmetas
          taLo
            Da
        búziO
            
        abanDonado
           mEmória
            
           oCeano
    petrificAdo
          nôMades
            Paralisia
      desertO
        imenSidões
            
          olHos
           sAngue
         entRe
           hOrtelã
          coLinas
            De
           sOmbras
            
            Da
           dE
            
       melanColia
          umA
       coroaM
        mariPosas
           sObre
          fuSelagem
            
           cHuva
      ligeirA
         sobRe
         aurOra
        janeLa
            Da
           cOnvalescente
            
            Da
           fEsta
            
            Chuva
           cAveira
            Mesa
            Pensamento
           cOrredor
         ecoS
            
           cHama
        úmidA
            Reflexos
           sObre
          enLaçado
  entrevistaDo
        razãO
            
            Despedidas
   encarnaçõEs
            
            Chamadas

O homem, a fêmea

O homem, a fêmea, o gêmeo, o gérmen
O hímen, o sémen, o ímã, o clímax
O pênis, o ânus, a Vênus, o Adônis
A fênix, o cóccix, a fúcsia, as núpcias
A púbis, a cútis, a dupla, a cópula
A pele, a pétala, o látex, o ápice
A perna, o esperma, o pasmo, o espasmo
O órgão, a gosma, o orgasmo, o cosmos

Musas de canções-cantadas às centenas

Jorge Ben Jor fez “Domingas” e provavelmente “Domingaz” e “Maria Domingas” para a mulher homônima, sua esposa. E desfiou a mais longa série de canções com nomes de mulher já lançada por um compositor brasileiro, inspirado sabe-se lá em quantas e quais figuras reais ou inventadas: Tereza, Bebete, Denise Rei, Ive Brussel, Comanche, Berenice, Gertrudes, Maria Luiza, Katarina, Bizância, Irene, Ana Tropicana, Lorraine, Jesualda, Barbarella, Aparecida, Terezinha, Zula, Palomaris, Magnólia, Adelita, Norma Jean, Dorothy, Luciana, Lady Benedicta, Mis X e Mona Lisa, além de Xica da Silva (a lendária figura da história do Brasil) e Rita Jeep (Rita Lee, ao que tudo indica).

Chico Buarque, vice-campeão nacional em canções contendo nomes próprios femininos, cantou Rita, Madalena, Carolina, Januária, Joana, Ana de Amsterdan, Bárbara, Terezinha, Angélica, Iracema, Lola, Nancy, Renata Maria, Rosa, outra Rosa, Lia, Lily Braun e Beatriz – esta última, segundo se imagina, para a atriz Marieta Severo, com quem foi casado. Duas receberam nomes de filhas suas e de Marieta: Sílvia e Helena. Uma, o de sua avó Cecília. Outra, o de sua irmã Cristina.

Gilberto Gil compôs duas das suas mais importantes canções para as duas mulheres mais importantes de sua vida e as nomeou com os nomes delas: Flora e Drão (apelido daquela que deu título ainda a uma outra música sua, “Sandra”).

Mais autobiográfico, Caetano Veloso, que dedicou “Irene” a uma irmã, também homenageou as duas mulheres com quem se casou em “Branquinha”, apelido de Paula Lavigne, e “Este Amor”, para Dedé Gadelha (que também ganhou “Minha Mulher”). E presenteou três atrizes com quem namorou com “Vera Gata”, para Vera Zimmerman, “Capte-Me Camaleoa”, para Regina Casé, e “Trem das Cores”, para Sônia Braga.

Outro que cantou a mulher (Mila, sutilmente citada no verso “Me lava a alma”), depois de Anna Julia: Marcelo Camelo, em “Samba a Dois”. Lenine também, em “Anna e Eu”. E a namorada: Chico Science, em “Risoflora”.

Outro cultor de musas nomeadas, Tom Jobim criou belas palavras e sons para Ângela, Lígia, Luiza, Ana Luiza, Dindi, Tereza e Gabriela (contrabandeada de Jorge Amado). Duas beldades, Helena e Nelita, inspiraram ao seu parceiro Vinicius de Moraes “Garota de Ipanema” e “Minha Namorada”, respectivamente. O poeta também escreveu “Gilda” para sua última mulher, a jornalista Gilda Mattoso.

Scarlet Moon foi cantada pelo marido Lulu Santos, com a participação de Rita Lee, na canção homônima. Erasmo Carlos também encontrou motivos na esposa, Nara, para criar “Superstar”. O mesmo se deu com seu parceiro de fé e irmão-camarada Roberto Carlos, a quem não faltou estímulos para trovar seu amor “sem limite” por Maria Rita.

