Todas Elas Juntas Num Só Ser

Não canto mais Bebete nem Domingas
Nem Xica nem Tereza, de Ben Jor;
Nem Drão nem Flora, do baiano Gil;
Nem Ana nem Luiza, do maior;
Já não homenageio Januária,
Joana, Ana, Bárbara, de Chico;
Nem Yoko, a nipônica de Lennon;
Nem a cabocla, de Tinoco e de Tonico;

Nem a tigresa, nem a vera gata,
Nem a branquinha, de Caetano;
Nem mesmo a linda flor de Luiz Gonzaga,
Rosinha, do sertão pernambucano;
Nem Risoflora, a flor de Chico Science –
Nenhuma continua nos meus planos.
Nem Kátia Flávia, a flor de Fausto Fawcett;
Nem Anna Júlia, de Camelo, dos Hermanos.

Só você,
Hoje eu canto só você;
Só você,
Que eu quero porque quero, por querer.

Não canto de Melô pérola negra;
De Brown e Herbert, uma brasileira;
De Ari, nem a baiana nem Maria,
Nem a Iaiá também, nem a faceira;
De Dorival, nem Dora nem Marina
Nem a morena de Itapoã;
De Vina, a garota de Ipanema;
Nem Iracema, de Adoniran.

De Jackson do Pandeiro, nem Cremilda;
De Michael Jackson, nem a Billie Jean;
De Jimi Hendrix, nem a doce Angel;
Nem Ângela nem Lígia, de Jobim;
Nem Lia, Lily Braun nem Beatriz,
Das doze deusas de Edu e Chico;
Até das trinta Leilas de Donato
E da Layla de Clapton eu abdico.

Só você,
Canto e toco só você;
Só você,
Que nem você ninguém mais pode haver.

Nem a namoradinha de um amigo
E nem a amada amante de Roberto;
E nem Michelle-ma-belle, do beatle Paul;
Nem Isabel – Bebel – de João Gilberto;
E nem B.B., la femme de Serge Gainsbourg;
Nem, de Totó, na malafemmena;
Nem a Iaiá de Zeca Pagodinho;
Nem a mulata mulatinha de Lalá;

E nem a carioca de Vinicius
E nem a tropicana de Alceu
E nem a escurinha de Geraldo
E nem a pastorinha de Noel
E nem a namorada de Carlinhos
E nem a superstar do Tremendão
E nem a malaguenha de Lecuona
E nem a popozuda do Tigrão

Só você,
Elejo e elogio só você,
Só você,
Que nem você não há nem quem nem quê.

De Haroldo Lobo com Wilson Batista,
De Mário Lago e Ataulfo Alves,
Não canto nem Emília nem Amélia:
Nenhuma tem meus vivas! e meus salves!
Nem Polly do nirvana Kurt Cobain
E nem Roxanne, de Sting, do Police;
E nem a mina do mamona Dinho
E nem as mina – pá! – do mano Xis!

Loira de Hervê e loira do É O Tchan,
Lôra de Gabriel, o Pensador;
Laura de Mercer, Laura de Braguinha
(L´aura de Arnaut Daniel, o trovador?);
Ana do Rei e Ana de Djavan,
Ana do outro rei, o do baião:
Nenhuma delas hoje cantarei:
Só outra reina no meu coração.

Só você,
Rainha aqui é só você,
Só você,
A musa dentre as musas de A a Z.

Se um dia me surgisse uma moça
Dessas que, com seus dotes e seus dons,
Inspiram parte dos compositores
Na arte das palavras e dos sons,
Tal como Madelleine, de Jacques Brel,
Ou como Madalena, de Martinho,
Ou Mabellene e a sixteen de Chuck Berry,
E a manequim do tímido Paulinho;

Ou como, de Caymmi, a moça pRosa
E a musa inspiradora Doralice;
Se me surgisse uma moça dessas,
Confesso que eu talvez não resistisse;
Mas, veja bem, meu bem, minha querida:
Isso seria só por uma vez,
Uma vez só em toda a minha vida!
Ou talvez duas… mas não mais que três…

Só você…
Mais que tudo é só você;
Só você…
As coisas mais queridas você é:

Você pra mim é o sol da minha noite;
É como a rosa, luz de Pixinguinha;
É como a estrela pura aparecida,
A estrela a refulgir, do Poetinha;
Você, ó flor, é como a nuvem calma
No céu da alma de Luiz Vieira;
Você é como a luz do sol da vida
De Stevie Wonder, ó minha parceira.

Você é para mim e o meu amor,
Crescendo como mato em campos vastos,
Mais que a gatinha para Erasmo Carlos;
Mais que a cigana pra Ronaldo Bastos;
Mais que a divina dama pra Cartola;
Que a domna pra De Ventadorn, Bernart;
Que a honey baby para Waly Salomão
E a funny valentine pra Lorenz Hart.

Só você,
Mais que tudo e todas, só você;
Só você,
Que é todas elas juntas num só ser.

Demarcação Já

Já que depois de mais de cinco séculos
E de ene ciclos de etnogenocídio,
O índio vive, em meio a mil flagelos,
Já tendo sido morto e renascido,

Tal como o povo kadiwéu e o panará –

Demarcação já!
Demarcação já!

Já que diversos povos vêm sendo atacados,
Sem vir a ver a terra demarcada,
A começar pela primeira no Brasil
Que o branco invadiu já na chegada:

A do tupinambá –

Demarcação já!
Demarcação já!

Já que, tal qual as obras da Transamazônica,
Quando os milicos os chamavam de silvícolas,
Hoje um projeto de outras obras faraônicas,
Correndo junto da expansão agrícola,

Induz a um indicídio, vide o povo kaiowá,

Demarcação já!
Demarcação já!

Já que tem bem mais latifúndio em desmesura
Que terra indígena pelo país afora;
E já que o latifúndio é só monocultura,
Mas a T.I. é polifauna e pluriflora,

Ah!,

Demarcação já!
Demarcação já!

E um tratoriza, motosserra, transgeniza,
E o outro endeusa e diviniza a natureza:
O índio a ama por sagrada que ela é,
E o ruralista, pela grana que ela dá;

Hum… Bah!

Demarcação já!
Demarcação já!

Já que por retrospecto só o autóc-
Tone mantém compacta e muito intacta,
E não impacta, e não infecta, e se
Conecta e tem um pacto com a mata

–Sem a qual a água acabará –,

Demarcação já!
Demarcação já!

Pra que não deixem nem terras indígenas
Nem unidades de conservação
Abertas como chagas cancerígenas
Pelos efeitos da mineração

E de hidrelétricas no ventre da Amazônia, em Rondônia, no Pará…

Demarcação já!
Demarcação já!

Já que “tal qual o negro e o homossexual,
O índio é ´tudo que não presta´”, como quer
Quem quer tomar-lhe tudo que lhe resta,
Seu território, herança do ancestral,

E já que o que ele quer é o que é dele já,

Demarcação, “tá”?
Demarcação já!

