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“Instantáneas / Instantâneos” (Mesósticos para Haroldo)

Publicado na exposição “Ocupação Haroldo de Campos – H Láxia”, no Instituto Itaú Cultural e na Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, em São Paulo, de fevereiro a abril de 2011

a partir do poema “Instantáneas”, de Octavio Paz,
e sua tradução, “Instantâneos”, de Nelson Ascher


            Horas
           yA
        maduRas
       pájarOs
          deL 
            Del 
            Otoño
            
            De
       corriEnte
            
         eléCtrica
     sorpresA
            Memoria
          coPa
         alcOba
         paíSes
            
            Hueso
         melAncolia
         tueRca
            Oxidada
          veLa
            Dormido
           pOlea
            
       párpaDos
           dEl
            
            Convalesciente
       lluviA
            Mesa
            Pensamiento
     pasadizO
         ecoS
            
            Húmeda
         enjAmbre
            Reflejos
           sObre
            La
      confunDidos
           lO
            
      enlazaDo
            Entrevisto
            
       invenCiones
           lA
            Memoria
         desPedidas
            Ojo
encarnacioneS
            
            Horas
           mAduras
       pássaRos
           cOmetas
          taLo
            Da
        búziO
            
        abanDonado
           mEmória
            
           oCeano
    petrificAdo
          nôMades
            Paralisia
      desertO
        imenSidões
            
          olHos
           sAngue
         entRe
           hOrtelã
          coLinas
            De
           sOmbras
            
            Da
           dE
            
       melanColia
          umA
       coroaM
        mariPosas
           sObre
          fuSelagem
            
           cHuva
      ligeirA
         sobRe
         aurOra
        janeLa
            Da
           cOnvalescente
            
            Da
           fEsta
            
            Chuva
           cAveira
            Mesa
            Pensamento
           cOrredor
         ecoS
            
           cHama
        úmidA
            Reflexos
           sObre
          enLaçado
  entrevistaDo
        razãO
            
            Despedidas
   encarnaçõEs
            
            Chamadas

O homem, a fêmea

O homem, a fêmea, o gêmeo, o gérmen
O hímen, o sémen, o ímã, o clímax
O pênis, o ânus, a Vênus, o Adônis
A fênix, o cóccix, a fúcsia, as núpcias
A púbis, a cútis, a dupla, a cópula
A pele, a pétala, o látex, o ápice
A perna, o esperma, o pasmo, o espasmo
O órgão, a gosma, o orgasmo, o cosmos

Musas de canções-cantadas às centenas

Jorge Ben Jor fez “Domingas” e provavelmente “Domingaz” e “Maria Domingas” para a mulher homônima, sua esposa. E desfiou a mais longa série de canções com nomes de mulher já lançada por um compositor brasileiro, inspirado sabe-se lá em quantas e quais figuras reais ou inventadas: Tereza, Bebete, Denise Rei, Ive Brussel, Comanche, Berenice, Gertrudes, Maria Luiza, Katarina, Bizância, Irene, Ana Tropicana, Lorraine, Jesualda, Barbarella, Aparecida, Terezinha, Zula, Palomaris, Magnólia, Adelita, Norma Jean, Dorothy, Luciana, Lady Benedicta, Mis X e Mona Lisa, além de Xica da Silva (a lendária figura da história do Brasil) e Rita Jeep (Rita Lee, ao que tudo indica).

Chico Buarque, vice-campeão nacional em canções contendo nomes próprios femininos, cantou Rita, Madalena, Carolina, Januária, Joana, Ana de Amsterdan, Bárbara, Terezinha, Angélica, Iracema, Lola, Nancy, Renata Maria, Rosa, outra Rosa, Lia, Lily Braun e Beatriz – esta última, segundo se imagina, para a atriz Marieta Severo, com quem foi casado. Duas receberam nomes de filhas suas e de Marieta: Sílvia e Helena. Uma, o de sua avó Cecília. Outra, o de sua irmã Cristina.

Gilberto Gil compôs duas das suas mais importantes canções para as duas mulheres mais importantes de sua vida e as nomeou com os nomes delas: Flora e Drão (apelido daquela que deu título ainda a uma outra música sua, “Sandra”).