Mais uma que foi cantada pelo marido, Paulo Cesar Pinheiro: a cantora Clara Nunes, em “Mineira” e em “Guerreira”. Baby Consuelo, pelo amigo e companheiro de Novos Baianos Luiz Galvão, em “Preta Pretinha” (na qual o grande letrista também aludiu sutilmente a uma namorada sua de nome Socorro, em “Só, somente Só / Assim vou lhe chamar,/ Assim você vai ser”). A poetiza Ledusha, por Ronaldo Bastos. E a celebridade Tiazinha, por Vinny.

Madalena serviu de mote para duas canções, uma de Martinho da Vila, uma de Ivan Lins – que, com Vitor Martins, também encontrou estímulos em Dinorá.

Lupicínio Rodrigues, autor confesso de canções-verdade com base em experiências amorosas reais, fez “Iná” e “Maria Rosa” inspirado em dois casos chamados… Iná e Maria Rosa. A união com Cerenita também foi celebrada em “Exemplo”. O mesmo ocorreu com Cartola, que deu para a sua Zica, como presente de casamento, “Nós Dois”.

Ceci, a maior paixão de Noel Rosa, lhe rendeu canções até pouco antes de morrer, quando ele fez “Último Desejo”. E a escurinha Izabel, a maior de Geraldo Pereira, rendeu a ele… “Escurinha” e “Izabel”.

Dorival Caymmi é outro grande cantor de nomes femininos: Anália, Rosa, Rosas, Doralice, Dora (segundo a lenda, uma prostituta do Recife) e uma das mais célebres musas do cancioneiro brasileiro: Marina. Outra dessas, Amélia, de Ataulfo Alves e Mário Lago, foi de fato uma mulher de verdade: a lavadeira da cantora Aracy de Almeida. Mas não é muito provável que Rosa, de Pixinguinha e Otavio de Souza, tenha se baseado numa figura real.

Luiz Gonzaga: Rosinha, Ana, Xandu. Lamartine Babo: Joux Joux. Ari Barroso: Maria. Assis Valente: Maria Boa. João de Barro: Mimi, Laura, Chiquita Bacana. Wilson Batista: Emília. Herivelto Martins: Izaura, Odete. E Joubert de Carvalho: Maringá.

Jair Amorim: Conceição. E Adoniran Barbosa: Iracema.

Antonio Adolfo: Sá Marina.

Tim Maia e Carlos Imperial: Cristina. Walter Franco: Iara. E Sidney Magal: Sandra Rosa Madalena.

Cazuza: Beth Balanço. Fausto Fawcett: Kátia Flávia.

Todos deram suas cantadas.

Todos usaram a canção para dar grandes cantadas. Muitos, para dar grandes cartadas.

Atrás de um grande cantor-poeta-compositor há sempre o nome de uma musa? Ou na frente de um a imagem de uma?

Pseudodoublet 2

GILBERTOGIL / LUIZGONZAGA

GILBERTOGIL
GIL BERTOGIA
LIL BERTO GIA
LIL ZERTO GIA
LIL ZERTZ GIA
LIL ZERTZ AIA
LIL ZERTZAGA
LIL ZERNZAGA
LIL ZEONZAGA
LULZEONZAGA
LULZGONZAGA
LUIZGONZAGA

Pseudodoublet 1

LAMARTINE BABO / RITA LEE JONES

LAMA_TINE_BABO
LAMA_LINE_BABO
LAMA_LENE_BABO
LAMA_LENE_OABO
LAMA_LENE_OMBO
LAMA_LENEJOMBO
LAMA_LEN_JOMBO
LAMA_LEE_JOMBO
LAMA_LEE_JONBO
LAMA_LEE_JONBS
LAMA_LEE_JONES
LATA_LEE_JONES
RATA_LEE_JONES
R ITA_ LEE_JONES

Lista de Textos Selecionados

O poeta da canção Orestes Barbosa
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Mais!”), em 9/5/1993, sob o título “Orestes leva para canção os sinais do moderno”

Humor e invenção em Lamartine Babo
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 10/1/2004, sob o título “Hoje meio esquecido, Lalá precisa ser cantado de novo”

Yes, nós temos Braguinha!
Publicado na revista “JAM”, em março de 1997, sob o título “Braguinha, 90 anos na alma brasileira”