Pro índio ter a aplicação do Estatuto
Que linde o seu rincão qual um reduto,
E blinde-o contra o branco mau e bruto
Que lhe roubou aquilo que era seu,

Tal como aconteceu, do pampa ao Amapá,

Demarcação lá!
Demarcação já!

Já que é assim que certos brancos agem:
Chamando-os de selvagens, se reagem,
E de não índios, se nem fingem reação
À violência e à violação

De seus direitos, de Humaitá ao Jaraguá;

Demarcação já!
Demarcação já!

Pois índio pode ter Ipad, freezer,
TV, caminhonete, “voadeira”,
Que nem por isso deixa de ser índio
Nem de querer e ter na sua aldeia

Cuia, canoa, cocar, arco, maracá.

Demarcação já!
Demarcação já!

Pra que o indígena não seja um indigente,
Um alcoólatra, um escravo ou exilado,
Ou acampado à beira duma estrada,
Ou confinado e no final um suicida,

Já velho ou jovem ou – pior – piá.

Demarcação já!
Demarcação já!

Por nós não vermos como natural
A sua morte sociocultural;
Em outros termos, por nos condoermos –
E termos como belo e absoluto

Seu contributo do tupi ao tucupi, do guarani ao guaraná.

Demarcação já!
Demarcação já!

Pois guaranis e makuxis e pataxós
Estão em nós, e somos nós, pois índio é nós;
É quem dentro de nós a gente traz, aliás,
De kaiapós e kaiowás somos xarás,

Xará.

Demarcação já!
Demarcação já!

Pra não perdermos com quem aprender
A comover-nos ao olhar e ver
As árvores, os pássaros e rios,
A chuva, a rocha, a noite, o sol, a arara

E a flor de maracujá,

Demarcação já!
Demarcação já!

Pelo respeito e pelo direito
À diferença e à diversidade
De cada etnia, cada minoria,
De cada espécie da comunidade

De seres vivos que na Terra ainda há,

Demarcação já!
Demarcação já!

Por um mundo melhor ou, pelo menos,
Algum mundo por vir; por um futuro
Melhor ou, oxalá, algum futuro;
Por eles e por nós, por todo mundo,

Que nessa barca junto todo mundo “tá”,

Demarcação já!
Demarcação já!

Já que depois que o enxame de Ibirapueras
E de Maracanãs de mata for pro chão,
Os yanomami morrerão deveras,
Mas seus xamãs seu povo vingarão,

E sobre a humanidade o céu cairá,

Demarcação já!
Demarcação já!

Já que, por isso, o plano do krenak encerra
Cantar, dançar, pra suspender o céu;
E indígena sem terra é todos sem a Terra,
É toda a civilização ao léu

Ao deus-dará.

Demarcação já!
Demarcação já!

Sem mais embromação na mesa do Palácio,
Nem mais embaço na gaveta da Justiça,
Nem mais demora nem delonga no processo,
Nem retrocesso nem pendenga no Congresso,

Nem lengalenga, nenhenhém nem blablablá!

Demarcação já!
Demarcação já!

Pra que nas terras finalmente demarcadas,
Ou autodemarcadas pelos índios,
Nem madeireiros, garimpeiros, fazendeiros,
Mandantes nem capangas nem jagunços,

Milícias nem polícias os afrontem.

Vrá!

Demarcação ontem!
Demarcação já!

E deixa o índio, deixa o índio, deixa os índios lá.

Onde Você Passou a Noite

de “Locura Total”, de Fito Paez & Moska
2015_FitoPaezMoska_Locura_Total

Baby, me beije
E não me deixe
Eu não quero te perder
Eu sinto medo
Do seu segredo
Não precisa nem dizer
Onde você passou a noite
Nem com quem nem o local
Onde você passou a noite?
Eu também já fiz igual…

Baby, me abrace
Que tudo passe
Eu não posso dispensar
O seu cuidado
Você ao meu lado
E eu não quero nem pensar
Onde você passou a noite
Nem com quem nem o local
Onde você passou a noite?
Eu também já fiz igual…

E o que me sobra é o sabor de mel e fel
E de saber que o seu amor ainda é meu
Dormir nos braços de quem me foi infiel
E perceber que o meu amor ainda é seu

Mais Que Tudo Que Existe

De tudo que se vê e que se toca
Nada me toca tanto como tu
Da flor da pele até o céu da boca
Do sul ao norte do teu corpo nu

E eu te vejo e devoro, viajo e demoro
Nas formas e no conteúdo
E te adoro, e te adoro, e te adoro
Mais que tudo que existe, que tudo, que tudo

Transando assim contigo é que eu transcendo
É quando eu vou além do que sou eu
Trançando no teu corpo num crescendo
Sinto meu eu continuar no teu

E eu adentro teu centro, que eu vero venero
Me prendo e dali não desgrudo
E te quero, e te quero, e te quero
Mais que tudo que existe, que tudo, que tudo

Além da tua voz e o do teu gozo
Só tem um som que tanto bem me faz
O do teu nome que é tão luminoso
E é a palavra que me agrada mais

E eu murmuro esse nome, e te chamo, e te chamo
Com o corpo tomado, tesudo
E te amo, e te amo, e te amo (e te amo)
Mais que tudo que existe, que tudo, que tudo

Lágrima

A mulher que eu quero não me quer.
Resta um gosto amargo de amar em vão.
Entro no meu quarto e a solidão me dói.
Eu já nem sei
O que sou eu.

De que vale um homem sem mulher?
Eu sem dona só me dano como um cão.
Ando abandonado e não sei onde ela foi.
Lhe telefonei;
Não atendeu.

Lágrima cai como fel,
Agre, má… cruel.
Lágrima…

No metrô, no trem, no ponto, a pé,
Vejo a sua imagem na imaginação.
Mais do que a ausência, é o silêncio que destrói:
Mensagem mandei;
Não respondeu.

Jogo, filme, show ou DVD
Não distrai a mente nem o coração.
Lá no fundo um arrependimento me remói.
O que farei,
Deus meu…

Lágrima cai como fel,
Agre, má… cruel.
Lágrima…

*

Lud


de “Carona Brasil”

SP,
Aqui só nesse ap.,
Eu penso em vc,
Aí em BH.
Ah, por que
Vc não vem pra cá?
Tô com saudade, pô,
Tô de dá dó…

Minha rainha-sinhá,
Será que existirá você?

Porque em você tem um não-sei-quê,
Que não tem lógica nem se vê;
Será que é mágica, ilude e me iludirá?

Que doce, suave leveza, nó!,
Força da delicadeza, ó,
Gema da mina de minas que Minas nos dá.