Mais autobiográfico, Caetano Veloso, que dedicou “Irene” a uma irmã, também homenageou as duas mulheres com quem se casou em “Branquinha”, apelido de Paula Lavigne, e “Este Amor”, para Dedé Gadelha (que também ganhou “Minha Mulher”). E presenteou três atrizes com quem namorou com “Vera Gata”, para Vera Zimmerman, “Capte-Me Camaleoa”, para Regina Casé, e “Trem das Cores”, para Sônia Braga.

Outro que cantou a mulher (Mila, sutilmente citada no verso “Me lava a alma”), depois de Anna Julia: Marcelo Camelo, em “Samba a Dois”. Lenine também, em “Anna e Eu”. E a namorada: Chico Science, em “Risoflora”.

Outro cultor de musas nomeadas, Tom Jobim criou belas palavras e sons para Ângela, Lígia, Luiza, Ana Luiza, Dindi, Tereza e Gabriela (contrabandeada de Jorge Amado). Duas beldades, Helena e Nelita, inspiraram ao seu parceiro Vinicius de Moraes “Garota de Ipanema” e “Minha Namorada”, respectivamente. O poeta também escreveu “Gilda” para sua última mulher, a jornalista Gilda Mattoso.

Scarlet Moon foi cantada pelo marido Lulu Santos, com a participação de Rita Lee, na canção homônima. Erasmo Carlos também encontrou motivos na esposa, Nara, para criar “Superstar”. O mesmo se deu com seu parceiro de fé e irmão-camarada Roberto Carlos, a quem não faltou estímulos para trovar seu amor “sem limite” por Maria Rita.

Mais uma que foi cantada pelo marido, Paulo Cesar Pinheiro: a cantora Clara Nunes, em “Mineira” e em “Guerreira”. Baby Consuelo, pelo amigo e companheiro de Novos Baianos Luiz Galvão, em “Preta Pretinha” (na qual o grande letrista também aludiu sutilmente a uma namorada sua de nome Socorro, em “Só, somente Só / Assim vou lhe chamar,/ Assim você vai ser”). A poetiza Ledusha, por Ronaldo Bastos. E a celebridade Tiazinha, por Vinny.

Madalena serviu de mote para duas canções, uma de Martinho da Vila, uma de Ivan Lins – que, com Vitor Martins, também encontrou estímulos em Dinorá.

Lupicínio Rodrigues, autor confesso de canções-verdade com base em experiências amorosas reais, fez “Iná” e “Maria Rosa” inspirado em dois casos chamados… Iná e Maria Rosa. A união com Cerenita também foi celebrada em “Exemplo”. O mesmo ocorreu com Cartola, que deu para a sua Zica, como presente de casamento, “Nós Dois”.

Ceci, a maior paixão de Noel Rosa, lhe rendeu canções até pouco antes de morrer, quando ele fez “Último Desejo”. E a escurinha Izabel, a maior de Geraldo Pereira, rendeu a ele… “Escurinha” e “Izabel”.

Dorival Caymmi é outro grande cantor de nomes femininos: Anália, Rosa, Rosas, Doralice, Dora (segundo a lenda, uma prostituta do Recife) e uma das mais célebres musas do cancioneiro brasileiro: Marina. Outra dessas, Amélia, de Ataulfo Alves e Mário Lago, foi de fato uma mulher de verdade: a lavadeira da cantora Aracy de Almeida. Mas não é muito provável que Rosa, de Pixinguinha e Otavio de Souza, tenha se baseado numa figura real.

Luiz Gonzaga: Rosinha, Ana, Xandu. Lamartine Babo: Joux Joux. Ari Barroso: Maria. Assis Valente: Maria Boa. João de Barro: Mimi, Laura, Chiquita Bacana. Wilson Batista: Emília. Herivelto Martins: Izaura, Odete. E Joubert de Carvalho: Maringá.

Jair Amorim: Conceição. E Adoniran Barbosa: Iracema.

Antonio Adolfo: Sá Marina.

Tim Maia e Carlos Imperial: Cristina. Walter Franco: Iara. E Sidney Magal: Sandra Rosa Madalena.

Cazuza: Beth Balanço. Fausto Fawcett: Kátia Flávia.

Todos deram suas cantadas.