João de Barro, arte e vida longas
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 25/12/2006, sob o título “Compositor foi o mestre das marchinhas”

A originalidade de Caymmi explicada
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 30 de setembro de 2006, sob o título “Obra tenta explicar a originalidade de Caymmi”

Uma arte da sedução
Publicado no portal UOL, no site sobre Dorival Caymmi da série “Os Inventores da MPB”, em 2000

Caymmi, beleza e invenção
Publicado na revista “Bravo”, em fevereiro de 2001, sob o título “Um criador solitário”

Preguiça qualitativamente produtiva
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada Especial”), em 17/8/2008, sob o título “´Preguiça criadora´ gerou o mais original compositor brasileiro”

Lupicínio sempre!
Publicado na exposição “Lupicínio – O Poeta da Dor de Cotovelo”, no Sesc Vila Mariana, de São Paulo, em julho de 2005

A MPB encarnada num dos maiores artistas do país
(o mundo começou enfim a descobri-lo)
Publicado no livro“Música Popular Brasileira Hoje”, da coleção “Folha Explica” (Publifolha), sob o título “Caetano Veloso”, em 2002

Em sons e sentidos, Caetano não tem fim
Publicado na revista “L´Officiel Brasil”, em agosto de 2012, sob o título “Outras palavras”

Caetano, em forma e com estilo
Publicado no jornal “Valor”, em 3-4-5/8/2012, sob o título “Caetano Veloso em forma e com estilo”

Gil, canto e violão, composição e poesia
Publicado na “Revista do CD – Compact Disc”, em setembro de 1992, sob o título “O livro de Gil”

Mil em um Gil
Publicado no encarte da caixa de CDs “Ensaio Geral 66/77” (PolyGram), de 1998

As canções de Gil e a dança; a dança nas canções de Gil
Publicado na plaquete do espetáculo de dança “O Brasileiro Gil”, dirigido por Paulo Dourado e com direção geral de Cynthia Gonçalves, de 2008

Gil aos 70: rimando como sempre – e como nunca
Publicado no jornal “Valor”, em 26/6/2012

“Paixão pela compaixão”
(Mesósticos para Gil, o Compassivo)
Publicado no site da exposição “GIL70” (www.gil70.com.br, concepção e direção de André Vallias), de 2012

Um eterno tropicalista
Inédito; escrito em novembro de 2002 (sobre Rogério Duarte)

Homenagem a Rogério Duarte
Lido durante a cerimônia de entrega do título de cidadão paulistano ao artista, na Câmara Municipal de São Paulo, em 22 de outubro de 2003

Parque Industrial ou o Satyricon de Tom Zé
Publicado no encarte do CD “Tom Zé” (originalmente Rozemblit; relançamento Sony Music), de 2000

“Se o Caso É Chorar” / “Todos os Olhos”
Publicado no encarte do álbum duplo com os CDs homônimos (originalmente Continental; relançamento Warner Music), de 2000

“Estudando o Samba” / “Correio da Estação do Brás”
Publicado no encarte do álbum duplo com os CDs homônimos (originalmente Continental; relançamento Warner Music), de 2000

“Jogos de Armar – Faça Você Mesmo”
Release do CD homônimo (Trama), de 2000

Mais uma armação de Tom Zé
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Mais!”), em 18/3/2001, sob o título “As múltiplas faces do som”

“Imprensa Cantada 2003”
Release do CD homônimo (Trama), de 2003

A poesia de Chico e da Mangueira
Publicado na revista “Net”, em fevereiro de 1998

Bob Dylan Thomas
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 5/3/2008, sob o título “Músico devorou poemas de fôlego”

Joyce em John Lennon
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 5/10/1992, sob o título “Bob Dylan levou Lennon à letra-arte”

Márcio Borges traduz letras e poemas de Paul McCartney
Publicado no jornal “Valor”, em 11-12-13/5/2001, sob o título “O canto do pássaro preto”

Brant interpreta música de Milton
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Mais”), em 2/3/2003, sob o título “Lirismo e boas intenções”

Homenagem a Jorge Mautner
Lido durante a cerimônia de entrega do título de cidadão paulistano ao artista, na Câmara Municipal de São Paulo, em 8 de maio de 2003

Poesia literária e poesia de música: convergências
Publicado no livro “Literatura e Música” (Senac Editora / Itaú Cultural), de 2003