Com você,
Eu danço um pas-de-deux,
Eu faço até balé,
Eu por você, ói só:

Vou até
A pé até Belô;
Retomo o café-
Com-leite, sô…

Minha rainhazinha,
Será que existirá você?

Por seus “inhos” tão carinhosos, só,
Por seu jeitinho charmoso, só,
Saio daqui d’“onqotô”, vou praí “oncetá”.

Agora só quero que aponte a ponte
São Paulo-Belo Horizonte
E eu pinte em Santa Tereza, de Vila Madá.

Reis do Agronegócio

de “Estado de Poesia”, de Chico César
2015_ChicoCesar_Estado_de_Poesia

Ó donos do agrobiz, ó reis do agronegócio,
Ó produtores de alimento com veneno,
Vocês que aumentam todo ano sua posse,
E que poluem cada palmo de terreno,
E que possuem cada qual um latifúndio,
E que destratam e destroem o ambiente,
De cada mente de vocês olhei no fundo
E vi o quanto cada um, no fundo, mente.

Vocês desterram povaréus ao léu que erram,
E não empregam tanta gente como pregam.
Vocês não matam nem a fome que há na Terra,
Nem alimentam tanto a gente como alegam.
É o pequeno produtor que nos provê e os
Seus deputados não protegem, como dizem:
Outra mentira de vocês, Pinóquios véios.
Vocês já viram como tá o seu nariz, hem?

Vocês me dizem que o Brasil não desenvolve
Sem o agrebiz feroz, desenvolvimentista.
Mas até hoje na verdade nunca houve
Um desenvolvimento tão destrutivista.
É o que diz aquele que vocês não ouvem,
O cientista, essa voz, a da ciência.
Tampouco a voz da consciência os comove.
Vocês só ouvem algo por conveniência.

Para vocês, que emitem montes de dióxido,
Para vocês, que têm um gênio neurastênico,
Pobre tem mais é que comer com agrotóxico,
Povo tem mais é que comer, se tem transgênico.
É o que acha, é o que disse um certo dia
Miss Motosserrainha do Desmatamento.
Já o que acho é que vocês é que deviam
Diariamente só comer seu “alimento”.

Vocês se elegem e legislam, feito cínicos,
Em causa própria ou de empresa coligada:
O frigo, a múlti de transgene e agentes químicos,
Que bancam cada deputado da bancada.
Té comunista cai no lobby antiecológico
Do ruralista cujo clã é um grande clube.
Inclui até quem é racista e homofóbico.
Vocês abafam mas tá tudo no YouTube.

Vocês que enxotam o que luta por justiça;
Vocês que oprimem quem produz e que preserva;
Vocês que pilham, assediam e cobiçam
A terra indígena, o quilombo e a reserva;
Vocês que podam e que fodem e que ferram
Quem represente pela frente uma barreira,
Seja o posseiro, o seringueiro ou o sem-terra,
O extrativista, o ambientalista ou a freira;

Vocês que criam, matam cruelmente bois,
Cujas carcaças formam um enorme lixo;
Vocês que exterminam peixes, caracóis,
Sapos e pássaros e abelhas do seu nicho;
E que rebaixam planta, bicho e outros entes,
E acham pobre, preto e índio “tudo” chucro:
Por que dispensam tal desprezo a um vivente?
Por que só prezam e só pensam no seu lucro?

Eu vejo a liberdade dada aos que se põem
Além da lei, na lista do trabalho escravo,
E a anistia concedida aos que destroem
O verde, a vida, sem morrer com um centavo.
Com dor eu vejo cenas de horror tão fortes,
Tal como eu vejo com amor a fonte linda –
E além do monte o pôr-do-sol porque por sorte
Vocês não destruíram o horizonte… Ainda.

Seu avião derrama a chuva de veneno
Na plantação e causa a náusea violenta
E a intoxicação “ne” adultos e pequenos –
Na mãe que contamina o filho que amamenta.
Provoca aborto e suicídio o inseticida,
Mas na mansão o fato não sensibiliza.
Vocês já não ´tão nem aí co´aquelas vidas.
Vejam como é que o Ogrobiz desumaniza…:

Desmata Minas, a Amazônia, Mato Grosso…;
Infecta solo, rio, ar, lençol freático;
Consome, mais do que qualquer outro negócio,
Um quatrilhão de litros d´água, o que é dramático.
Por tanto mal, do qual vocês não se redimem;
Por tal excesso que só leva à escassez –
Por essa seca, essa crise, esse crime,
Não há maiores responsáveis que vocês.

Eu vejo o campo de vocês ficar infértil,
Num tempo um tanto longe ainda, mas não muito;
E eu vejo a terra de vocês restar estéril,
Num tempo cada vez mais perto, e lhes pergunto:
O que será que os seus filhos acharão de
Vocês diante de um legado tão nefasto,
Vocês que fazem das fazendas hoje um grande
Deserto verde só de soja, cana ou pasto?

Pelos milhares que ontem foram e amanhã ser-
Ão mortos pelo grão-negócio de vocês;
Pelos milhares dessas vítimas de câncer,
De fome e sede, e fogo e bala, e de AVCs;
Saibam vocês, que ganham com um negócio desse
Muitos milhões, enquanto perdem sua alma,
Que eu me alegraria se afinal morresse
Esse sistema que nos causa tanto trauma.

À Meia-Noite dos Tambores Silenciosos

de “Carbono”, de Lenine

2015_Lenine_Carbono

O baque do maracatu estanca no ar;
Das lâmpadas apaga-se a luz branca no ar;
Na sombra onde som-
-Em cor e som,
Somos um,
Ao rés
Do chão, aos pés
De Olorum.

Um lume no negrume vaga dentro de nós;
Um choro insonoro alaga o centro de nós;
Com fé ou não no axé,
No São José,
Todos são
Um nó,
E tudo é só
Comoção.

Ó Largo do Terço,
Quão largo, profundo,
Bendito o teu rito que eu verso.

Em mantras, cantos brandos já ecoam no ar;
Em bando, pombas brancas já revoam no ar;
No chão, na vibração
De nossas mãos,
Somos um,
Irmãos
Na evocação
Dos eguns.

Ó Largo do Terço,
Quão largo, profundo,
Bendito o teu rito que eu verso.

Quede Água?

de “Carbono”, de Lenine

2015_Lenine_Carbono

A seca avança em Minas, Rio, São Paulo.
O Nordeste é aqui, agora.
No tráfego parado onde me enjaulo,
Vejo o tempo que evapora.
Meu automóvel novo mal se move,
Enquanto no duro barro
Do chão rachado da represa onde não chove,
Surgem carcaças de carro.

Os rios voadores da Hileia
Mal deságuam por aqui,
E seca pouco a pouco em cada veia
O Aquífero Guarani.
Assim, do São Francisco a San Francisco,
Um quadro aterra a terra:
Por água, por um córrego, um chuvisco,
Nações entrarão em guerra.

Quede água? Quede água?