Todos usaram a canção para dar grandes cantadas. Muitos, para dar grandes cartadas.

Atrás de um grande cantor-poeta-compositor há sempre o nome de uma musa? Ou na frente de um a imagem de uma?

Pseudodoublet 2

GILBERTOGIL / LUIZGONZAGA

GILBERTOGIL
GIL BERTOGIA
LIL BERTO GIA
LIL ZERTO GIA
LIL ZERTZ GIA
LIL ZERTZ AIA
LIL ZERTZAGA
LIL ZERNZAGA
LIL ZEONZAGA
LULZEONZAGA
LULZGONZAGA
LUIZGONZAGA

Pseudodoublet 1

LAMARTINE BABO / RITA LEE JONES

LAMA_TINE_BABO
LAMA_LINE_BABO
LAMA_LENE_BABO
LAMA_LENE_OABO
LAMA_LENE_OMBO
LAMA_LENEJOMBO
LAMA_LEN_JOMBO
LAMA_LEE_JOMBO
LAMA_LEE_JONBO
LAMA_LEE_JONBS
LAMA_LEE_JONES
LATA_LEE_JONES
RATA_LEE_JONES
R ITA_ LEE_JONES

Lista de Textos Selecionados

O poeta da canção Orestes Barbosa
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Mais!”), em 9/5/1993, sob o título “Orestes leva para canção os sinais do moderno”

Humor e invenção em Lamartine Babo
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 10/1/2004, sob o título “Hoje meio esquecido, Lalá precisa ser cantado de novo”

Yes, nós temos Braguinha!
Publicado na revista “JAM”, em março de 1997, sob o título “Braguinha, 90 anos na alma brasileira”

João de Barro, arte e vida longas
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 25/12/2006, sob o título “Compositor foi o mestre das marchinhas”

A originalidade de Caymmi explicada
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 30 de setembro de 2006, sob o título “Obra tenta explicar a originalidade de Caymmi”

Uma arte da sedução
Publicado no portal UOL, no site sobre Dorival Caymmi da série “Os Inventores da MPB”, em 2000

Caymmi, beleza e invenção
Publicado na revista “Bravo”, em fevereiro de 2001, sob o título “Um criador solitário”

Preguiça qualitativamente produtiva
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada Especial”), em 17/8/2008, sob o título “´Preguiça criadora´ gerou o mais original compositor brasileiro”

Lupicínio sempre!
Publicado na exposição “Lupicínio – O Poeta da Dor de Cotovelo”, no Sesc Vila Mariana, de São Paulo, em julho de 2005

A MPB encarnada num dos maiores artistas do país
(o mundo começou enfim a descobri-lo)
Publicado no livro“Música Popular Brasileira Hoje”, da coleção “Folha Explica” (Publifolha), sob o título “Caetano Veloso”, em 2002

Em sons e sentidos, Caetano não tem fim
Publicado na revista “L´Officiel Brasil”, em agosto de 2012, sob o título “Outras palavras”

Caetano, em forma e com estilo
Publicado no jornal “Valor”, em 3-4-5/8/2012, sob o título “Caetano Veloso em forma e com estilo”

Gil, canto e violão, composição e poesia
Publicado na “Revista do CD – Compact Disc”, em setembro de 1992, sob o título “O livro de Gil”

Mil em um Gil
Publicado no encarte da caixa de CDs “Ensaio Geral 66/77” (PolyGram), de 1998

As canções de Gil e a dança; a dança nas canções de Gil
Publicado na plaquete do espetáculo de dança “O Brasileiro Gil”, dirigido por Paulo Dourado e com direção geral de Cynthia Gonçalves, de 2008

Gil aos 70: rimando como sempre – e como nunca
Publicado no jornal “Valor”, em 26/6/2012

“Paixão pela compaixão”
(Mesósticos para Gil, o Compassivo)
Publicado no site da exposição “GIL70” (www.gil70.com.br, concepção e direção de André Vallias), de 2012

Um eterno tropicalista
Inédito; escrito em novembro de 2002 (sobre Rogério Duarte)

Homenagem a Rogério Duarte
Lido durante a cerimônia de entrega do título de cidadão paulistano ao artista, na Câmara Municipal de São Paulo, em 22 de outubro de 2003