Novidade e construção em Vinicius
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 4/11/2006, sob o título “Modernidade da obra de Vinicius é foco de ensaio sobre o poeta”

Vinicius, música e poesia
Publicado na revista “Bravo”, em agosto de 2001, sob o título “O poeta da corte”

Ira: a transpiração inspirada
Publicado na “Revista do CD – Compact Disc”, em outubro de 1992, sob o título “Ira Gershwin – o poeta de um gênio”

Um senhor letrista
Publicado na “Folha de S.Paulo”(“Mais!”), em 1/12/1996, sob o título “A letra culta (e elegante) de Mr. Words”

O mais romântico dos modernos
Publicado na revista “Época”, em 28 de setembro de 1998

O requintado casamento de versos e melodias em Porter e em Gershwin
Publicado na revista “NET” sob o título “Mas George tinha Ira…”

Engenho e arte nas letras de um gênio
Publicado na “Folha de S.Paulo” em 12/4/1989, sob o título “Letras reúnem o clássico e o pop”

Isomorfismo poético-musical: dois casos especiais
Publicado no jornal “Valor” de 8-9-10/10/2004, sob o título “Afinidades gravadas no coração”

Simplicidade sofisticada
Publicado na revista “NET”

A independência estética do rock de Paulo Barnabé
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 27/9/1987, sob o título “O rock encontra a independência”

Radicais MCs
Publicado na revista “Época” em 10/8/1998, sob o título“Radicais MCs – contundentes na forma e na temática”

Crueza e coesão n´O Rappa
Publicado em “Cara Pintada – a revista da UBES”, de janeiro a março de 2003, sob o título“O som da verdade pura, nua e crua”

O açúcar do Brasil no aço de Brizzi
Publicado na revista “Bravo”, em fevereiro de 2003, sob o título “Entre o intelecto e os quadris”

Tatit, o pensador da canção
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 24/11/2007, sob o título “Coletânea reafirma Tatit como pensador original da canção popular”

“Sobre as Ondas”
Release do disco homônimo (Radical), de Péricles Cavalcanti, de 1995

“Samba Raro”
Release do disco homônimo (Trama), de Max de Castro, de 1999

“Peninha”
Release do CD homônimo (Continental), de Peninha, de 1999

“Coladinhos”
Release do CD homônimo (Continental), de Peninha, de 2001

“Petrobrás 3 – Devia Ser Proibido”
Publicado no encarte da “Caixa Preta” (SescSP), de Itamar Assumpção, de 2010, sobre o CD homônimo

“Calavera”
Release do CD homônimo (Trama), do Guizado, de 2010

Musas de canções-cantadas às centenas
Inédito

A Pauliceia em 25 canções
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Revista da Folha”), em 25/1/2004, sob o título “25 músicas inspiradoras”

Samba da garoa
Publicado no jornal “D.O. Leitura / Cultura”, em fevereiro de 1998

Música(s) de SP
Publicado na plaquete do evento “SP / Música”, do Centro Cultural Banco do Brasil, ocorrido de janeiro a fevereiro de 2004

As dez melhores músicas sertanejas
Para uma enquete da “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), publicada sob o título “Alegria do Jeca”, em 16/3/2009

Seis grandes vozes brasileiras
Para uma edição do programa de TV “Saia Justa” (do GNT), de 2004

A alegre e brejeira Baby do Brasil
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Mais”), em 22/12/1996, sob o título “Jovem, alegre e brejeira”

A figura “kitsch e forte” (Caetano) de Carmen Miranda
Publicado no “Jornal da Tarde” (“Divirta-se”), em 9/2/1994, sob o título “Carmen Miranda Dá Dá Dadá”

A fossa e a quase bossa de Nora Ney
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 30/10/2003, sob o título “Com adeus de Nora Ney, fossa dos anos 50 perde sua última dama”

50 anos de bossa-sempre-nova
Publicado na revista “Espresso”, em dezembro de 2007

A proezia de Haroldo de Campos
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 23/10/1984, sob o título “A proesia de Haroldo de Campos”

Os poemas-objetos de Augusto de Campos e Julio Plaza
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 13/3/1985, sob o título “O relançamento de uma rara parceria”
“Instantáneas / Instantâneos”
(Mesósticos para Haroldo)

Publicado na exposição “Ocupação Haroldo de Campos – H Láxia”, no Instituto Itaú Cultural e na Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, em São Paulo, de fevereiro a abril de 2011