Agora o clima muda tão depressa,
Que cada ação é tardia,
Que dá paralisia na cabeça,
Que é mais do que se previa.
Algo que parecia tão distante
Periga agora tá perto;
Flora que verdejava radiante
Desata a virar deserto.

O lucro a curto prazo, o corte raso,
O agrotóxiconegócio;
A grana a qualquer preço, o petrogaso-
Carbocombustível fóssil.
O esgoto de carbono a céu aberto
Na atmosfera, no alto;
O rio enterrado e encoberto
Por cimento e por asfalto.

Quede água? Quede água?

Quando em razão de toda a ação “humana”
E de tanta desrazão,
A selva não for salva e se tornar savana;
E o mangue, um lixão;
Quando minguar o Pantanal, e entra em pane a
Mata Atlântica, tão rara;
E o mar tomar toda cidade litorânea,
E o sertão virar Saara;

E todo grande rio virar areia,
Sem verão virar outono;
E a água for commodity alheia,
Com seu ônus e seu dono;
E a tragédia da seca, da escassez,
Cair sobre todos nós,
Mas sobretudo sobre os pobres, outra vez
Sem terra, teto, nem voz…

Quede água? Quede água?

Agora é encararmos o destino
E salvarmos o que resta;
É aprendermos com o nordestino,
Que pra seca se adestra;
E termos como guias os indígenas,
E determos o desmate,
E não agirmos que nem alienígenas
No nosso próprio habitat.

Que bem maior que o homem é a Terra,
A Terra e o seu arredor,
Que encerra a vida, que na Terra não se encerra,
A vida, a coisa maior,
Que não existe onde não existe água,
Mas que há onde há arte,
Que nos alaga e nos alegra, quando a mágoa
A alma nos parte,

Para criarmos alegria pra viver o
Que houver pra vivermos,
Sem esperanças, mas sem desespero,
No futuro que tivermos.

Quede água? Quede água?

Escrito nas estrelas

2015_douglas_malharo

Você pra mim foi o sol
De uma noite sem fim
Que acendeu o que sou,
Pra renascer tudo em mim.
Agora eu sei muito bem
Que eu nasci só pra ser
O seu parceiro, seu bem, (*)
E só morrer de prazer.

Caso do acaso bem marcado em cartas de tarô,
Meu amor, esse amor de cartas claras sobre a mesa
É assim.
Signo do destino, que surpresa ele nos preparou;
Meu amor, nosso amor estava escrito nas estrelas,
Tava, sim.

Você me deu atenção
E tomou conta de mim.
Por isso, minha intenção
É prosseguir sempre assim.
Pois sem você, meu tesão,
Não sei o que eu vou ser;
Agora preste atenção:
Quero casar com você.

_____________________

Variante:
(*) Sua parceira, seu bem,

Discografia

Lista de composições gravadas

1978

No LP “Tetê e o Lírio Selvagem” (gravadora Philips/PolyGram), de Tetê Espíndola e o Lírio Selvagem:
“Na Catarata” (parceria com Alzira Espíndola)
“Pássaro Sobre o Cerrado” (com Tetê Espíndola)
“Caucaia” (com Celito Espíndola)

1980 

No LP “Tetê Piraretã” (Philips/PolyGram), de Tetê Espíndola:
“Viver Junto” (com Tetê Espíndola)
“Melro” (versão para o português de “Blackbird”, de John Lennon e Paul McCartney)

1982 

No LP “Outros Sons” (Vôo Livre), de Eliete Negreiros:
“Outros Sons” (com Arrigo Barnabé)

No LP “Pássaros na Garganta” (Som da Gente), de Tetê Espíndola:
“Amor e Guavira” (com Tetê Espíndola)
“Olhos de Jacaré” (com Geraldo Espíndola)
“Cuiabá” (com Tetê Espíndola)
“Pássaros na Garganta” (com Tetê Espíndola)

1984 

No LP “Tubarões Voadores” (Barclay/Ariola), de Arrigo Barnabé:
“A Europa Curvou-se Ante o Brasil” (com Arrigo Barnabé e Bozo Barretti), com Vania Bastos e Paulinho da Viola
“Mirante” (com Arrigo Barnabé)

1985

No mix “Tetê Espíndola Escrito nas Estrelas” (PolyGram):
“Escrito nas Estrelas” (com Arnaldo Black)

No LP “Festival dos Festivais” (Som Livre):
“Escrito nas Estrelas” (com Arnaldo Black)

No LP “Bem-Bom” (RCA), de Gal Costa:
“Bem-Bom” (com Arrigo Barnabé e Eduardo Gudim)

1986 

No LP “Gaiola” (PolyGram), de Tetê Espíndola:
“Na Chapada” (com Tetê Espíndola), com Tetê Espíndola e Ney Matogrosso
“Visão da Terra” (com Tetê Espíndola)
“Mais Uma” (com Arnaldo Black)
“Nós” (com Tetê Espíndola)
“Cururu” (com Tetê Espíndola)

No LP “Cidade Oculta” (PolyGram), de Arrigo Barnabé:
“Ronda 2” (com Arrigo Barnabé)

No LP “Ângulos/Tudo Está Dito” (Copacabana), de Eliete Negreiros:
“Domingo Longo” (com Zé Miguel Wisnik)
“Riacho” (com Passoca)

No LP “Vania Bastos” (Copacabana), de Vania Bastos:
“Eu Sou É do Papai” (versão de “My Heart Belongs to Daddy”, de Cole Porter)
“Neblina” (com Otávio Fialho)

No LP “Balãozinho” (Copacabana), de Eduardo Gudim:
“Bem-Bom” (com Arrigo Barnabé e Eduardo Gudim)

1987 

No LP “Suspeito” (3M), de Arrigo Barnabé:
“So Cool” (com Arrigo Barnabé)

1989

No LP “Eduardo Gudim & Vania Bastos” (Eldorado):
“Bem-Bom” (com Arrigo Barnabé e Eduardo Gudim)

1990 

No CD “Vania Bastos” (Eldorado), de Vania Bastos:
“Sky of My Blues” (com Arrigo Barnabé e Hermelino Neder)

1991

No CD “Sarajane” (EMI-Odeon), de Sarajane:
“Não Sei Por Quê” (com Dino Vicente)

1992 

No CD “Roberto de Carvalho” (WEA), de Roberto de Carvalho
“Meu ABC” (com Roberto de Carvalho)

1993 

No CD “Rita Lee” (Som Livre), de Rita Lee:
“Mille Baci” (com Rita Lee)

No CD “Tetê Espíndolla” (Camerati), de Tetê Espíndolla:
“Nossos Momentos” (com Arnaldo Black)
“Ajoelha e Reza” (com Arnaldo Black)
“Serenata do Prado” (versão de “Meadow Serenade”, de George e Ira Gershwin)