Parque Industrial ou o Satyricon de Tom Zé
Publicado no encarte do CD “Tom Zé” (originalmente Rozemblit; relançamento Sony Music), de 2000

“Se o Caso É Chorar” / “Todos os Olhos”
Publicado no encarte do álbum duplo com os CDs homônimos (originalmente Continental; relançamento Warner Music), de 2000

“Estudando o Samba” / “Correio da Estação do Brás”
Publicado no encarte do álbum duplo com os CDs homônimos (originalmente Continental; relançamento Warner Music), de 2000

“Jogos de Armar – Faça Você Mesmo”
Release do CD homônimo (Trama), de 2000

Mais uma armação de Tom Zé
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Mais!”), em 18/3/2001, sob o título “As múltiplas faces do som”

“Imprensa Cantada 2003”
Release do CD homônimo (Trama), de 2003

A poesia de Chico e da Mangueira
Publicado na revista “Net”, em fevereiro de 1998

Bob Dylan Thomas
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 5/3/2008, sob o título “Músico devorou poemas de fôlego”

Joyce em John Lennon
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 5/10/1992, sob o título “Bob Dylan levou Lennon à letra-arte”

Márcio Borges traduz letras e poemas de Paul McCartney
Publicado no jornal “Valor”, em 11-12-13/5/2001, sob o título “O canto do pássaro preto”

Brant interpreta música de Milton
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Mais”), em 2/3/2003, sob o título “Lirismo e boas intenções”

Homenagem a Jorge Mautner
Lido durante a cerimônia de entrega do título de cidadão paulistano ao artista, na Câmara Municipal de São Paulo, em 8 de maio de 2003

Poesia literária e poesia de música: convergências
Publicado no livro “Literatura e Música” (Senac Editora / Itaú Cultural), de 2003

Novidade e construção em Vinicius
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 4/11/2006, sob o título “Modernidade da obra de Vinicius é foco de ensaio sobre o poeta”

Vinicius, música e poesia
Publicado na revista “Bravo”, em agosto de 2001, sob o título “O poeta da corte”

Ira: a transpiração inspirada
Publicado na “Revista do CD – Compact Disc”, em outubro de 1992, sob o título “Ira Gershwin – o poeta de um gênio”

Um senhor letrista
Publicado na “Folha de S.Paulo”(“Mais!”), em 1/12/1996, sob o título “A letra culta (e elegante) de Mr. Words”

O mais romântico dos modernos
Publicado na revista “Época”, em 28 de setembro de 1998

O requintado casamento de versos e melodias em Porter e em Gershwin
Publicado na revista “NET” sob o título “Mas George tinha Ira…”

Engenho e arte nas letras de um gênio
Publicado na “Folha de S.Paulo” em 12/4/1989, sob o título “Letras reúnem o clássico e o pop”

Isomorfismo poético-musical: dois casos especiais
Publicado no jornal “Valor” de 8-9-10/10/2004, sob o título “Afinidades gravadas no coração”

Simplicidade sofisticada
Publicado na revista “NET”

A independência estética do rock de Paulo Barnabé
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 27/9/1987, sob o título “O rock encontra a independência”

Radicais MCs
Publicado na revista “Época” em 10/8/1998, sob o título“Radicais MCs – contundentes na forma e na temática”

Crueza e coesão n´O Rappa
Publicado em “Cara Pintada – a revista da UBES”, de janeiro a março de 2003, sob o título“O som da verdade pura, nua e crua”

O açúcar do Brasil no aço de Brizzi
Publicado na revista “Bravo”, em fevereiro de 2003, sob o título “Entre o intelecto e os quadris”

Tatit, o pensador da canção
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 24/11/2007, sob o título “Coletânea reafirma Tatit como pensador original da canção popular”

“Sobre as Ondas”
Release do disco homônimo (Radical), de Péricles Cavalcanti, de 1995

“Samba Raro”
Release do disco homônimo (Trama), de Max de Castro, de 1999

“Peninha”
Release do CD homônimo (Continental), de Peninha, de 1999

“Coladinhos”
Release do CD homônimo (Continental), de Peninha, de 2001

“Petrobrás 3 – Devia Ser Proibido”
Publicado no encarte da “Caixa Preta” (SescSP), de Itamar Assumpção, de 2010, sobre o CD homônimo