Vocalização de Antunes coisifica sua poesia
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 26/9/1997, sob o título “Antunes une forma e som”

Oralização de Cicero define sua lírica
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 3/10/1997, sob o título “Coleção estimula declamar Antonio Cicero”

“Mais Provençais”
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Mais!”), em 7/8/2005, na coluna “Biblioteca básica”

Ary Barroso
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Assis Valente
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Ataulfo Alves
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Cartola
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Dorival Caymmi
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Francisco Alves
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Geraldo Pereira
Escrito para a série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2002

João de Barro (Braguinha)
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Lamartine Babo
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Luiz Gonzaga
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Lupicínio Rodrigues
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Mário Reis
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Nelson Cavaquinho
Escrito com Paquito e publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Nelson Gonçalves
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Noel Rosa
Escrito com Paquito e publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Orestes Barbosa
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Orlando Silva
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Pixinguinha
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Sílvio Caldas
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Wilson Batista
Escrito para a série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2002

A Barca (La Barca)


de “Contigo Aprendi”, de MPB4

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Dizem que na distância tudo passa;
Eu no entanto não sei por que razão,
Pois seguirei fazendo o que eu faço
Pelos caprichos do teu coração.

Só tu pra esclarecer meu pensamento,
Dizer toda a verdade que eu sonhei
E afugentar de mim o sofrimento,
Bem na primeira noite em que te amei.

Minha praia se veste de amargura,
Porque teu barco sai a navegar,
Pra cruzar outros mares de loucura;
Não deixa a tua vida naufragar.

E quando a luz do Sol for se apagando,
E cansares de por aí vagar,
Pensa que eu estarei te esperando,
Até que tu decidas regressar.

________________________________________________________

Dicen que la distancia es el olvido,
pero yo no concibo esa razón,
porque yo seguiré siendo el cautivo
de los caprichos de tu corazón.

Supiste esclarecer mis pensamientos,
me diste la verdad que yo soñé,
ahuyentaste de mi los sufrimientos
en la primera noche en que te amé.

Hoy mi playa se viste de amargura
porque tu barca tiene que partir
a cruzar otros mares de locura
cuida que no naufrague tu vivir.

Cuando la luz del Sol se esté apagando
y te sientas cansada de vagar,
piensa que yo por ti estaré esperando
hasta que tú decidas regresar.

Letra e música de Roberto Cantoral

Oferta de Coração

Recebe
Da minha mão o meu coraçãozinho,
Bota num prato e num copo de vinho,
E come, e bebe.
Mata a tua fome e a tua sede.

Devora tudo devagarinho,
De naco em naco, de trago em trago.
Meu bem, tu já me fez um estrago;
Será que tu não sente, não percebe?

Pois eu acho
Que tu até acha graça…
Então, come, bebe:
Eu te ofereço de graça!
(Pra tua glória ou desgraça…)

Não tento
Com esse tinto te deixar mais tonta; (*)
Se é por instinto que tu só apronta,
Pois então, pronto!
Já passa da conta e do ponto!

Experimenta enquanto tá quente;
Depois esfria, fica uma bosta…
Te dou de coração, de presente…
Não é de carne e vinho que tu gosta?

Então, pegue!
É todo seu, coração…
Vamos, linda, brinde, (**)
Tome o meu coração!
(E leve o resto de brinde…)

______ __________________________
Variantes:
(*) Com esse tinto te deixar mais tonto;
(**) Vamos, lindo, brinde

Quando Eu Fecho Os Olhos


de “Vambora Lá Dançar”, de Elba Ramalho
2013_Elba_Ramalho_Vambora_La_Dancar_1024

Aí você surgiu na minha frente,
E eu vi o espaço e o tempo em suspensão.
Senti no ar a força diferente
De um momento eterno desde então.

E aqui dentro de mim você demora;
Já tornou-se parte mesmo do meu ser.
E agora, em qualquer parte, a qualquer hora,
Quando eu fecho os olhos, vejo só você.

E cada um de nós é um a sós,
E uma só pessoa somos nós,
Unos num canto, numa voz.

O amor une os amantes em um ímã,
E num enigma claro se traduz;
Extremos se atraem, se aproximam
E se completam como sombra e luz.

E assim viemos, nos assimilando,
Nos assemelhando, a nos absorver.
E agora, não tem onde, não tem quando:
Quando eu fecho os olhos, vejo só você.

E cada um de nós é um a sós,
E uma só pessoa somos nós,
Unos num canto, numa voz.