1994 

No CD “Suzana Salles” (Camerati), de Suzana Salles:
“Rapto Rápido” (com Hermelino Neder)

1995 

No CD “Ficar com Você” (Lux), de Patricia Marx:
“Sem Preconceito” (com Skowa e Tadeu Eliezer)

1997 

No CD “Quanta” (Warner), de Gilberto Gil:
“Átimo de Pó” (com Gilberto Gil)

1998 

No CD “Canções do Divino Mestre” (integrado ao livro “Canção do Divino Mestre, de Rogério Duarte – Companhia das Letras):
“O Comedor de Cachorro” (com Cid Campos e Rogério Duarte)

1999 

No CD “Defeito de Fabricação” (Trama), de Tom Zé:
“Esteticar” (com Tom Zé e Vicente Barreto)

No CD “Na Pressão” (BMG), de Lenine:
“Tubi Tupy” (com Lenine)

2000

No CD “Cole Porter e George Gershwin – Canções, Versões” (Geléia Geral):
“Eu Só Me Ligo em Você” (versão para o português de “I Get a Kick Out of You”, de Cole Porter), com Zélia Duncan
“Que De-lindo” (de “It’s De-lovely”, de CP), com Caetano Veloso
“Façamos” (de “Let’s Do It”, de CP), com Chico Buarque e Elza Soares
“Um Dia de Garoa” (“A Foggy Day”, de George e Ira Gershwin), com Gilberto Gil
“Blablablá” (de “Blah, Blah, Blah”, de GG e IG), com Rita Lee
“Toda Vez Que Eu Digo Adeus” (de “Ev’ry Time We Say Goodbye”, de CP), com Cássia Eller
“Abraçável Você” (de “Embraceable You”, de GG e IG, parceria com Nelson Ascher), com Jane Duboc
“Fascinante Ritmo” (de “Fascinatin’ Rhythm”, de GG e IG), com Ed Motta
“Ó Dama, Tem Dó” (de “Oh Lady, Be Good”, de GG e IG, com Charles Perrone), com Carlos Fernando
“Enfim, o Amor” (de “At Long Last Love”, de CP), com Sandra de Sá
“Quem Tome Conta de Mim” (de “Someone To Watch Over Me”, de GG e IG, com Nelson Ascher), com Paula Toller
“Lorelai” (de “Lorelei”, de GG e IG), com Mônica Salmaso
“A Garota Mais Vagal da Cidade” (“The Laziest Gal in Town”, de CP), com Jussara Silveira

2001

No CD “Maricotinha” (BMG), de Maria Bethânia:
“Antes que Amanheça” (com Chico César)

No CD “É Isso Aí” (Regata Música), de Paula Lima:
“Vem, Amor” (com Dom Betto)

2002 

no CD “Respeitem Meus Cabelos, Brancos” (Abril), de Chico César:
“Quando Eu Fecho os Olhos” (com Chico César)
“Antes que Amanheça” (com Chico César)
“Experiência” (com Chico César)

No CD “Falange Canibal” (BMG), de Lenine:
“Ecos do ‘Ão’” (com Lenine)
“Quadro Negro” (com Lenine)

No CD “Pare, Olhe, Escute” (Universal), de Sandra de Sá:
“Eu e Você” (versão de “Cruisin’”, com Sandra de Sá), com Sandra de Sá e Smokey Robinson

No CD “Todo Mundo É Igual” (Abril Music), de Beto Lee:
“Ceia de Natal” (com Beto Lee)

No CD “Bossa Tropical” (MZA/Abril Music), de Gal Costa:
“Quando Eu Fecho os Olhos” (com Chico César)

2003 

No CD “Pra Você Me Ouvir” (Indie Records), de Eliana Printes:
“Vaidade” (com Chico César)

2004 

No CD “Lenine In Cité” (BMG), de Lenine:
“Vivo” (com Lenine)
“Todas Elas Juntas Num Só Ser” (com Lenine)

No CD “Uma Beleza Estranha” (independente), de Daniel Taubkin:
“Sky of My Blues” (com Arrigo Barnabé e Hermelino Neder)

No CD “Aço do Açúcar”, de Aldo Brizzi:
“A Fêmea, o Gêmeo” (com Aldo Brizzi)

No CD “Luar – Canções de Arrigo Barnabé” (YB), de Tuca Fernandes:
“Mirante” (com Arrigo Barnabé)

No CD “Pulsar”, de Regina Machado:
“Quadro Negro” (com Lenine)

2005

No CD “Words and Music By Cole Porter”, de Fred Hines:
“Só Me Ligo em Você” (“I Get a Kick Out of You”, de Coler Porter)
“Ser Milionário, Quem Não Quer?” (“Who Wants To Be a Millionaire?”, de Cole Porter)

No CD “Hoje”, de Gal Costa:
“Mar e Sol” (com Lokua Kanza)
“Te Adorar” (com Lokua Kanza)
“Sexo e Luz” (com Lokua Kanza)

2006

No CD “Sol a Girar”, de Flávio Henrique (cantada por Ná Ozzetti):
“Lud” (com Flávio Henrique)

No CD “Eu Sou 300”, de Sérgio Britto:
“Nós” (com Sérgio Britto)

No CD “Onda Tropicale” (Itália), de Fiorella Manoia:
“Vivo” (com Lenine – versão em italiano de P. Fabrizi)

No DVD “Acústico MTV” (Sony/BMG), de Lenine:
“Ecos do ´Ão´” (com Lenine)

2007

No CD “Que Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria”, de Roberta Sá:
“Fogo e Gasolina” (com Pedro Luís), cantada com Lenine
“Samba de Amor e Ódio” (com Pedro Luís)

2008

No CD “Pássaro Pênsil”, de Flávio Henrique:
“O Pássaro Pênsil” (com Flávio Henrique), cantada com Lô Borges

No CD “Da Maior Importância”, de Elisa Paraíso:
“O Pássaro Pênsil” (com Flávio Henrique)

No CD “Inclassificáveis” (EMI), de Ney Matogrosso:
“Lema” (com Lokua Kanza)
“Coragem, Coração” (com Claudio Monjope)

No DVD “Inclassificáveis” (EMI), de Ney Matogrosso:
“Lema” (com Lokua Kanza)
“Coragem, Coração” (com Claudio Monjope)

No CD “Labiata” (Universal), de Lenine:
“É Fogo” (com Lenine)

No CD “Ponto Enredo” (EMI), de Pedro Luís e a Parede:
“Repúdio” (com Pedro Luís)

No CD “Vicente” (Joala Records, no Japão e no Brasil), de Vicente Barreto:
“Esse Rio” (com Vicente Barreto)

2009

No filme “Fiel” (direção de Andrea Pasquini):
“Sou Fiel” (com Rita Lee)

No CD “Peixes Pássaros Pessoas” (Universal), de Mariana Aydar:
“Tá?” (com Pedro Luís e Roberta Sá)