“Calavera”
Release do CD homônimo (Trama), do Guizado, de 2010

Musas de canções-cantadas às centenas
Inédito

A Pauliceia em 25 canções
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Revista da Folha”), em 25/1/2004, sob o título “25 músicas inspiradoras”

Samba da garoa
Publicado no jornal “D.O. Leitura / Cultura”, em fevereiro de 1998

Música(s) de SP
Publicado na plaquete do evento “SP / Música”, do Centro Cultural Banco do Brasil, ocorrido de janeiro a fevereiro de 2004

As dez melhores músicas sertanejas
Para uma enquete da “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), publicada sob o título “Alegria do Jeca”, em 16/3/2009

Seis grandes vozes brasileiras
Para uma edição do programa de TV “Saia Justa” (do GNT), de 2004

A alegre e brejeira Baby do Brasil
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Mais”), em 22/12/1996, sob o título “Jovem, alegre e brejeira”

A figura “kitsch e forte” (Caetano) de Carmen Miranda
Publicado no “Jornal da Tarde” (“Divirta-se”), em 9/2/1994, sob o título “Carmen Miranda Dá Dá Dadá”

A fossa e a quase bossa de Nora Ney
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 30/10/2003, sob o título “Com adeus de Nora Ney, fossa dos anos 50 perde sua última dama”

50 anos de bossa-sempre-nova
Publicado na revista “Espresso”, em dezembro de 2007

A proezia de Haroldo de Campos
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 23/10/1984, sob o título “A proesia de Haroldo de Campos”

Os poemas-objetos de Augusto de Campos e Julio Plaza
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 13/3/1985, sob o título “O relançamento de uma rara parceria”
“Instantáneas / Instantâneos”
(Mesósticos para Haroldo)

Publicado na exposição “Ocupação Haroldo de Campos – H Láxia”, no Instituto Itaú Cultural e na Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, em São Paulo, de fevereiro a abril de 2011

Vocalização de Antunes coisifica sua poesia
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 26/9/1997, sob o título “Antunes une forma e som”

Oralização de Cicero define sua lírica
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Ilustrada”), em 3/10/1997, sob o título “Coleção estimula declamar Antonio Cicero”

“Mais Provençais”
Publicado na “Folha de S.Paulo” (“Mais!”), em 7/8/2005, na coluna “Biblioteca básica”

Ary Barroso
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Assis Valente
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Ataulfo Alves
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Cartola
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Dorival Caymmi
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Francisco Alves
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Geraldo Pereira
Escrito para a série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2002

João de Barro (Braguinha)
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Lamartine Babo
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Luiz Gonzaga
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Lupicínio Rodrigues
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Mário Reis
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Nelson Cavaquinho
Escrito com Paquito e publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Nelson Gonçalves
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Noel Rosa
Escrito com Paquito e publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Orestes Barbosa
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Orlando Silva
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Pixinguinha
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Sílvio Caldas
Publicado na série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2001

Wilson Batista
Escrito para a série de sites “Os Inventores da Música Brasileira”, no portal UOL, em 2002

A Barca (La Barca)


de “Contigo Aprendi”, de MPB4

2013_MPB4_Contigo_aprendi_1024

Dizem que na distância tudo passa;
Eu no entanto não sei por que razão,
Pois seguirei fazendo o que eu faço
Pelos caprichos do teu coração.

Só tu pra esclarecer meu pensamento,
Dizer toda a verdade que eu sonhei
E afugentar de mim o sofrimento,
Bem na primeira noite em que te amei.

Minha praia se veste de amargura,
Porque teu barco sai a navegar,
Pra cruzar outros mares de loucura;
Não deixa a tua vida naufragar.

E quando a luz do Sol for se apagando,
E cansares de por aí vagar,
Pensa que eu estarei te esperando,
Até que tu decidas regressar.

________________________________________________________

Dicen que la distancia es el olvido,
pero yo no concibo esa razón,
porque yo seguiré siendo el cautivo
de los caprichos de tu corazón.

Supiste esclarecer mis pensamientos,
me diste la verdad que yo soñé,
ahuyentaste de mi los sufrimientos
en la primera noche en que te amé.