No CD “Nego” (Biscoito Fino):
“Meu Romance” (versão para o português de “My Romance”, de Richard Rodgers e Lorenz Hart), com Gal Costa
“Encantada” (de “Bewitched , Bothered and Bewildered”, de RR e LH), com Maria Rita
“Tão Fundo É o Mar” (de “How Deep Is The Ocean”, de Irving Berlin), com Moreno Veloso
“Verão” (de “Summertime”, de George e Ira Gershwin e Dubose Heyward), com Erasmo Carlos
“Estava Escrito nas Estrelas” (de “It Was Written in The Stars”, de Harold Arlen e Leo Robin), com Emílio Santiago
“Nego” (de “Lover”, de RR e LH), com Paula Morelenbaum
“Sábio Rio” (de “Ol´ Man River”, de Jerome Kern e Oscar Hammerstein, parceria com Nelson Ascher), com João Bosco
“Fruta Estranha” (de “Strange Fruit”, de Lewis Allan), com Seu Jorge
“Tenho um Xodó por Ti” (de “I´ve Got a Crush on You”, de G e IG), com Elba Ramalho, Dominguinhos e João Donato
“Queria Estar Amando Alguém” (de “I Wish I Were in Love Again”, de RR e LH), com Ná Ozzetti e Wilson Simoninha
“O Homem que Partiu” (de “The Man That Got Away”, de Harold Arlen e Ira Gershwin), com Luciana Souza
“Mais Além do Arco –Íris” (de “Over The Rainbow”, de Harold Arlen e E.Y. Harburg), com
Zélia Duncan
“Natal Lindo” (de “White Christmas”, de IB), com Olivia Hime
“Meu Romance”, com Gal Costa e Carlinhos Brown

2010

No DVD “Pra se Ter Alegria” (Universal), de Roberta Sá:
“Agora Sim” (com Pedro Luís e Roberta Sá)
“Samba de Amor e Ódio”
“Fogo e Gasolina”

No CD “Não Vou Pro Céu Mas Já Não Vivo no Chão” (MP,B / Universal), de João Bosco:
“Pronto Pra Próxima” (com João Bosco)
“Pintura” (com João Bosco)

No CD “Vam-Bo-Ra” (independente), de Glaucia Nahsser:
“Canto, Logo Existo” (com Glaucia Nahsser e Tiago Vianna)

No CD “Feito Pra Acabar” (Slap – Som Livre), de Marcelo Jeneci:
“Show de Estrelas” (com Marcelo Jeneci)

No CD “Olhos” (independente), de Patricia Talem:
“Lua Brilhante” (“Moonglow”, de Will Hudson, Edgar DeLange e Irving Mills)

2011

No CD “Chão” (Universal), de Lenine:
“Envergo Mas Não Quebro” (com Lenine)
“Isso É Só o Começo” (com Lenine)

No CD “Tempo de Menino” (MP,B Discos), de Pedro Luís:
“Tá?” (com Pedro Luís e Roberta Sá)
“Rio Moderno” (com Pedro Luís)

No CD “Vida Nova” (independente), de Edu Leal:
“Não Dá Pé” (com Edu Leal), com Adriana Godoy

2012

No CD “Segunda Pele” (Universal), de Roberta Sá:
“Segunda Pele” (com Gustavo Ruiz)

No CD “Ensaio de Cores – Ao Vivo” (Sony Music), de Ana Carolina:
“Todas Elas Juntas Num Só Ser” (com Lenine)

No DVD “Ensaio de Cores – Ao Vivo” (Sony Music), de Ana Carolina:
“Todas Elas Juntas Num Só Ser” (com Lenine)

No CD “Contigo Aprendi”, do MPB4:
“A Barca” (versão de “La Barca”, de Roberto Cantoral)

2013

No CD “Por Que Nós?”, de Camilo Frade:
“Nara, Nara, Nara” (com Lula Queiroga)

No CD “Vambora Dançar” (Sala de Som Records), de Elba Ramalho:
“Quando Eu Fecho os Olhos” (com Chico César)

No CD “Drê”, de Drê:
“Sem Ti, Contigo” (com Walter Santos)

No CD “Alta Fidelidade” (Som Livre/S de Samba), de Simoninha:
“Paixão (Meu Time)” (com Simoninha)

No CD “#AC” (Sony Music), de Ana Carolina:
“Canção pra Ti” (com Ana Carolina e Moreno Veloso)

No CD “Cores de Acolá”, de Tito Lys:
“Nara, Nara, Nara” (com Lula Queiroga)

No CD “Muito Pouco Para Todos” (Sony), de Paulinho Moska:
“Somente Nela” (com Paulinho Moska)

No DVD “Muito Pouco Para Todos” (Sony), de Paulinho Moska:
“Somente Nela” (com Paulinho Moska)

No CD “Forças da Natureza”, do Grupo Ecco:

“Terra Desolada” (com Grupo Ecco)

2014

No CD “Despertador”, de Leo Cavalcanti:
“O Momento” (com Leo Cavalcanti)

No álbum duplo “Tetê Espíndola” (Sesc):
No CD “Pássaros na Garganta” (de 1982), de Tetê Espíndola:
“Amor e Guavira” (com Tetê Espíndola)
“Olhos de Jacaré” (com Geraldo Espíndola)
“Cuiabá” (com Tetê Espíndola)
“Pássaros na Garganta” (com Tetê Espíndola)
No CD “Asas do Etéreo”, de Tetê Espíndola:
“Crisálida-Borboleta” (com Tetê Espíndola)

2015

No CD “Carbono” (Casa 9), de Lenine:
“Quede Água” (com Lenine)
“À Meia-Noite dos Tambores Silenciosos” (com Lenine)

No CD “Estado de Poesia”, de Chico César:
“Reis do Agronegócio” (com Chico César)

No CD “Locura Total” (Sony Music), de Fito Paez e Moska:
“Onde Você Passou a Noite” (com Moska)
“Mais Que Tudo Que Existe” (com Moska)

No CD “Locura Total”, edição estrangeira (Sony Music), de Fito Paez e Moska:
“Todas Las Cosas Que Están En El Mundo” (versão de Fito Paez para “Mais Que Tudo Que Existe” – com Moska)

No CD “Os maiores sucessos… do famoso quem”, de Douglas Malharo:
“Escrito nas Estrelas” (com Arnaldo Black)

No CD “De Lá Pra Cá, Daqui Pra Lá”, do Grupo Carona Brasil:
“Lud” (Carona Brasil)

2016

No CD “Mira”, de Bianca Luar:
“Partas Não” (com Lokua Kanza)

2017

No CD “Samba pra Elas”, de Thiago Miranda:
“Todas Elas Juntas Num Só Ser” (com Lenine)

No CD “Isaca-Volume 1”, da Isca de Polícia:
“Atração pelo Diabo” (com Paulo Lepetit)