Hoy mi playa se viste de amargura
porque tu barca tiene que partir
a cruzar otros mares de locura
cuida que no naufrague tu vivir.

Cuando la luz del Sol se esté apagando
y te sientas cansada de vagar,
piensa que yo por ti estaré esperando
hasta que tú decidas regresar.

Letra e música de Roberto Cantoral

Oferta de Coração

Recebe
Da minha mão o meu coraçãozinho,
Bota num prato e num copo de vinho,
E come, e bebe.
Mata a tua fome e a tua sede.

Devora tudo devagarinho,
De naco em naco, de trago em trago.
Meu bem, tu já me fez um estrago;
Será que tu não sente, não percebe?

Pois eu acho
Que tu até acha graça…
Então, come, bebe:
Eu te ofereço de graça!
(Pra tua glória ou desgraça…)

Não tento
Com esse tinto te deixar mais tonta; (*)
Se é por instinto que tu só apronta,
Pois então, pronto!
Já passa da conta e do ponto!

Experimenta enquanto tá quente;
Depois esfria, fica uma bosta…
Te dou de coração, de presente…
Não é de carne e vinho que tu gosta?

Então, pegue!
É todo seu, coração…
Vamos, linda, brinde, (**)
Tome o meu coração!
(E leve o resto de brinde…)

______ __________________________
Variantes:
(*) Com esse tinto te deixar mais tonto;
(**) Vamos, lindo, brinde

Quando Eu Fecho Os Olhos


de “Vambora Lá Dançar”, de Elba Ramalho
2013_Elba_Ramalho_Vambora_La_Dancar_1024

Aí você surgiu na minha frente,
E eu vi o espaço e o tempo em suspensão.
Senti no ar a força diferente
De um momento eterno desde então.

E aqui dentro de mim você demora;
Já tornou-se parte mesmo do meu ser.
E agora, em qualquer parte, a qualquer hora,
Quando eu fecho os olhos, vejo só você.

E cada um de nós é um a sós,
E uma só pessoa somos nós,
Unos num canto, numa voz.

O amor une os amantes em um ímã,
E num enigma claro se traduz;
Extremos se atraem, se aproximam
E se completam como sombra e luz.

E assim viemos, nos assimilando,
Nos assemelhando, a nos absorver.
E agora, não tem onde, não tem quando:
Quando eu fecho os olhos, vejo só você.

E cada um de nós é um a sós,
E uma só pessoa somos nós,
Unos num canto, numa voz.

OFICINA DE VERSÕES

Oficina de criação de versões – traduções de letras de canções escritas originalmente em outra língua, inglês principalmente – com aplicação de procedimentos da moderna tradução de poesia literária. Destina-se a compositores (incluindo os que são somente letristas), poetas ou simples interessados. Cada participante leva e/ou é levado a criar versões de sua autoria para apreciação e estímulos do ministrante.

O CASAMENTO DE LETRAS E MÚSICAS

Curso sobre as relações entre letras e músicas em canção popular. Ilumina a compreensão de uma série de canções de nosso tempo e do passado, da tradição e da modernidade, revelando aspectos internos normalmente não observados nelas. Dá uma visão dos fatores principais que influem no processo de composição. São analisadas canções de vários gêneros, autores e épocas: da velha guarda da MPB à atual; da canção americana clássica ao rock. O elenco de compositores é bastante livre e aberto, indo de Tom Jobim e Vinícius de Moraes a Arnaldo Antunes, de Cole Porter a Prince, passando por Bob Dylan, Caetano e Chico.

NOEL ROSA, O POETA DO SAMBA

Os pontos altos de uma das obras mais geniais e prolíficas (a despeito de sua pouca duração: cerca de 250 canções em sete anos) da história da música brasileira: a obra de Noel Rosa, um dos maiores poetas da nossa canção popular, criador de clássicos como: “Com Que Roupa”, “Um Gago Apaixonado”, “São Coisas Nossas”, “Feitio de Oração”, “Filosofia”, “Não Tem Tradução”, “Feitiço da Vila”, “Palpite Infeliz”, “Conversa de Botequim” e “Último Desejo”. O curso trata de como ele assimilou a música dos autores de morro para a criação de sambas urbanos de fatura particular, original. Do status artístico-literário das suas letras, da revolução que estas operaram no panorama poético de nossa canção popular; de suas invenções linguísticas; dos principais polos temáticos da sua obra (o lírico, o social, o satírico etc.).