2018

No CD “Dentro Desse Mar”, de Danças Ocultas:

“As Viajantes” (com Felipe Ricardo), com Zélia Duncan

No CD “Poesia”, de Carlos Rennó:
“Pintura” (com João Bosco), com João Bosco
“Nova Trova” (com Zeca Baleiro), com Zeca Baleiro
“Canção Pra Ti” (com Moreno Veloso), com Moreno Veloso
“Todas Elas Juntas Num Só Ser” (com Lenine), com Ellen Oléria, Felipe Cordeiro, Junio Barreto, Leo Cavalcanti, Pedro Luis e Wilson Simoninha
“Nus” (com Arnaldo Antunes), com Arnaldo Antunes
“Suaí” (com Livio Tragtenberg), com Lívia Nestrovski
“Outros Sons” (com Arrigo Barnabé), com Tetê Espindôla, Arrigo Barnabé e Carlos Rennó
“Eu Disse Sim” (com José Miguel Wisnik), com José Miguel Wisnik
“Seta de Fogo” (com Chico César), com Chico César
“O Momento” (com Leo Cavalcanti), com Leo Cavalcanti
“Minha Preta” (com Geronimo Santana), com Geronimo Santana
“Só” (com Paulinho Moska), com Paulinho Moska
“Exaltação dos Inventores” (com Luiz Tatit), com Luiz Tatit
“Tá?” (com Pedro Luís), com Pedro Luís
“Hidrelétricas Nunca Mais” (com Felipe Cordeiro), com Felipe Cordeiro
“Átimo de Pó” (com Gilberto Gil), com Gilberto Gil

No álbum digital “Miscelânea” (no livro “Canções”, editora Perspectiva), de Carlos Rennó:
“Eu Vou Escrever Um Livro” (com Luiz Tatit), com Luiz Tatit
“Doce Loucura” (com Marcelo Geneci), com Marcelo Geneci
“Caterina” (com Gilberto Gil), com Cacá Machado e Gilberto Monte
“Luzia Luzia” (com Guito Argolo), com Jota Veloso e Guito Argolo
“Verônica” (com Marcelo Geneci), com Marcelo Geneci
“Todas Elas Juntas Num Só Ser -Número 3” (com Felipe Cordeiro), com Felipe Cordeiro
“Eu Pra Você, Você Pra Mim” (com Gerônimo Santana), com Gerônimo Santana e Edfran
“Com Você, Sem Você” (com Edu Krieger), com Edu Krieger
“Dói…Dói…” (com Zeca Baleiro), com Zeca Baleiro
“Star- Filled Night” (com Marcelo Tápia), com Marcelo Tápia e Daniel Tápia
“Solidão Cósmica” (com Mário Céve), com Mário Céve, Cecília Stanzione e Adriano Souza
“Para Onde Vamos?” (com Beto Villares e Dustan Gallas), com Beto Villares e Dustan Gallas
“Signs of Life on Mars” (com Antonio Pinto), com Antonio Pinto, Ensemble São Paulo, Tadeu Jungle e Fred Rahau Mauro
“Quede Água, Quede?” (com Chico César), com Chico César
“Vó” (com Vicente Barreto), com Vicente Barreto
“Idade Média Moderna” (com Pedro Luís), com Pedro Luís
“The Tragedy of América” (com Hique Gomez), com Hique Gomez

2019

No álbum “Entropia”, de Edu Aguiar:
“Força Que Vem Do Vento” (Com Edu Aguiar)

“Para Onde Vamos?” (com Beto Villares), com Antonio VillaresArnaldo AntunesArtemisa XakriabáBeto VillaresChico BrownClara ItoCéuDora MorelenbaumEdivan Fulni-ôFabiana CozzaLuzia BarrosMC SoffiaManu JulianMarcia KambebaMoreno VelosoNá OzzettiPaulinho MoskaPedro VillaresProjeto GuriRoberta SáTaciana BarrosThalma de FreitasTheo de Miranda JordãoTom KarabashianTom WisnikViola CorullonZeca Baleiro e Zélia Duncan.

2020

No álbum “Fabiana Cozza dos Santos”, de Fabiana Cozza:
“Oração a Ossain” (com Pedro Luís)

No álbum “Cenas De Um amor”, de Leila Pinheiro:
“Canções Que Mamãe Me Ensinou” (versão de “Als Die Alte Mutter”, de Dvorak e Adolf Heyduk), com Leila Pinheiro
“A Canção de Nana” (versão de Nanna´s Lied, de Hanss Eisler, Kurt Weill e Bertolt Brecht), com Leila Pinheiro
“É Assim Que Tu És ” (versão de “C’est Ainsi Que Tu Es”, de Poulenc e Paul Eluard), com Leila Pinheiro
“Uma Lenda do Reno” (versão de Rheinlegendchen, com Música de Gustav Mahler e letra de autor anônimo), com Leila Pinheiro

No álbum “Feito Pra Acabar”, de Marcelo Geneci:
“Rara” (com Marcelo Geneci), com Marcelo Geneci
“Doce Loucura” (com Marcelo Geneci), com Marcelo Geneci

Single “Ornitologia” (com Danilo Penteado), com Danilo Penteado e Paula Mirhan

2021

No álbum “Demarcação Já”, de Chico César:
“Blablablá” (com Criolo e Elza Soares)
“Do Guarani Ao Guaraná” (com Gilberto Gil)

**
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OBS.: Faltam dados das gravações de:

“Life”, gravada por Paula Lima, no Japão;
“Eu Só Me Ligo em Você” (versão de “I Get a Kick Out of You”, de Cole Porter), gravada por Elza Soares;
“Flecha” (com Otávio Fialho), gravada por Muricy Costa.

*

Canção pra Ti

Canção Pra Ti

de “AC”, de Ana Carolina

2013_Ana_Carolina_AC_1024

Por te querer de cara e coracão
Preciso te fazer uma canção

Que seja bela, que se possa amar
Como um golaço, um passe de Neymar
Como um passo do Grupo Corpo no ar
O cello de Jaques Morelenbaum
A rima e o ritmo de Mano Brown
Em cada frase, estrofe e no refrão
Será que eu sou capaz de tal canção?

Que tenha algo em excesso ou algo excelso
Como uma peça, um ato de Zé Celso
Como um poema de Augusto de Campos
Ou como um rock de Arnaldo Antunes
Que toque nos ipods e no iTunes
E tenha graça como o Zé Simão
Será que eu sou capaz de tal canção?

Que valha o investimento de neurônios
Como o cimento de Antônio Ermírio
Como um cenário de Helio Eichbauer
(De verso-power, como um pau ereto)
Um pensamento de Antônio Cícero
O dicionário de Antônio Houaiss
E acenda em ti o sol no coração
Será que eu sou capaz de tal canção?

Que revele um requinte em mots et son
Como um desfile de Gisele Bundchen
Como uma foto de Bob Wolfenson
Como o gênio de Rogério Duarte
Como um ensaio de Risério, Antônio
Mistura de mistério e clarão
Preciso te fazer essa canção

Que luza qual poema em raio laser
Como a ciência de Marcelo Gleiser
O axé de Mãe Carmen do Gantois
O fôlego e a yoga de Iyengar
E a palavra-chave de Kikuchi
Que um outro escute com muita atenção
Será que eu sou capaz de tal canção?

Que alegre e que comova no seu auge
Como o cinema de Pedro Almodóvar
Como a Tanztheater de Pina Bausch
Como a chegada da Estação Primeira
Como a saída do Ilê Ayê
E um querer que não acaba, não
Será que eu sou capaz de tal canção?

Na qual não haja nada fosco ou tosco
Como um artigo de Francisco Bosco
Como uma estampa de Alberto Pitta
Como uma atuação de João Miguel
E uma edição de Luiz Schwarcz
Do todo com as partes na relação
Será que eu sou capaz de tal canção?

Que seja foda, aguda, fina, chique
Como um livro de Zé Miguel Wisnik
E a moda na São Paulo Fashion Week
E fique no youtube e se remixe
E passe como tudo mas se fixe
Eu te quero tanto, com tanta paixão
Que é capaz de eu ser capaz de tal canção

OFICINA DE LETRAS E MÚSICAS

Oficina de composição de canções, da perspectiva de um letrista. Destina-se a compositores experientes ou iniciantes (incluindo os que são somente letristas ou que desejem criar letras). Cada participante apresenta canções de sua autoria para apreciação, avaliação, considerações e estímulos do ministrante, além de colocações de toda a turma (quem quiser, pode apresentar versões para o português de canções estrangeiras, por exemplo). O objetivo é abrir um espaço para que cada canção seja alvo de uma reflexão e discussão por parte do autor, dos demais participantes e do ministrante.

Eu Gosto do Meu Corpo

eu gosto do meu corpo
quando ele está com o seu
eu gosto do seu corpo
do que ele faz com o meu

é o que há de novo
e que se dá de novo

dia após dia
mês após mês
a cada dia
a cada vez
nunca é demais
sempre é demais

eu gosto do meu corpo
e gosto do seu corpo
eu sei do que ele gosta
e gosto do que ele faz

gosto disso, daquilo
daqui, dali
e de tudo mais
e de nada mais

eu gosto do seu corpo
e de fazer o que ele faz
eu gosto do seu corpo
e do prazer que ele me traz

O Momento


de “Despertador”, de Leo Cavalcanti

capa_DESPERTADOR

Tem um momento (que de todos é diverso)
Em que você se une ao todo, ao universo

O tempo então congela (feito lá no pólo)
Seu ego some, seu eu ergue-se do solo

E sai voando entre as estrelas na amplidão
Você se torna uma delas na explosão

Dentro de si você vê uma grande luz
Rompem-se todas as amarras e tabus

Você mergulha e chega à raiz da vida
Bebe na fonte do seu jorro sem medida

Enquanto escuta a doce música distante
Que toca fundo, ao fundo, infinda, nesse instante

A eternidade então num lapso encapsula
E a divisão entre você e o outro é nula

Esse estado não é nenhum sonho impossível
Algo irreal ou ideal, ou desse nível

Nem tá vedado à multidão de abandonados
E reservado só a alguns iluminados

Mas ao alcance de nós todos, qualquer um
De qualquer homem ou qualquer mulher comum

Você não chega lá por uma fé num deus
Cê chega lá porque então cê é um deus

Já cega por um raio de um clarão tremendo
A carne do seu ser põe-se a vibrar, tremendo

Esse é o momento, enfim, de sol e nebulosa
Em que você, meu caro, minha cara, …

– Go-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-za!… –

… goza

Ajoelha e Reza

E aí, ele disse pra mim
Como vai?
E aí, eu me disse taí
Minha chance
Respondi
Tudo bem e você onde vai?
Foi daí
Que saímos dali prum romance

E de repente na nossa história
De amor e de glória
Ele vem e me agarra,
eu me amarro
ele ajoelha e reza
E então me confessa

Que tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim

E assim, o que ele me faz
Pode ser
Pode sim, pode até parecer uma cena
Mas pra mim, é uma cena real
Radical!
Tão real, que parece igual no cinema

E nesse filme de amor e ventura
Verdade e mentira
um pornô com ternura
Ele vem e se atira,
eu morro
E depois me comovo
quando me diz de novo

Que tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim

E assim, o que ele me faz
Pode ser
Pode sim, pode até parecer uma cena
Mas pra mim, é uma cena real
Radical!
Tão real, que parece igual no cinema

E de repente na nossa história
De amor e de glória
Ele vem e me agarra,
eu me amarro
ele ajoelha e reza
E então me confessa

Que tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim
Tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim
Tá na maior paixão
e nunca esteve assim
Nem sente seus pés no chão
E até se realça por causa de mim

Tá na maior paixão

Carlos Rennó ganha show-tributo

Um show dia 21 de junho 2014 vai reunir 13 artistas cantando canções de Carlos Rennó: Tetê Espíndola, José Miguel Wisnik, Hermelino Neder, Beto Villares, Filipe Catto, Leo Cavalcanti, China, Livia Nestrovski, Tó Brandileone, Vinicius Calderoni, Daniel Belleza, Mã e Marcelo Tápia. Antes, haverá novo lançamento e seção de autógrafos do livro “O Voo das Palavras Cantadas” (editora Dash), lançado dia 11 de junho. O evento vai ac ontecer no Centro Cultural Rio Verde, na Vila Madalena, em São Paulo.

O Voo das Palavras Cantadas

livro_2014_O_Voo_das_Palavras_Cantadas

Reunião de textos sobre canção escritos da perspectiva de um letrista e jornalista: priorizando a poesia da música popular. Artigos publicados na imprensa (“Folha de S.Paulo”, “Bravo”, “Valor” e outros), em livros, portal, encartes de disco, programas de espetáculos, exposições. Inclui releases, letras, mesósticos, poema visual, pseudo-doublets, entrevistas. Dos anos 1980 até hoje.

Em foco, as obras de grandes compositores-letristas surgidos na primeira metade do século vinte (Orestes Barbosa, Noel, Lamartine, Caymmi; Gershwin, Porter, Berlin); nos anos 1960 (Caetano, Gil, Chico, Tom Zé, Dylan, Lennon etc.); as relações entre poesia literária e de canção; Vinicius; além de uma diversidade de criadores – de Itamar aos Racionais, Peninha a Aldo Brizzi.

Direção de criação: Lenora de Barros; arte: Renata Zincone. Introduções de Francisco Bosco, Marcelo Tápia, Zeca Baleiro, Péricles Cavalcanti e Luiz Chagas.

Preço: R$ 42