A CANÇÃO BRASILEIRA COMO UMA MODALIDADE DE POESIA

Os pontos de contato entre poesia popular e poesia erudita no panorama da canção brasileira moderna, considerada como uma modalidade de poesia – poesia popular cantada. Os momentos em que a letra de música rompe fronteiras estilísticas e atinge o plano da letra-arte: poesia. Casos de influência literária sobre a canção do Brasil. Os grandes compositores-letristas brasileiros como trovadores contemporâneos e seu papel na cultura nacional e internacional de nosso tempo: de Noel Rosa a Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque, de Vinicius de Moraes a Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown.

A VERSÃO DE CANÇÃO COMO FORMA DE TRADUÇÃO DE POESIA (CANTADA)

A explicação de um processo de criação de versões de canções americanas clássicas para o português, empregado por Carlos Rennó no repertório dos discos “Canções, Versões – Cole Porter e George Gershwin” (com repertório dos dois compositores) e “Nego” (com repertório de Richard Rodgers e Lorenza Hart, Irving Berlin, Oscar Jammerstein, Harold Arlen e outros), que tiveram entre seus intérpretes nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Elza Soares, Gal Costa, Rita Lee, Cássia Eller, Zélia Duncan, Maria Rita e Seu Jorge. A versão esteticamente criteriosa de canções estrangeiras, com a aplicação de procedimentos modernos de tradução de poesia literária (segundo poetas como Ezra Pound e os concretistas brasileiros) no campo de canção popular. A importância de traduzir não apenas sentido, mas também os procedimentos estilísticos utilizados nas letras originais.

LETRA DE MÚSICA É POESIA (CANTADA)

A revelação de lances surpreendentes, normalmente não observados, em letras de algumas das mais belas canções já criadas. Tomada como uma modalidade de poesia (cantada), a letra de música rompe fronteiras estilísticas, se eleva e atinge o plano da letra-arte. Os pontos de contato entre poesia popular (de canção) e erudita (de livro) no panorama da canção moderna, brasileira e de língua inglesa. A presença e a importância dos elementos musicais na poesia propriamente dita – a literária. A produção dos trovadores (sobretudo os provençais), não à toa chamada de canções. Os grandes compositores-letristas nacionais e internacionais como trovadores contemporâneos e seu papel na cultura do país e do mundo em nosso tempo. Em pauta, canções de Caetano Veloso, Chico Buarque; de Noel Rosa e Orestes Barbosa a Vinicius de Moraes e a Arnaldo Antunes; de Cole Porter a Bob Dylan, John Lennon e Prince; além de poemas de Drummond, de concretistas, de Fernando Pessoa, de Edgar Allan Poe, de trovadores provençais.

POESIA ESCRITA E LETRA DE MÚSICA: CONVERGÊNCIAS

Curso sobre os momentos em que, rompendo fronteiras estilísticas, a letra de música se eleva e atinge o plano da letra-arte: poesia. A letra é tomada como uma modalidade de poesia (cantada). Casos de influência da literatura sobre a canção brasileira e a de língua inglesa (sobretudo a americana). Casos especiais de musicalização de poemas literários. A presença e a importância dos elementos musicais na poesia propriamente dita. A produção dos trovadores (provençais), não à toa chamada de canções. Os grandes compositores letristas (brasileiros e americanos) dos últimos cem anos.

AS CANÇÕES DE LUPICÍNIO RODRIGUES

Em foco, a obra de um dos maiores músicos-poetas da tradição da música popular brasileira, perpassando por canções antológicas do compositor gaúcho como “Vingança”, “Nervos de Aço”, “Volta”, “Loucura”, “Se Acaso Você Chegasse” e “Quem Há de Dizer”, entre outras. A iluminação da compreensão de aspectos inusitados dessas e outras peças atesta a grandeza da obra de Lupe, criador inconfundível de um estilo de canção nacional: a dor-de-cotovelo. A permanência da força desse trabalho se evidencia em releituras modernizadoras realizadas por nomes que vão de Caetano Veloso e Gal Costa a Arnaldo Antunes e Adriana Calcanhotto.

“Paixão pela compaixão” (Mesósticos para Gil, o Compassivo)

Publicado no site da exposição “GIL70” (www.gil70.com.br, concepção e direção de André Vallias), de 2012

Em maio de 2012, Gilberto Gil deu ao Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro, um daqueles depoimentos para a posteridade que os grandes nomes que fizeram e fazem a história da música brasileira vêm dando ao museu desde a sua fundação, nos anos 60. Ao lado de Jorge Mautner, Hermano Vianna e Marcelo Froes, eu participei do grupo de entrevistadores. Foi quando, entre muitas coisas, Gil falou sobre o que chamou de o seu tipo de paixão: a “paixão pela compaixão”.

Em sua homenagem eu imaginei compor essa série de mesósticos que seguem, trazendo os mais diversos exemplos desse sentimento em suas letras. Pílulas de compaixão colhidas ao longo de sua obra, dos tempos iniciais aos recentes, aqui reconstituídas livremente numa nova sequência e numa nova lógica poética, constituindo-se os oito mesósticos resultantes num mosaico músico-poético inspirado numa forma inventada pelo músicopoeta John Cage.

Com ela Cage homenageou alguns colegas compositores como Conlon Nancarrow, e com ela foi homenageado por Augusto de Campos, o mais músico de nossos poetas hoje, que assim definiu: “mesóstico, na prática de Cage, é um acróstico em vertial intermediária, no qual se inscreve um tema ou um nome recorrente, que é atravessado pelo texto”.


                                    meu amiGo
                                   meu heróI
                          meu amado, minha Luz
              descansa a tua mão cansada soBre a minha
                                       sobrE a minha mão
                                     no quaRto do meu coração
                                     no canTo
                                      esperO
                                          aGasalhar-te à
                                           I-
                                           Lusão

                                    meu amiGo, como dói
                              saber que a tI também corrói
                                a dor da soLidão
                                  eu sei a Barra de viver
                                   deus sabE a minha confissão
                                          dRão
                                           Tenho que me achar medonho
                  e apesar de um mal tamanhO
                                        aleGrar meu coração
                                  (se eu quIser
                                         faLar com deus)

                          ó, mundo tão desiGual
                             tudo é tão desIgual
                                     de um Lado este carnaval
                                          (Beleza)
                            do outro, a fomE total
                                (nossa desgRaça à luz)
           eu sei, você sabe, ele sim sabe Também
                            o que é sofrer O que é chorar
                     o que é precisar de alGuém
                            quem nunca precIsou
                                       de aL-

                                           Guém
                                          aInda está pra nascer
                                  uma estreLa no céu
                           eu sei e você saBe
                                 se não sabE, há de saber
                                      ajudaR aquela dor
                                    a enconTrar
                                           O seu
                                         luGar
                                      no meIo do chororô
                                         a Luz na escuridão

                                     e o laGo
                                     tranqüI-
                                           Lo da mente
                                     ao balBuciar sua oração
                                          mEu amado
                                          iRmão
            eu pensei em mim, eu pensei em Ti
                                      eu chOrei por nós
                               por todo sanGue derramado
                                      todo Irmão chicoteado
                                 todo animaL

                                     de sanGue quente
                        atacado a sangue frIo
                                      afinaL
                                       meu Bem
                                  há de havEr mais compaixão
                         não despedace o coRação
                                           Tenho pena de quem chora
                                 de quem chOra tenho dó
                                         loGo
                                          dIgo
                           o lume das estreLas te alumiará

                                    meu amiGo
                       eu cá me ponho a medItar
                                         peLa mania da compreensão
                            quem puder ser Bom que seja
                                        ondE você mora
                              mora o meu coRação
                  quando você chora, chora Tudo que é olho
                                 da minha sOlidão
                                         láGrima a correr
                                  pelo cantInho
                                       do oLhar

                       cada coisa em seu luGar
                               as flores caÍram no chão
                                   quando eLa chorava, eu dizia
                                          (Baixinho):
                                      “tá cErto, maria
                                  você tem Razão”
                               pessoa nefasTa, praga
                    que se arrasta tão baixO no chão
que tu, que a tua bruxa e a tua estranha saGa
                                – estou pedIndo a deus –
                              escapem pela Luz do coração